domingo, 31 de maio de 2009

GESTURBIX GRANITICUS - Parte VI

Ainda na feira de imobiliário de Palácios de Olissipo, Alfamix e Mourarix conversavam animadamente com um feirante-construtor, discutindo o valor de um projecto tipo “condominium luxus” que iriam cinzelar em Basaltix Simplexus.

Estrategix aguçou o faro e ouvido caninos, sempre atento a qualquer eventual conluio.

- Se projectardes neste palácio mais um piso que o do palácio ao lado, construído pelo meu concorrente da tenda aqui defronte, garanto-vos uns sestércios extra! – atirava o feirante em jeito de engodo, acenando com a cenoura…

- Estais louco, ou quê?! – dispara Mourarix. Não pode ser, a via não comporta mais pisos! Além disso, não há espaço para mais cavalariças para albergar tantas quadrigas, são precisas pelo menos duas por cada villa…

- Ainda por cima, e de acordo com o novo Édito do Governador que prevê a terraplanagem das VII colinas de Olissipo, agora também é necessário espaço para estacionar as birigas (NR – quadrigas de duas rodas), aquela nova invenção em que a besta puxa de cima… - acrescenta Alfamix.

- Não vos preocupais, cândidos arquitectos, eu dou-me muito bem com o Senador Fulanus de Talus, e ele já disse que me aprovava o projecto no Senado. É claro que vou ter de largar uns áureos para a próxima campanha, quando ele concorrer ao Senadus Maximus, em Bruxelius… - confessa o feirante.

- Não insistais, feirante, não infringiremos o nosso Código de Honra em troca de uns míseros sestércios, por Marcus Vitruvius! – indigna-se Alfamix.

- Não quereis fazer-me a vontade? Armai-vos em difíceis? Não falta quem se ofereça, ó ciosos arquitectos! - desdenha o feirante.

- Quereis levar um tabefe? – Mourarix já se ia passando…

E Estrategix também já rosnava, perante a acesa e acalorada troca de galhardetes, pressentindo um desenlace fatal.

A discussão agudiza-se, subindo de tom, com argumentos contraditórios de ambas as partes, tornando-se de tal forma enraizados que ainda hoje em dia se mantêm perfeitamente actuais…

Imbuído daquele espírito de amigo da onça que já lhe conhecemos, desconfiado desde sempre em relação quer a feirantes-construtores quer a quem lhe dava de comer, Estrategix salta de mandíbulas em riste, disposto a morder o primeiro que calhar.

Calhou Alfamix… O canídeo tê-lo-á porventura confundido com um pato-bravo, nunca se saberá…

- Malvado cão, mordeste a mão com que cinzelo, por Soutomouros! – lamenta-se Alfamix.

- E julgava eu que “canes timidi vehementius latrant” (Cão que ladra, não morde) – admira-se Mourarix. Anda, Alfamix, vamos tratar isso…

Na feira existia também uma tenda de physicos, preparada para prestar primeiros-socorros aos arquitectos olisiponenses, quando se agrediam mutuamente à pedrada na disputa por lápides para projectos, coisa que sucedia amiúde…

O physico de turno observa a mão de Alfamix, constatando:

- Nada de especial, não tendes direito a baixa por uma dentadinha de nada, amanhã já podeis cinzelar na Gesturbix Graniticus… Mas, por precaução, ides tomar esta poção contra a raiva, porque o cão não me parece de confiança! – e cinzela uns hieróglifos em gatafunhos indecifráveis.

- Mas porque me dais esta prescrição cinzelada nesta pedrinha de Pedra-Pomes, ó physico? Não haverá por aí outra poção, com receita esculpida em Gesturbix Graniticus? – sugere Alfamix.

- Quereis um genérico, miserável e poupadinho arquitecto, para aviar numa qualquer tendinha de poções? – desdenha o physico.

- Claro que sim, sempre tinha alguma comparticipação da ADSE… (NR – Associação de Defesa dos Serviçais e Escravos) - responde Alfamix. Ou tendes especial interesse em receitar em Pedra-Pomes?

- Na verdade, tenho aqui umas dúzias dessas pedras vulcânicas que me convinha impingir… - confessa o physico. É que se despachar dois alqueires disto, a grande fábrica multimperial de Pedra-Pomes Pfizerus oferece-me uma viagem a Pompeia, com estadia numa hospedaria de V louros, onde vai decorrer o grande Congresso dos Physicos, com visita incluída às suas instalações no Vesúvio… Já para não falar da excursão turística a Nápoles, e do cruzeiro a Capri, com orgia incluída…

- Estes physicos são loucos, por Bayerus! Que mordomias… - espanta-se Mourarix. Mas, sendo vós também escravo do mesmo Governador de Província que nós, como podeis exercer a vossa actividade às claras, com tenda montada e privada, dentro dos muros de Olissipo?

- Por Hipócrates! Porque a Ordem dos Physicos defende os nossos direitos, não é como a vossa, ó reles arquitectos! São XV sestércios, sem recibo…

“Inter caecos regnat strabo”… (Em terra de cegos, quem tem um olho é rei)

continua…

O NOVO PDM


São três da manhã e tenho a cabeça a fervilhar de ideias, dou voltas na cama e não tenho sossego, as almofadas no chão, os lençóis em volta da cabeça e estou atravessado na cama.
Levantei-me e ás escuras, fui direito ao computador, direito é como quem diz, tropecei no fio eléctrico do candeeiro e um desastre. Cai o candeeiro feito em mil bocados, no chão, com um estrondo, que devo ter acordado o prédio inteiro (Amanhã vou ouvir do administrador).
Esta ideia tem que chegar ao nosso Presidente!...Tem que chegar ao responsável pela alteração do PDM!... Quero lá saber do candeeiro! O melhor é começar a escrever antes que a ideia se apague!

Artigo único – Para acabar com a crise e contribuir para o desenvolvimento do país ficam revogados todos os artigos do antigo PDM publicado no D.R. 226 de 29 de Setembro de 1994, não existem limites para a construção em altura na cidade de Lisboa, a construção vai ser limitada pela capacidade financeira da entidade promotora do empreendimento. Não existem edifícios protegidos nem áreas de protecção. A responsabilidade da construção e de todos os projectos de especialidade é dos técnicos projectistas.

Meus senhores!
Hoje, dia da revolução na capital, vai nascer a nova cidade de Lisboa! Torres de 700 andares as mais altas do mundo!
A cidade vai ficar descongestionada, o tráfego fica dentro do empreendimento, apanha-se o elevador das oito horas e trinta minutos que passa no andar da habitação, piso 652 e apeia-se no centro comercial.
Toma o pequeno-almoço e bebe a bica ás oito e quarenta e cinco, arregala a vista pelas lojas de pronto-a-vestir, apanha o elevador panorâmico virado a sul, com vista para o Tejo e vai à igreja para as orações da manhã.
O escritório abre às nove horas e já estão clientes à porta.
À noite, depois do jantar, passa pelo bar de streep tease mesmo ao lado da igreja. Peca-se num lado e purifica-se a alma no outro.

Acabaram-se os engarrafamentos. As ruas vão ficar desertas, e destinam-se apenas para ligar os empreendimentos e esta ligação também pode ser aérea, acabou-se o stress e as constipações!

Na Câmara vão aumentar as taxas por metro quadrado de terreno. É sempre a ganhar!
Os cofres da Câmara vão ficar a abarrotar.

Impulsiona-se a economia. Estou a ver patos bravos de todo o mundo a investir na Capital Portuguesa que em breve será a Capital do Mundo, milhares de empregos primeiro nas obras depois dentro dos prédios a criar riqueza.
Qual Paris? Qual Dubai? Qual Singapura? Qual Nova Iorque?

LISBOA CAPITAL DO MUNDO

Deixamos de ter turistas a fotografar os coitadinhos que secam a roupa no estendal e as ruas miseráveis com bêbados nas tabernas a urinar pelos cantos.
Vão passar a fotografar os maiores arranha-céus do mundo mesmo no Centro de Alfama ou da Baixa Pombalina. Castelos para quê? A idade média já passou há muitos séculos! Viva o futuro!

Agora lembrei-me! Que não vai ser necessário a aprovação de projectos. A Câmara não precisa de arquitectos para aprovar projectos. Eu fico sem emprego! Sou mesmo idiota!

Abaixo! O Novo PDM !
Afinal querem-me mandar para o olho da rua!... bem para o centro do desemprego!
Abaixo o Novo PDM!

sábado, 30 de maio de 2009

Estar Desesperado...

A grande notícia, de hoje, era as acusações de desespero dos concorrentes às Europeias! O Vital disse que o PSD está desesperado e logo o candidato do PSD - o Rangel - veio dizer que quem está desesperado é o Vital.

Até parece que é pecado estar desesperado!

Ninguém, neste país, quer dizer que está desesperado! É incrível!

Tanto desempregado, tanta miséria, tanto subsidio de sobrevivência (Rendimento mínimo garantido)...mas ninguém diz que está desesperado!

É caso para dizer: "a esperança é a última coisa a morrer."

Há uns tempos atrás o saudoso "Deputado" também acusou o "Galego" (e este Blog) de estar desesperado. Que curioso. Será que está na moda acusar de desespero aqueles que não estão de acordo connosco?

Pois, meus caros visitantes...eu estou desesperado! Assumo esse grande pecado...estou desesperado!

E estou desesperado, não por este Blog, mas por experiências de vida que me foram impostas. Não gosto de falar da casos particulares, mas como estou desesperado, vou contar-vos uma das minhas experiências, que me levam ao desespero.

Em 2003, fui brutalmente atacado ao murro e pontapé por um vizinho. Sem qualquer razão evidente, o meu vizinho não ia com a minha cara, e decidiu partir-me a cara num dia à noite à porta da minha casa.

Eu, que sou católico, não podia vingar-me e pura e simplesmente atropelá-lo, ou dar-lhe um tiro, ou de forma mais simples, contratar um tipo para lhe partir a cara. A minha religião não me permite esse tipo de atitudes!

Por esse facto, sendo uma pessoa (parva) que tenta respeitar a Lei, recorri a um Advogado e coloquei um processo criminal em cima do indivíduo. Paguei ao Advogado as consultas e o início do processo.

O Advogado considerando que eu era uma pessoa respeitável pediu (sem me pedir opinião) 25.000 euros de indemnização.

Passado um ano e depois de várias peripécias como por exemplo a localização e identificação do atacante (que por mero acaso continuava calmamente a viver na casa ao lado da minha e a fugir à polícia evitando qualquer identificação ou notificação) o indivíduo lá foi julgado!

Foi julgado e considerado culpado!

Boa! Afinal há justiça neste país! O tipo foi condenado a pagar-me uma indemnização de 3.000 euros! O Juiz considerou que ficou provado que o sujeito me atacou sem qualquer motivo e me deu uns murros! Ainda há juizes com bom senso! Muito bem!

Passadas uma semanas desta euforia, ridícula, recebi em casa uma conta de custas judiciais. Não conseguia perceber! Afinal, como "eu" tinha pedido 25.000 euros de indemnização e o indivíduo só foi condenado a 3.000 euros, eu tinha que pagar a percentagem das custas respeitante a 22.000 euros e o dito cujo (condenado) a percentagem respeitante à condenação (3.000). Digam lá que não há justiça?

O indivíduo recorreu para a Relação e eu paguei, novamente, ao meu Advogado para estar presente. O indivíduo não apareceu e o Advogado dele também não. A Relação confirmou a sentença!

Passados uns meses e não tendo recebido nenhuma notícia (nem dinheiro) contactei o meu Advogado a perguntar o que se passava. O que me foi dito é que tendo em conta que o indivíduo não tinha cumprido a sentença a única coisa que nos restava era colocar um processo de cobrança judicial.

E eu, parvo, como sempre, em vez de mandar dar uma coça ao dito cujo, decidi avançar com o referido processo de cobrança judicial. Paguei as consultas ao Advogado e voltei a pagar (no multibanco) as custas da cobrança judicial.

Passados uns meses recebi uma carta onde novamente me pediam o pagamento de mais uns euros para despesas de fotocopias, telefonemas e diligências...porque se não o fizesse, o processo de cobrança judicial não prosseguiria!

E eu continuei a pagar!

E...assim estou...até hoje! Já gastei mais de 6.000 euros em despesas de Advogado, custas e tribunal e o imbecil que, um dia, decidiu bater-me, deve continuar na maior...tal como o nosso sistema de justiça "democrática".

Perante esta história (verdadeira), de seis anos, como querem que eu tenha esperança?

Nunca irei receber qualquer indemnização. Antes pelo contrário!

Quem não se encontraria desesperado, nesta situação?

Isto não é política nem funcionalismo público...podem comentar à vontade...ninguém vos vai incomodar por comentarem.

Não têm nada a dizer a um DESESPERADO, que foi...e continua a ser...enganado?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

CARTA ABERTA AO SR. PRESIDENTE

Amigo “O Arquitecto “ como o Sr. Presidente ainda não respondeu, até tem mais que fazer, coitado, tem a campanha e essas politiquices todas, eu vou meter uma cunha… ou melhor óleo na engrenagem para ver se pega…vou fazer um choradinho tipo fado vadio.

Sr. Presidente
Sou militante e o sócio nº 12358 do nosso Partido Socialista da Delegação da Baixa da Banheira. Fiquei muito satisfeito com a sua tomada de posse, estava na 1ª fila não fosse eu perder aquele acto tão solene, que até me vieram as lágrimas aos olhos (levava uma cebola descascada na algibeira).
Acompanhei V. Ex.ª na campanha, ergui a bandeira do nosso partido bem alto que até parti um candeeiro lá em casa. Passei noites inteiras a colar cartazes com a sua fotografia, até o leão do Marquês de Pombal levou com uma. Foi por isso que me enjoei de olhar para a sua cara.
Foi para me agradecer o trabalho na campanha que me veio cumprimentar ao meu local de trabalho. Claro para disfarçar cumprimentou os outros todos.
Mas francamente “o Arquitecto” e todos os arquitectos desta Câmara merecem uma resposta! Ele é seu amigo porque amigo do meu amigo meu amigo é.
Eu sei que ás vezes porto-me mal que depois de o cumprimentar até fui à casa de banho lavar as mãos com sabão e álcool não fosse V. Ex.ª ter uma doença esquisita ( foi para ninguém desconfiar).
Também sei que se esqueceu de me colocar como Director Municipal conforme tínhamos combinado! Eu até compreendo que teve pressões de pessoas muito importantes do nosso partido. Eu até desculpo isso!
O que não posso desculpar é a falta de resposta à carta fico indignado com esta falta de ética partidária, juro que até já colei os bocadinhos todos do cartão para saber o número .
A falta de resposta implica que aqui o Galego reuna todas os arquitectos que votaram em V. Exa , mais os que não votaram e os que nunca votarão, e vamos apoiar o Pedrinho que bebe tinto barca velha e partilha a pinga com os amigos.
Assina o Galego

(Como ainda não aprendi a fazer a assinatura electrónica vai assim! Prontos!)

PS: Se as coisas azedarem! Faço-lhe uma espera à porta de casa e encho-lhe o quintal com cães vadios cheios de pulgas.

A Minha Indignação (1)


Eu nasci, cresci e fui educado neste país. Com regras, leis e regulamentos. Acreditei no regime democrático e nas suas instituições.

Quando me senti injustiçado em termos profissionais, recorri às instituições do regime, em que acreditava, esperando obter uma resposta.

Tive receio...medo...coisa normal nos tempos que correm. Optei pela consulta prévia e informal a colegas na mesma situação. Constatei que todos sentiam a mesma injustiça e que todos, sem excepção, tinham os mesmos medos e receios.

Mesmo assim, mais de 25% de nós, tivemos a "coragem" ou atrevimento de, ultrapassar os medos e receios, e apresentar as nossas razões a quem tinha obrigação e dever de intervir – A Provedoria de Justiça.

Qual foi a resposta?

Após meia dúzia de telefonemas desconexos e inseguros – cheios de boa vontade, é certo – uma resposta formal inconsequente, irresponsável e fundamentalmente, imoral: "Vão bater a outra porta e se não vos derem esmola voltem cá!"

Quem vive dos meus impostos e tem obrigação de me responder e intervir, não o faz, e dá esta resposta.

Não julguem que enlouqueci! Estou perfeitamente consciente da inutilidade deste escrito. Mas, uma coisa vos asseguro...continue este regime "democrático" – e estas instituições - a caminhar por estes caminhos, e os nossos filhos e netos irão viver numa sociedade bem mais injusta e prepotente.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

GESTURBIX GRANITICUS – Parte V

A feira de imobiliário de Palácios de Olisipo não era apenas frequentada por arquitectos…

A ela acorriam também em grande número os escribas, em busca de pedras onde cinzelar os seus doutos escritos (mais tarde designados por pareceres jurídicos), que usavam em defesa ou crítica de palácios construídos com pisos a mais, conforme donde caíssem mais áureos…

E entretinham-se no Senado, atirando com as lápides uns aos outros…

Estavam Alfamix e Mourarix passeando pela feira, quando deram com um personagem embrulhado numa toga preta, que se deslocava em passo apressado…

- Grande Escriba Rosadus! Onde ides com tanta pressa e stress, com essa Pedra Sabão?

- Por Cerejius! Vade retro, arquitectus olisiponensis, espécie maldita!

- Mas que fazeis com uma pedra dessas, escriba? Não estais também obrigado a esculpir apenas em Gesturbix Graniticus, como todos nós em Olisipo? – inquire veladamente Alfamix.

- Claro que não! Não vos esqueçais que pertenço a uma classe diferente de vós, ó arquitectos!

- Mas não somos todos escravos do mesmo amo? – admira-se Mourarix.

- Como vos enganais, por Marcelius! Somos todos iguais, mas alguns de nós somos mais iguais do que outros… É que eu, sendo da classe dos escribas, posso cinzelar pareceres nas pedras que me apetecer, e levá-las a defender a minha causa no Senado, e ainda ganho mais uns áureos por isso…

- Quereis dizer sestércios…

- Não, áureos, por Amaralius! Julgais que me contentava com sestércios?

- Mas o grande Marinhus, líder da vossa classe, não afirmou pretender impedir a acumulação das funções de escriba com a actividade no senado? – insiste Alfamix.

- Ah! Isso queria ele, mas vamos impedi-lo, com a ajuda da Grande Mouraguedus, deusa do púlpito da oratória à martelada…

- E não achais injusto para outras classes tal tratamento de excepção, escriba? Sempre ouvi dizer que “patere legem, quam ipse tulisti” (Quem faz a lei, deve observá-la) – desabafa Alfamix.

- Claro que não, “exceptio firmat regulam” (A excepção confirma a regra)! Nós, os escribas, somos a excepção, porque nós é que fazemos as regras! O comando é meu…

- Mas a Pedra Sabão não é pouco digna para o Senado? – desdenha Mourarix, tentando brandir um último contraditório.

- De forma alguma! É a pedra ideal… Esboroa-se facilmente, permitindo cinzelar um parecer com um sentido totalmente diferente do que lá estava esculpido anteriormente, sempre à medida da encomenda… - responde o escriba.

Perante a catadupa de argumentos e dotes oratórios do escriba, Alfamix e Mourarix calaram-se, vencidos mas não convencidos…

Vitorioso, o escriba seguiu em direcção ao Senado, abrindo caminho por entre a plebe com a Pedra Sabão em riste, na qual ponderava já cinzelar um qualquer édito aplicável a todos os utilizadores de Gesturbix Graniticus (menos a ele próprio…), sacudindo a toga, eliminando com desdém os resquícios de eventuais contactos com uma casta inferior.

continua…

quarta-feira, 27 de maio de 2009

APARELHO TIPO SMILE

Informam-se todos os visitantes deste Blog que a partir do próximo mês de Julho vai passar a ser obrigatório o uso de aparelhos tipo “smile”.
Nas repartições públicas os aparelhos vão ficar colocados junto ao relógio de ponto, nas entradas, conforme demonstra a imagem.


Para mudar a imagem da Câmara vai ser emitido um despacho de uso obrigatório por todos os funcionários.
Devido à falência técnica da Câmara, estes aparelhos, vão ter que ser adquiridos nas empresas de especialidade. Nomeadamente nas farmácias de serviço e ainda nos Serviços Sociais da Câmara pelo preço fixo de 4€.

Existe um modelo numa loja na Av. 5 de Outubro “ Plásticos Sado” em material transparente, embora seja mais barato, ainda não está homologado. Pelo que não aconselhamos a sua aquisição.

-Não se riam que isto não tem graça nenhuma!

Temos conhecimento que estes aparelhos contam para a nota do SIADAP valorizando-a até ao máximo de um ponto por sorrisos com mais de 20 cm.
- Ainda bem que não temos que concorrer com a Manuela Moura Guedes da TVI se trabalhasse na Câmara ganhava dois pontos!

Os primeiros serviços, onde vão ser implementados os aparelhos tipo “smile” é na DARPAL e nos atendimentos técnicos do 3º andar.
Espero que os colegas colaborem e não boicotem esta acção para mudar a imagem desta Câmara.

Eu juro! Estou a fazer gestos com a boca para encaixar o dito aparelho!
Estou tramado! A minha boca só mede 9 cm!

Mr. Magoo também passou por aqui...

Vejam só do que Mr. Magoo é capaz.

Só pode ter sido ele a colocar estes nomes nestes serviços da CML.

Estes Serviços Camarários têm cada nome...

Solicito que alguém me explique o que se faz nestes Serviços com nomes tão estranhos:

Departamento de Morotorização e ...

Div. de Monotorização Urbana.

Terá algo a ver com Monotonia, ou será que se enganaram a escrever, e terá a ver com Motorização? Estarei enganado? Ajudem-me a perceber...

Ps: A quem foi tão pronto a corrigir as minhas dificuldades na escrita eu só tenho que agradecer.

Muito obrigado!

O titulo foi lapso o outro ainda tenho dúvidas. Portanto, só tenho que agradecer!

Nós gostamos de pessoas assim! Atentas ao português correcto, ou será, correto?

Arrisco um convite...porque não quer participar neste Blog com textos originais, inovadores, criativos e escritos em português sem erros?

Esreva-me para o e-mail! É bem-vindo(a)! Escrevi bem ou é sem hifém?

Só uma última questão:

Porque não me explicou o que se faz naqueles serviços com um nome tão estranho?

Quem tem tanto cuidado com a língua, sabe, concerteza, o que aqueles nomes estranhos significam.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O ACÇÃO DE FORMAÇÃO DO NOVO RJUE

Finalmente lá fui premiado com uma acção de formação do RJUE!
Mais atrasada que o JA é esta acção de formação. Se as alterações são da Lei 60/2007 de 4 de Setembro e só em Maio de 2009 é que sou contemplado! Será que tenho desculpa das asneiras que fiz neste intervalo de tempo? Claro!…até podia ser pior.
Tenho colegas que dizem que o que foi dado hoje numa manhã foi dado no ano passado numa semana.

A sessão, decorreu numa das mini salas do S. Jorge, começou com mais de ½ hora de atraso devido ao trânsito que prendeu o dono do CEFA e lá foi dizendo por outras palavras… “isto agora vai ser uma Fundação e claro, vou ser o Presidente…e que esta formação vai dar para ajudar nos custos da Fundação… "
Disse também que "estava muito cansado" e lá se sentou porque era autarca e queria aprender.
Olá! então é autarca e depois é o dono do CEFA ?
Olhe que o seu amigo presidente da Câmara de Lisboa, e o Mr. Magoo não gostam dessas coisas de acumulação de funções, ainda leva um processo!
Quem será que na Câmara, deve tantos favores a este senhor para lhe encomendar um curso destes?

Pediram desculpa por o caderninho, com duas folhas, ter ido parar à morada errada, aos Serviços Sociais… enfim, coisas da organização e que vão enviar para os chefes em suporte digital a Acção de Formação (esperemos que chegue este ano) .


Depois falou uma Dr.ª com a voz muito doce, lá foi debitando a matéria duma lição bem estudada, interrompida pelos toques dos telemóveis dos eternos distraídos, uma sinfonia... até que uma frase me fez soar a campainha que tenho no cérebro.
Foi aprovada, há 10 dias, a tal lei que revoga a Dec. Lei 73/73 e que a arquitectura vai ser só dos arquitectos.
Cá está! A resposta áquilo que eu procurava! Eu sabia! Vai ser hoje o dia da celebração! E comecei a pensar, onde irá ser?

E depois do intervalo veio mais um doutor bem entendido na matéria com uma voz monocórdica, entrou na Auto Estrada do conhecimento e acelerou. Eu quando não conduzo, adormeço sempre, olhei para a parceira do lado que com ar angélico já estava de olhos fechados e resolvi entar no sonho dela ..

Uma estrondosa salva de palmas acabou com a sessão e ninguém teve dúvidas, o que a malta queria era celebrar a tal revogação do Dec. Lei 73/73.

Fui à Ribadouro, que é ali ao lado, apalpei a carteira, ordenadinho fresco e o fim do mês ainda está longe:
- Por favor quero um creme de marisco, duas sapateiras e uma garrafa de vinho verde “Lagosta” ...

Depois do almoço foi mais divertido. O Sr. Engenheiro diz que o Gesturbe, já era, e que agora vamos levar com o Portal Autárquico que é uma coisa muito boa - "fui eu que inventei" - para nos relacionar-mos todos com o Estado e termos muitos filhos.

Moral da história: Isto agora vai ser tudo informatizado, acabou-se o papel, por causa do SIMPLEX e poupar o abate de muitas árvores e ficarmos todos muito felizes para sempre.

Mr. Magoo passou por aqui.

Só pode ter sido isso. Mr. Magoo passou por aqui! Se não foi ele foi outro que tal.

O nosso Presidente já afirmou várias vezes que este período de governo da edilidade ia servir essencialmente para "arrumar a casa"! E, cá para mim, mandou Mr. Magoo arrumar esta parte da Câmara que trata das questões do Urbanismo.

Só assim se explica que o Lumiar, por exemplo, faça parte da Zona Sul de Lisboa, para questões de licenciamento, porque se fôr para questões de Fiscalização, o Lumiar já faz parte da zona Oriental de Lisboa.

Só pode ter sido um Mr. Magoo a arrumar isto... desta forma!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Propósito do Terreiro do Paço

O Terreiro do Paço de outros tempos...

DECISÕES...


Eu tinha decidido que não iria falar mais deste assunto, porque não é importante e não tem qualquer significado.

Contudo, vejo-me obrigado a fazê-lo para que não existam interpretações erradas por parte de quem visita este Blog assiduamente.

Estou-me a referir ao "caso" do Colaborador "Deputado" ter decidido deixar de ser colaborador.
"O Deputado" decidiu deixar de ser colaborador deste Blog. Tudo bem. Está no seu direito.
"O Deputado", como colaborador, sempre escreveu o que quis quando quis, como todos os outros colaboradores. Decidiu saír, e tudo bem na mesma (ele nem sequer pediu indemnização), ninguém escreve para este Blog por obrigação.

A "Abelha Mestra" há algum tempo que não escreve...e qual é o mal? Quando o quiser fazer ou puder, pode fazê-lo. A "Morgana" ainda não escreveu...e qual é o mal? Quando o quiser fazer ou puder, pode fazê-lo.

Agora, o que eu não considero muito correcto, e penso que foi uma decisão impensada (e de certeza não foi por mal, pois ele até é meu amigo), é o facto de "O Deputado" ter apagado todos os seus textos do Blog, deixando somente o último em que afirma que deixa de ser colaborador. E acho mal, somente pelo facto de poder levar os visitantes a pensar que foi a Redacção do Blog a apagá-los.

Quero aqui deixar bem claro que o "Deputado" tem todo o direito de deixar de ser colaborador e de apagar os seus textos, mas, salvo melhor opinião, deveria ter deixado claro que tinha sido ele a fazê-lo.

E agora, sim, não vou falar mais disto.
Sr. Arquitecto

Após o veredicto publicado, do qual o sr. votou contra, não me parece que continue a ter condições a colaborar neste seu blog.

Muito obrigado

domingo, 24 de maio de 2009

Terreiro do Paço

Um e-mail chegou-me com a nova proposta para o Terreiro do Paço.


Afinal o Ministro Mário Lino enganou-se, o deserto não é na margem sul é na margem norte do Tejo, bem no coração da cidade, no Terreiro do Paço. Tal como é apresentado parece um deserto!

Não dei conta da discussão pública, senão teria sugerido umas árvores de pequeno porte, para dar sombra.


Não vai ser o filho da minha mãe que se vai por a atravessar o Terreiro do Paço em dia de sol, já não falo no verão, porque aí vai ser impossível. É que alguns anos atrás, colocaram uma exposição, bem no centro, junto à estátua e as lajes reflectiam uma luminosidade tal e um calor que tive que voltar para trás. Espero que tenham algum cuidado com o pavimento.

O Vereador Sá Fernandes, não estará interessado em criar uns canteiros e umas árvores para suavizar? Ainda sou do tempo de ver o Terreiro do Paço com árvores. Vou tentar vender esta ideia. Pode ser que alguém compre.


Passei por lá quando estavam a filmar uma cena da morte do Rei D. Carlos e espantoso, lá estavam umas quantas árvores fingidas num dos cantos.

Acompanhava o e-mail o seguinte texto:


Os carros vão «desaparecer» do Terreiro do Paço. O novo projecto de requalificação vai reduzir a circulação automóvel que actualmente é de 40 por cento, mas vai passar a ser de 11 por cento, segundo o projecto apresentado esta sexta-feira pelo arquitecto responsável.

«Quarenta por cento da área da praça é destinada à circulação automóvel. O objectivo é reduzir drasticamente esta opção», assumiu, à agência Lusa, o arquitecto Bruno Soares, referindo que o tráfego não deverá tomar mais do que 11 por cento do espaço.
Esta concepção de mobilidade no Terreiro do Paço vai ao encontro do plano elaborado pela autarquia lisboeta e que foi recentemente submetido a discussão pública.

A placa central do Terreiro do Paço será alargada, as vias laterais serão interditas ao trânsito, os passeios junto às arcadas alargados e o pavimento assumirá um tom amarelado.

O trânsito frente ao rio far-se-á apenas com uma faixa de rodagem e na rua paralela ao arco da Rua Augusta será reservado a transportes públicos, mantendo-se as paragens de eléctrico existentes.



O Deputado não entende, mas...eu vou explicar.


O Sr. "Deputado" escreveu neste Blog um Post intitulado "Não entendo..." no dia 22.05.2009

Devido ao seu conteúdo, e à pertinência das afirmações, decidi reunir o Conselho de Redacção do Blog, de forma a ser tomada uma posição sobre as questões colocadas.

O Conselho reuniu e decidiu publicar (com o meu voto contra) a seguinte Nota de Redacção:

1º É aconselhado, a todos os colaboradores do Blog, que os seus posts sejam a emissão de opiniões pessoais, criativas e imaginativas, reservando as respostas a posts de outros colaboradores, para os comentários.

2º Este Blog não esteve, não está, e esperamos que não venha a estar, desesperado! Temos objectivos claros e eles estão a ser alcançados...com dificuldade...é certo...mas estão a ser alcançados.

3º Este Blog nunca foi deferente em relação a ninguém. Não foi e não será! A nossa deferência só existe em relação a valores e princípios nunca em relação a pessoas.

4º Este Blog, não se afastou, e não se afasta, do propósito da sua criação! Queremos criar um espaço de opinião livre e sem medos! E isso está a ser conseguido.

5º Nós não somos um grupo de pessoas que tenta "diplomaticamente" obter respostas! Esse nunca foi um objectivo deste Blog! Eu, "O Arquitecto", nunca fui, não sou, nem nunca serei uma pessoa diplomática! O "Deputado" conhece-me e sabe que isto é verdade.

A Diplomacia, a educação, o respeito, a dignidade, a responsabilidade, estão a outro nível.

Estão ao nível da carta que escrevi ao Sr. Provedor de Justiça e ao Sr. Presidente desta Câmara em nome de 30% dos Arquitectos desta Câmara (com o meu nome do BI) há cerca de 90 dias e até agora não obtive resposta a não ser uma "caricata" tentativa de "ataque" ou "ameaça" pessoal ao nível do Mr. Magoo do "Galego". Não sei se sabe, mas até agora ainda não responderam às questões que coloquei em relação à "ameaça" ou "aviso" de que fui alvo. Nem a acusação da recepção da carta tiveram coragem ou delicadeza de fazer.

Tudo isto é ridículo demais para levar a sério!

Sr. "Deputado", não nos fale de puberdade mal vivida...fale-nos antes, de verdade e coerência de vida.

6º Por último, o Conselho de Redacção, decidiu afirmar que não tem qualquer intuito de destabilização da instituição Ordem dos Arquitectos, da CML, ou outra qualquer! As únicas pessoas que têm feito questão em destabilizar estas Entidades são as suas classes dirigentes que não sabem, não têm competência nem valores para as saberem gerir. E disto, nós não temos culpa! (Pelo menos na totalidade).

Sr. "Deputado", como sabe, é livre de emitir opinião tal como todos os outros colaboradores. Tal como os outros tem o direito legitimo de concordar, discordar ou rebater ideias.

Este Blog não tem "pensamento único"! É, e será um Blog livre e sem medos!

Senhores(as) colaboradores(as) o Conselho de Redacção recomenda que a partir desta data as criticas, opiniões e apoios, a posts colocados por outros, sejam colocados nos comentários.

O Conselho de Redacção

Após este comunicado gostaria somente de lhe lembrar aquilo que escrevi aqui no dia 25 de Abril:

"Os cinzentos eram inteligentes e sabiam como manter o equilíbrio social no deserto. À conta das esmolas e benesses iam criando, sistematicamente, divisões e invejas entre os seres do deserto de forma a que estes nunca se organizassem e tomassem consciência da situação degradante em que viviam."

Meu caro "Deputado" é preciso que centremos a nossa atenção e energia naquilo que nos une e não naquilo que nos separa.

O FISCAL

Ser fiscal é uma das profissões mais diversificadas e ambíguas que existem na Câmara. Antigamente havia os de receitas, os de obras, os dos mercados, e os fiscais gerais, pau para toda a obra.
Ainda hoje, mete respeito em algumas áreas, quando alguém se apresenta…
– Eu sou fiscal da Câmara!
Antigamente o fiscal tinha um cartão que em vez de dizer Câmara Municipal de Lisboa dizia Ministério da Administração Interna (As Câmaras estavam sobre a alçada daquele Ministério) e tinha duas listas obliquas na parte superior esquerda, uma vermelha outra verde, tipo bandeira Nacional.
O Fiscal exibia esse cartão e todos lhe guardavam respeito.
Hoje em dia, já nem a polícia, armada até aos dentes, é respeitada!

Trago-vos uma pequena história verdadeira dum amigo que foi fiscal nesta Câmara e que por ter alguma graça quero agora contar:
Este meu amigo era fiscal geral, ia aos locais e fazia informações do que observava e submetia a despacho do seu chefe hierárquico.
Estes relatórios escritos na sua caligrafia de letra inglesa, que aprendeu a fazer no curso comercial, toda muito certa e muito bem desenhada.
Depois de pronta a informação, para se armar em pessoa importante e culta pegava no seu dicionário “ Torrinha” e sem que ninguém se apercebesse do truque, lá se punha a substituir as palavras por sinónimos de forma a impressionar o Chefe! E os colegas!

“ Na propriedade encontra-se um monte de lixo… “ ele complicava a sua informação “ Na pertença legítima encontra-se um acervo de escória…”
e um burro preso a um freixo através de uma rédea… e um mamífero solípede preso a uma oleaginácea através de uma habena….

- Mas que bonito! Impressionante! Isto sim! Soa bem!
E repetia a frase em voz alta para mostrar a ênfase e apreciar o impacto que causava.
Para alguns, ele era o maior, escrevia coisas que eles não conseguiam nem escrever nem entender e ficavam de boca aberta!
Os mais velhos desconfiavam das suas artimanhas e perguntavam-lhe.
- Como é que escreves essas coisas tão inteligentes? Tu a falar, não empregas esses termos tão eruditos?

Quem não gostava nada desta brincadeira era o chefe, que para o entender teve de comprar um dicionário, também do “Torrinha” e passar ele a desmontar a armadilha das informações.
Os colegas não quiseram ficar atrás e começavam a imita-lo e desataram a fazer informações arrevesadas muito eruditas que punham os cabelos em pé ao chefe.
O serviço deixou de funcionar, pediu ajuda ao Chefe de Divisão que o aconselhou a acabar com verborreia intelectual que acerbava nas informações

A questão só ficou resolvida quando o chefe, depois de ter batido com a cabeça nas paredes, concluiu qual a causa do mau funcionamento dos serviços e decidiu:
Retirar o meu amigo da fiscalização e pô-lo de castigo no gabinete a supervisionar as informações dos colegas, dada a sua vocação. E lá voltou tudo à normalidade.
A grande chatice é que acabaram as visitas ao campo que tanta satisfação lhe dava e resolveu pedir a demissão. Foi para a sua terra natal.

Hoje o nosso fiscal é presidente da Junta de Freguesia de uma aldeia perto de Lisboa.
Numa visita recente que fiz, a seu convite, para a criação de um equipamento comunitário, recordamos com saudade aquele tempo.
E desabafou!
-Hoje tenho que chegar à população tenho que dizer coisas que as pessoas entendam e prefiro o saber popular.
Tive oportunidade de constatar que a população o respeita e trata com carinho e que se sente muito feliz naquele cargo, ajudando a população.
Depois da conclusão da obra de arquitectura do tal equipamento, ofereceu-me o livro do António Aleixo do qual tirei ao acaso estas quadras que se ajustam à sua história.




Os novos que se envaidecem
P’lo muito que querem ser
São frutos bons que apodrecem
Mal começam a nascer

Engraxadores sem caixa
Há aos centos na cidade,
que só usam da tal graxa
que envenena a sociedade

Mas que inteligência rara!
E julgas-te uma competência!
Nem sei como tu tens cara
P’ra ter tanta inteligência!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

MR. MAGOO



Mr. Magoo é bom companheiro!
Ele apresenta-se nos elevadores.
- Bom dia, eu sou Magoo e a menina como se chama?... Onde trabalha?... E o Senhor?
Ele tem o vício de entrar nas salas e mexer nos papéis…quer saber tudo…
Isto é um protocolo? Que está a escrever?
- Onde estão os funcionários que trabalham nestas secretárias?
- Estão de férias?
- E o Serviço funciona na mesma?
- Então não fazem cá falta. Podem ser despedidos!
Isto é que é uma cabecinha pensadora! Sempre a fazer contas, poupa no pessoal e nos cofres!
Muito esperto o Mr. Magoo!
Ele diz coisas que nem ele entende, mas mesmo assim, eu gosto do Mr. Magoo.
-Tanta gente junta! Não podem estar a trabalhar. O que estão a fazer?
Sem ninguém dar conta, espreita o ecrã dos computadores.
É curioso o Mr. Magoo!
E depois de se certificar que afinal é um curso de formação, desabafa:
-Pensei que estivessem a jogar às cartas… às paciências…ou pior, a ver coisas ordinárias na internet!
Mr. Magoo é muito desconfiado!
Persegue os funcionários pela rua fora
-O Sr. é funcionário? passou cartão, e vai sair outra vez?
-Vou fazer uma vistoria.
Mas não vai no carro da Câmara?
-Não há carro…tenho de levar o meu. Sabe Mr. Magoo não tive lugar no parque e se o deixar cá fora, rebocam-mo.
Diz-se por aí que vai controlar as idas às casas de banho dos funcionários…talvez vá instalar câmaras de filmar!


Mr. Magoo trabalha demais! Ele até mentiu para os jornais, diz que levantou 270 processos disciplinares a ovelhas tresmalhadas desta Câmara!
Eu não conheço ninguém que tenha levado um processo.
Deve ter contabilizado os carros que estavam na garagem e desapareceram. Por falta de pagamento do Leasing!
E cada um deve ter levado um processo.
È mesmo distraído Mr. Magoo!
Mr. Magoo tem que mostrar serviço! Tem que atingir os objectivos!
Mr. Magoo é reformado de um banco. Será do BPN ou do BPP?
É uma pessoa esforçada! Lá isso é! Tudo por amor à Cidade.
Coitado do Mr. Magoo, é um troca-tintas!
Mr. Magoo, tem uma doença na vista, não enxerga bem!
Está a meter as mãos nos bolsos dos funcionários e rouba-lhes dinheiro com artimanha. Enganou-se nos níveis para atribuição dos ordenados! E inventou níveis que não vêem no Decreto-lei.
Agora chama-lhe Engenharia Financeira.

Eu quando o vi pensei que andava perdido. Mas não, ele nunca se perde. Ele controla todos os funcionários e inventou aquela maquineta dos cartões que só abrem as salas de trabalho de cada um.
Mr. Magoo apregoa aos sete ventos que é o dono do Bar.
-Estes malandros vão comer lá fora, na concorrência? Não pode ser!
Mr. Magoo não gosta de ser enganado!
Isto é demais para um homem daquela idade!
É maquiavélico o Mr. Magoo!
Francamente, Mr. Magoo! Eu ando desconfiado, muito desconfiado com esta figurinha?
-Será que usa ceroulas?
-Será que dorme com óculos?
-Será que dorme com um carapuço?
-Será que dorme com as meias e os sapatos calçados, para não perder tempo?
Oh! Mr. Magoo diga-me cá: Não será acumulação de funções, ter dois pelouros, ter a reforma e ter um bar?
Cá para mim o Mr. Magoo anda a mijar fora do penico
OH! Mr. Magoo! Quer ter lucros? … Quer aumentar a freguesia? Eu vou dar-lhe uma dica:
Tem que por lá umas gajas de mini-saia e decote até ao umbigo.
A partir daí a malta está lá toda caidinha.

Será que Mr. Magoo não tem mais nada com que se preocupar?
Mr. Magoo lê os jornais? Anda informado? Sabe o que se passa nas Empresas Municipais? Na GEBALIS, na EPUL e nas outras, que esvaziam os cofres a Câmara?
Então Mr. Magoo não faz nada?
Mr. Magoo devia-se preocupar com as coisas importantes!
Mr. Magoo anda a ameaçar que se vai embora!
Mas porque é que ainda cá está! PORRA!
Eu já não posso com o Mr. Magoo!
Mr. Magoo deve ir de férias para o Jardim Zoológico bem para o meio da aldeia dos macacos… ou então vá acampar para o Rio Trancão … ou para o México, mas sem máscara, claro!
VÁ! E FAÇA O FAVOR DE NÃO VOLTAR!

Esclarecimento Necessário

Perante o número significativo de mails que tenho recebido vejo-me obrigado a esclarecer o seguinte:

Os colaboradores deste Blog são totalmente livres de escreverem e emitirem opiniões sobre a temática relacionada com o desenvolvimento da nossa profissão – de Arquitectos - e a sua relação com a Ordem com as Câmaras Municipais e com o País onde vivemos.

Os Colaboradores deste Blog são totalmente independentes uns dos outros e não têm qualquer obrigação de pensarem de igual forma (Neste Blog não existe pensamento único). Cada um tem a sua opinião sobre os mais diversos assuntos, aborda-os da forma que quer e só lhe é exigido o respeito pelas opiniões dos outros.

A coordenação entre os vários colaboradores tem vindo a ser assegurada de forma magistral pela Chefe de Redacção. O nosso obrigado.

Todos nós, que colaboramos, neste Blog, não auferimos qualquer recompensa de ordem monetária. Todo o trabalho é realizado de forma voluntária e gratuita (preferencialmente fora das horas de serviço), pelo que julgamos não ser necessário pedir autorização para acumular funções.

Por último, gostaríamos de participar aos visitantes que estamos em negociações (avançadas) com colaboradores espectaculares que irão (esperamos) fazer algum contraditório com as opiniões até agora emitidas pelos actuais colaboradores. "É preciso pôr algum sal neste Blog para ele se tornar ainda mais apetecível".

Estamos a tentar, vamos ver se é possível.

Um abraço a todos d’O Arquitecto.

GESTURBIX GRANITICUS - Parte IV

Ainda mal refeitos da emoção do encontro com o Grande Imperador Pinochius Socretinus, Alfamix e Mourarix continuaram a sua digressão pela feira, a qual, devido à crise que se abatia naquela altura em Olisipo sobre o mercado de palácios, se encontrava pejada de arquitectos em busca das raras pedras onde esculpir os seus projectos.

Mas o cão Estrategix, ainda atarantado com todo o aparato causado pela comitiva do Grande Imperador, e da mesma forma como sempre reagia perante a manifestação de uma qualquer Entidade Superior, desatou a correr em círculos atrás da própria cauda, e nesse movimento súbito fez tropeçar e cair estrondosamente alguém que carregava penosamente uma enorme lápide de Lioz Abancado de Pero Pinheiro, a qual se desfez em pedaços espalhados pelo chão da feira.

- Grande Senador Salgadus Maximus! As nossas humildes desculpas! – exclamaram Alfamix e Mourarix, aflitos.

- Que o Céu vos caia em cima da cabeça, e mais ao cão! E agora, onde vou descobrir outro monólito deste tamanho, que ia oferecer com tanto empenho a meu filho Salgadus Medius? - exclama o Senador.

- Podeis talvez levar os bocados, Grande Senador, ainda dá para muitos projectos pequenos… ou para um grande, faseado e com todas as especialidades… - arrisca em tom humilde Alfamix.

- Por Cavacus! Escavacada está a lápide toda, julgais que me interessam estes menirzinhos de barraca de recuerdos? A Esfinge! Isto era para fazer a Esfinge com a imagem do nosso Grande Governador Antonius o Africano, para pôr na Praça do Império, qual colosso de Rhodes, à frente daquele grandioso monumento que lá hão-de fazer…

- Qual monumento? Os Jerónimos?

- Claro que não! O CCB, por Gregottius! Agora já não me interessa, podeis ficar com os restos, devem dar para os vossos projectozinhos… Ainda para mais, o vosso cão acabou de alçar a perna sobre um dos pedaços!

E abalou, à procura de um maciço de mármore de Carrara do tamanho de um contentor, para plantar ali para os lados de Alcântara, junto ao rio…

Alfamix e Mourarix baixaram-se, pressurosos, tentando apanhar o maior número possível de pedaços de Lioz Abancado, enquanto Estrategix se afadigava a exorcizá-los todos com a sua estratégica e húmida marca.

Podia ser que ainda dessem para um projectozito de uma tenda de javalis-quentes, ou de uma oficina de quadrigas, ou de uma hospedaria de curta permanência…

“Plus valet in manibus avis unica fronde duabus” (Mais vale um pássaro na mão que dois a voar).

- Vá lá, mesmo assim tivemos sorte, por Corbusius! Se fosse uma pedra de Gesturbix Graniticus, aposto que o Senador não teria largado os bocados com tanta facilidade... - comentava Alfamix.

Mas depressa se aperceberam da inutilidade da tarefa, após juntos os pedaços do pedregulho.

Um enorme e profundo Risco atravessava todos os fragmentos, como uma indelével marca de água, tornando-os inúteis para a arte dos cinzéis de Alfamix e Mourarix.

E a dúvida permaneceu: A pedra estaria já predestinada, ou seria que as excreções de Estrategix estavam a tornar-se ainda mais ácidas do que era costume, ao ponto de a corroer?

Continua…

PALACETE BRAAMCAMP

E vai uma…e vão duas…e vão três…arrematado!
E lá se foi o Palacete Braamcamp porta fora!
É uma daquelas operações simples, uma anestesia adequada no local certo e passa para cá 2,4 milhões de euros e já está.
Eu fiquei de luto!
Lá se foi o Pátio do Tijolo! O edifício da nossa antiga Caixa de Previdência do Pessoal da Câmara Municipal de Lisboa!
É um pouco da história dos trabalhadores da Câmara alienada para Hotel de Charme.
Eu estou de luto!
Sei que agora temos os Serviços Sociais, com edifício novo, com boas condições lá para os lados do cu de judas.
Eu por mim, passei a ir ao Hospital da Luz, onde as consultas são mais baratas.
Com as eleições à porta, começam as promessas, baixaram as consultas e vamos fazer um lar, um asilo, uma escola…e mais este mundo e aquele!
Eu estou de luto!
As quatro listas às eleições, perfilam-se exibindo galhardetes e panfletos, batalharam-se dentro das portas dos elevadores com cenas lamentáveis, ora agora rasgas tu ora agora rasgo eu e agora rasgas tu mais eu!
Eu continuo de luto!
Vou ter saudade daquela paisagem que se desfrutava do pátio,a vista sobre o Rio Tejo e sobre o casario do Bairro Alto.
De vez em quando passo por lá para matar saudades…até quando?
Eu estou de luto!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Unir Para Viver


Há pouco mais de dois meses, um pequeno grupo de (irredutíveis diria o Grande Numérobis) Arquitectos e Arquitectas da CML deu início a este Blog.

Tínhamos e temos ideias e objectivos claros:

- Dar visibilidade às injustiças a que estamos a ser sujeitos, como Arquitectos camarários, por parte da Ordem dos Arquitectos e da CML.
- Dar visibilidade às múltiplas situações de injustiça a que os Arquitectos estão sujeitos.
- Lutar pela dignificação da profissão do Arquitecto camarário.

Passados dois meses, este pequeno grupo aumentou significativamente e, como redactor principal, deste Blog, gostaria de partilhar convosco esta questão:

Porque tem sido tão difícil divulgar a existência do Blog?

- Os textos publicados não têm interesse?
- As questões colocadas não interessam aos Arquitectos camarários e aos outros cidadãos?
- Não conseguimos ou soubemos dar conhecimento da existência deste espaço aos nossos colegas?
- Os textos publicados são demasiado críticos e não têm imaginação e criatividade?
- Estamos a politizar as questões?

Serão estes motivos ou serão outros?

- Será que temos MEDO de participar?
- Não temos ideia ou opinião sobre as questões colocadas?
- A nossa segurança está primeiro e temos medo que os outros saibam o que pensamos?

Não sei as respostas correctas. Mas uma coisa eu sei que gostava de deixar aqui escrito:

Eu sempre soube que iria ser muito difícil! Senão mesmo impossível!

Este Blog pretende criar "pontes", unir esforços e ideias.
Este Blog pretende ser um espaço de opinião LIVRE, sem preconceitos ou medos.

Enquanto outros pretendem dividir para reinar e oprimir, nós pretendemos unir para viver em liberdade, com responsabilidade e dignidade.

Tu podes participar! Não queiras continuar a ser um mero consumidor sem opinião.

Divulga a todos os teus amigos a existência deste Blog.

A divulgação a todos os teus amigos da existência do Blog http://oarquitectodacml.blogspot.com/ já é uma participação importante.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O PRESENTE E O PASSADO

Estou desesperado!
A minha ex-mulher diz que eu não ligo aos filhos, que não tenho responsabilidade, nunca tenho dinheiro, não acompanho o crescimento dos filhos…que isto e mais aquilo… enfim! Um inferno.
Mas se me divorciei foi para ter liberdade. Mesmo assim, quer continuar a controlar-me a vida.
A minha namorada também reclama. O meu desempenho está a mudar já não é como dantes e … mais isto e mais aquilo, um inferno!
- Eu preciso de descansar rapariga! Dá-me uma folga!
Na Câmara a minha chefe também me dá cabo do juízo.
- Você não atingiu os objectivos e que a nota e o SIADAP e as fichas e mais isto e mais aquilo…Um desatino!
Mas é agora, aos 45 anos, que tenho de ouvir isto?
Como não sou machista, não vou culpar as mulheres, que me rodeiam, deste inferno em que estou metido. Vou fazer uma reflexão profunda e dar a volta por cima.
Ao longo dos meus vinte anos de arquitecto da Câmara e mais dois a dar aulas de História no ensino oficial não me posso deixar abater.
Como me ensinaram num curso de formação sobre “ Resolução de Problemas” os problemas só existem se tiverem solução, caso não tenham, deixam de ser problema.
Da guerra com a ex mulher não me posso livrar, ela é a mãe dos meus filhos e como tal se não tem solução deixa de ser problema.
Está riscado da minha cabeça, já não penso nele. Acabou!
Quanto à namorada vou ter que mudar, vou procurar uma que seja menos exigente. Vou colocar um anúncio no Correio da Manhã “Procura-se acompanhante, não muito exigente…etc e tal”. E quando a encontrar vai deixar também de ser problema.
Resta-me resolver o problema da Câmara e esse é um osso duro de roer.
Sempre ensinei aos meus alunos de que: História é a interpretação dos factos passados à luz do presente para melhor construir o futuro.
Mas como explicar estas coisas aos chefes sem os ofender? Isto é uma verdade de La Palice e lições quem as dá são eles! Toda a gente sabe isso.
Não sou saudosista, nem por sombras ligado ao antigo regime, mas gosto de ouvir os conselhos dos mais velhos.
No passado, eram os funcionários que compunham esta casa e a hierarquia montada que se mantinha por longos anos e o conhecimento passava de geração para geração, bem sedimentado.
Os mais velhos foram empurrados para a reforma levando com eles o conhecimento. Descontentes, por serem empurrados, não passaram o conhecimento para os que ficaram. E esta informação não se encontra com as pesquisas no Google.
É preciso lamber arquivos e não ser alérgico ao passado!
Até com os erros se aprende!
Hoje, nem os pontos cardeais se respeitam O Norte também fica no Sul e o Ocidente fica no Oriente e vice-versa.
E eu? Tenho que me adaptar!
Como se explica a um munícipe, que a sua moradia pertence à Zona Norte?
- Está enganado arquitecto, a minha casa localiza-se na área Sul da cidade!
Ultimamente mudam os sistemas informáticos com as mudanças politicas da Câmara. E eu? Tenho que me adaptar!
- Mudam os chefes ainda com mais frequência que os partidos. E eu? Tenho que me adaptar!
Há chefes que chegam de pára-quedas e não se adaptam, mas eu? Tenho que me adaptar!
Nova legislação entra em vigor, viram tudo de pernas para o ar. E eu? Tenho que me adaptar!
Entra em vigor o RMUEL e atropela toda a legislação. E eu? Tenho que me adaptar!
De vez em quando, rebentam bombas nos serviços, e ai Jesus! que alguém vai levar com os estilhaços! E eu? Tenho que me adaptar!
Agora as preocupações são os formulários do SIADAP. É aprender a dizer que se trabalha muito não se fazendo nada, são as novas preocupações, sem história. E eu? Tenho que me adaptar!
Vou ficar sentado à espera que um cérebro deste país se lembre que o futuro se constrói à custa do passado.
Já ouvi dizer que o MAGALHÃES é um computador fácil de trabalhar. Até os miúdos aprendem. Vou sugerir ao Presidente que distribua computadores destes pelos Serviços da Câmara assim, tudo vai ser mais fácil e simplificam-me a vida.
Por enquanto vou culpar o sistema que me deixa inadaptado para a ex mulher, para a namorada e para o trabalho.

ORDEM NA ORDEM

Caro DEPUTADO, em resposta ao seu post quero informá-lo de que:
Desde que me conheço nesta profissão, e já lá vão longos anos, sinto que a aprovação da Lei 116/10 é uma vitória da classe dos Arquitectos.
Conseguir que a Arquitectura seja feita por Arquitectos e que as Engenharias por Engenheiros é um facto indiscutível. Cada macaco no seu galho.
Talvez o caro Deputado, distraído nas suas lides parlamentares, não se lembre, mas legalmente, podiam assumir a responsabilidade de projectos de arquitectura: Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia, Construtores Civis, Engenheiros Técnicos e todo o tipo de Engenheiros civis, electrotécnicos, enfim todos!
A Ordem nunca teve força para parar esta situação.
A culpa é dos Arquitectos!
Em todas as profissões há bons e maus profissionais.
Não se admite que colegas nossos pseudo-arquitectos se colocassem à porta Câmara a vender assinaturas por vinte e cinco euros e nunca foram castigados pela Ordem!
As Câmaras, em zonas mais sensíveis das suas cidades criavam despachos internos em que condicionavam a que os projectos de arquitectura fossem feitos por arquitectos.
Eu, próprio, nos planos da Câmara, ou em loteamentos particulares, sempre escrevi nos regulamentos um artigo que condicionava os projectos de arquitectura a serem executados por arquitectos.
Complementando o esclarecimento, existe ainda Legislação que obriga à mesma regra em zonas de Protecção do IGESPAR.
O que nos falta, na minha opinião, é dignificar a CLASSE.
A Ordem dos Arquitectos estagnou. Não defende nem protege os seus sócios. Pior persegue-os.
O que proponho é um ASSALTO À ORDEM

Caro DEPUTADO
A Ordem é o que os arquitectos quiserem! Quem manda na Ordem somos nós!
Se esta Direcção não funciona temos que a por na ordem
Parece-me que este BLOG, do “O ARQUITECTO” , a quem presto a minha homenagem,
É O EMBRIÃO DA REVOLTA

Em jeito de conclusão, quero celebrar, nem que seja sozinho, a aprovação da Lei 116/10 se é que esta foi aprovada? Vou continuar a procurar, Galego é sempre Galego.

UMA NOVA SONDAGEM

Aqui, na coluna da direita, foi lançada uma nova pergunta.
Será que os funcionários camarários, actualmente, perante a eminência de uma avalição, têm verdadeiramente liberdade de expressão?
Gostávamos de saber a vossa opinião. Participa votando de forma totalmente LIVRE.

A PERGUNTA DA SEMANA

Para que serve a Ordem dos Arquitectos, para os Arquitectos Camarários?

GESTURBIX GRANITICUS - Parte III

Um dia, passeando-se em Olisipo pela feira de imobiliário, Alfamix, Mourarix e o cão Estrategix depararam-se com um séquito impressionante, logo reconhecendo a figura imponente do Grande Imperador, apesar de vergado sob um pedregulho monumental de ardósia e apupado pela turba.

- Mas é mesmo Sua Imperiosidade! Que fará aqui pela feira, no meio da plebe? - indaga-se Alfamix.

- Não sei, mas que tem um belo nariz, lá isso tem! Não tão belo como o de Cleópatra, mas mesmo assim é um belo nariz! – constata Mourarix.

Estrategix vai direito àquela distinta figura, abanando a cauda como sempre fazia quando reconhecia alguém importante, pensando “que grande Senador, este é que me convinha!”…

“Adulator propriis commodis tantum studet” (qualquer coisa parecida com “Abana-se o cão, não por ti, mas pelo pão”).

Alfamix e Mourarix dirigem-se então a Sua Grande Entidade, interpelando-O corajosamente:

- Grande Imperador Pinochius Socretinus! Que fazeis, com esse menir de ardósia preta às costas com a inscrição Freeportus? Fostes porventura vítima de alguma negra conspiração?

- Por Mouraguedus, é verdade! Descobri esta preciosidade ali numa tenda do meu primo, tinha-lhe chegado através dum traficante anglo-saxão de Stonehenge… Arrematei-a abaixo do custo e vai ser paga a uma off-shore na Fenícia! Porreiro, pá! Vou levá-la para o meu palácio de férias aqui na Hispânia, em Héron-el-Castillo, perto de Alcochete, e atirá-la ao rio, para ver se não me pesa tanto…

- Mas… mas… pensávamos que essa pedra já tinha desaparecido, enterrada pelo Grande Procurador Lopus di Biriga… (NR - espécie de quadriga de 2 rodas, com motor) – arrisca a medo Alfamix.

- Isso queria Eu, pelo Grande Pintus! Bem o mandei pressioná-la, mas deixou-a ficar com uma ponta de fora, e pronto, foi logo descoberta… - desabafa Sua Alteza, com o nariz já a enrubescer…

E o seu acompanhante, o delfim Senador da Propaganda Santus Silvius, logo se apressou a corroborar servilmente as afirmações de seu Amo, enquanto Lhe amparava a coroa de louros e ajeitava a toga modelo exclusivo Bijan (famoso fornecedor iraniano de imperadores, com tenda na colónia anglo-saxónica de Monti Beverlis).

- E agora vamos dar por aí mais umas voltas pela feira, a ver se descobrimos umas pedrinhas pequeninas de Granito Amarelo da Guarda, nas quais o Grande Imperador fez em tempos idos uns lindos projectozinhos para as casas de campo do Viriato e do Sertório, ali para as Beiras… - acrescentou o Senador.

- Sim, conhecemos perfeitamente, são umas villas em duplex forradas com azulejos árabes, que foram publicadas na Gazeta dos Arquitectos - adianta Alfamix em tom irónico…

- Não, grandes asnos, são todas simplex, por Alegrus! E agora afastai-vos, deixai passar o Grande Engenheiro! – atira com ar desdenhoso o Senador SS.

E enxota com um forte pontapé Estrategix, que já lhe estava roendo as sandálias, quiçá com a esperança de o substituir e ser adoptado por aquele elegante Senhor com uma toga de tão fino corte…

- Queres levar um tabefe? – e Mourarix ia já levantando o braço…

Mas Alfamix agarra-o, abrindo alas para Sua Grandiosidade e comitiva, comentando entre dentes:

- Pudera, por Erasmus! Com aquele curso da Universitas Independentis só podiam mesmo ser projectos simplex…

continua…

Até custa acreditar mas é verdade.

Estive a ler um pouco da JA234 e decidi começar pela entrevista feita pelo Sr. Director da JA, Arquitecto Manuel Graça Dias à Srª Vereadora da CML, ex-bastonária da Ordem dos Arquitectos, Arqtª Helena Roseta.

Achei a "interview" fraquinha. Estava à espera de mais. Muito repetitiva, ideias já gastas, pouca novidade, muitas contradições, muito idealismo e muitas utopias. Enfim...fraquinho.

Mas, quase a chegar ao fim, (Pag. 33) tive uma grande notícia: O problema da Câmara de Lisboa já está resolvido. Passo a transcrever para não dizerem que sou mentiroso:

"O problema da Câmara Municipal de Lisboa não é os autores do projecto do Rato; o problema da Câmara Municipal de Lisboa é ter havido autores de projecto que assinaram, num ano, 800 projectos. E passaram todos. O problema é de facto a falta de transparência e a má qualidade."

Meus caros colegas que trabalham há muitos anos, aqui, ao meu lado a analisar projectos: Esta não sabiam vocês! 800 projectos num ano é Obra! E todos a passarem (devem ter sido aprovados e deferidos logo, imagino eu). É incrível! E tudo isto sem eu me ter apercebido de nada.

Eu fiquei mesmo admirado. Nunca pensei que o Arquitecto Manuel Salgado tivesse tal capacidade de trabalho.

A Votação Terminou

À pergunta "Que importância tem a Ordem dos Arquitectos para os Arquitectos camarários?" A votação foi a seguinte:

0 Votos a dizer "Muita"
0 Votos a dizer "Alguma"
2 Votos a dizer "Pouca"
20 Votos a dizer "Nenhuma"


2 Votos Nulos (O ser que votou "Muita" viu os seus votos anulados por falta de justificação)

Ficou bem expresso e claro o sentimento dos visitantes deste Blog em relação à Ordem dos Arquitectos.

Quem desejar fazer análises aos resultados, esteja à vontade.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O JA 234 Chegou

É verdade, caríssimos colegas! O JA 234 acabou de chegar. E vem diferente.

Uma nova imagem em papel diferente com uma equipa nova.

O Director passou a ser o Arquitecto Manuel Graça Dias ou será o Manuel Dias sem graça do JA233?

Como vêm, caros colegas, quem faz “trampa” é recompensado.

O projecto gráfico da presente JA foi entregue a uma entidade chamada “vivóeusébio” que também é o responsável pelo Web Design. E, com esta atitude julgo que os tais awards que tínhamos previsto já foram pelo cano.

Em relação ao conteúdo desta JA234 falarei oportunamente se tal justificar. Hoje vou só fazer uma pequena pergunta sobre a capa:


O tipo que dá a cara, na capa, é o Manuel Dias sem Graça, ou será o Chico Porco do Cacém? (Pelo que vem no interior, o tipo chama-se Manuel. Será Manuel porco?)

Eu sei lá...para mim já tudo é possível.

Uma pequena nota: gosto muito de revistas bilingues. Dão um ar muito mais intelectual. E o panfleto do Turismo Espanhol também é muito bom. Proponho que o próximo número venha também em Espanhol.

A Propósito da "Versão Oficial da CML"

Não sei se repararam no espectacular texto jurídico que justifica a razão de Direito para a abertura dos "procedimentos concursais" para o "recrutamento" dos cargos de Direcção intermédia da CML.

Passo a transcrever:

"Assim, nos termos do Estatuto do Pessoal Dirigente

(aprovado pela Lei n.º 2/2004, de 15 de Janeiro,
alterada e republicada pela Lei n.º 51/2005, de 30 de Agosto e,
alterada pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de Dezembro,


tendo sido adaptado à Administração Local pelo

Decreto-Lei n.º 93/2004, de 20 de Abril,
alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 104/2006, de 7 de Junho),


conjugado com o Quadro de Pessoal do Município de Lisboa,
vai-se proceder nas próximas semanas à abertura... "


A dita Lei foi aprovada em 2004, depois foi alterada em 2005, depois foi alterada em 2008, e...no entretanto, foi adaptada à Administração local em 2004 e depois...a adaptação foi alterada e republicada em 2006.

Meus caros visitantes, juristas, legisladores, e outros afins, podem-me explicar qual é a Lei de que estão a falar? Afinal vão aplicar o quê? A alteração da alteração da alteração adaptada que foi alterada, adaptada e republicada em 7 de Junho de 2006? Ou será que vão aplicar a Lei de 31 de Dezembro de 2008? Parece-me que essa ainda não foi adaptada à Administração Local...ou será que foi adaptada pela Lei de 2006? Expliquem-nos...senhores inteligentes.

Uma última pergunta: Se a Lei inicial é de 2004, porque é que a não aplicaram logo? Será que os "filiados" não tinham o "curriculum" necessário que entretanto adquiriram através de nomeações de favor?

Isto, afinal, quase parece a Ordem dos Arquitectos!

Como diz o nosso Presidente: "Eu gosto muito da transparência e da estabilidade da Administração."

Tudo isto é bonito...muito bonito!

domingo, 17 de maio de 2009

A Versão Oficial da CML

"Visto com muita satisfação.
Considero essencial no reforço da transparência e estabilidade da Administração.
23.03.2009
António Costa"


A todos os Funcionários da Câmara Municipal de Lisboa,
Por despacho do Senhor Presidente, Dr. António Costa, de 23 de Março de 2009 – que acima se transcreve –, sob proposta do Vereador dos Recursos Humanos, Dr. José Cardoso da Silva, de 13 de Março, foi determinado o início dos procedimentos concursais para todos os cargos de direcção intermédia da Câmara Municipal de Lisboa.
Assim, nos termos do Estatuto do Pessoal Dirigente (aprovado pela Lei n.º 2/2004, de 15 de Janeiro, alterada e republicada pela Lei n.º 51/2005, de 30 de Agosto e, alterada pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de Dezembro, tendo sido adaptado à Administração Local pelo Decreto-Lei n.º 93/2004, de 20 de Abril, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 104/2006, de 7 de Junho), conjugado com o Quadro de Pessoal do Município de Lisboa, vai-se proceder nas próximas semanas à abertura dos procedimentos concursais para recrutamento dos cargos de direcção intermédia, no total de 181, sendo 44 de 1.º grau e 137 de 2.ºgrau.
O procedimento concursal será realizado por Direcção Municipal, tendo em conta a respectiva orgânica, estando já superiormente autorizadas as diligências conducentes à abertura dos concursos para recrutamento dos cargos da:
- Direcção Municipal das Finanças
· Director de Departamento: 3
· Chefe de Divisão: 9
- Direcção Municipal de Recursos Humanos
· Director de Departamento: 2
· Chefe de Divisão: 5
- Direcção Municipal dos Serviços Centrais
· Director de Departamento: 4
· Chefe de Divisão: 17
- Departamento do Património Imobiliário
· Director de Departamento: 1
· Chefe de Divisão: 6
Seguir-se-ão todas as outras direcções municipais.
Com os melhores cumprimentos,
Rui Mateus Pereira
Director Municipal de Recursos Humanos
Direcção Municipal de Recursos Humanos
Câmara Municipal de Lisboa


Vejo, com muita satisfação, que o Sr. Presidente se veste com muita satisfação! Alguns diziam "o Rei vai nu" - devia ser por causa da transparência - afinal era mentira.

Já não vejo, com muita satisfação, a transparência da Direcção Municipal dos Serviços Centrais que tem quatro (4) Directores de Departamento e dezassete (17) Divisões. Sim, dezassete!

E, também, não vejo com muita satisfação a transparência destes "procedimentos concursais"!

E, também, não vejo com muita satisfação a transparência destas propostas do Sr. Vereador Dr. José Cardoso da Silva!

Não seria tempo da "versão oficial" ter um pouco de vergonha?

Venha a tempestade!!!

sábado, 16 de maio de 2009

EU TAMBÉM QUERO CELEBRAR!

Estamos a entrar em época de Festas! É preciso celebrar.

Não sabemos bem porquê nem o quê, mas não interessa. O que interessa é que em época de festas esquecemos a "crise" e principalmente a forma miserável como vivemos o nosso dia-a-dia. VAMOS CELEBRAR!

O Galego vai celebrar a revogação do 73/73! Ele fica na mesma ou pior, mas isso não interessa. É preciso é celebrar e festejar esse acontecimento.

A Ordem dos Arquitectos já está a organizar uma procissão em honra de S. Bento para agradecer e festejar esse acontecimento histórico. Houve mesmo quem tivesse proposto uma peregrinação a Roma em homenagem a Bento XVI pela sua intercessão nesta causa. Inacreditável...

Eu que não partilho a alegria destas festas também queria celebrar, mas não sabia bem o quê. Mas, lembrei-me...é isso...eu vou celebrar os dois meses da existência deste Blog! Porreiro pá! É isso mesmo.

Contem comigo...o Blog já fez dois meses e continua de boa saúde. Os colaboradores têm vindo a aumentar e têm mostrado qualidade. E tudo isto, sem ninguém ser preso. Ainda não nos abriram nenhum inquérito ou processo disciplinar. Nem sequer nos colocaram (ainda) na mobilidade. Um espectáculo! Há que celebrar!

Eu vou celebrar os dois meses de existência de "O Arquitecto da CML e não só..."



EU QUERO CELEBRAR !



Uma notícia no Público deixou-me deveras satisfeito. Foi ontem aprovada (dia 13/5/2009) a proposta de Lei 116/10 na Comissão Parlamentar de Obras Públicas da Assembleia da República

Podia ainda ler-se nesse artigo com o titulo Só os arquitectos passam a poder assinar projectos de arquitectura “…chegou ontem ao fim uma longa luta de mais de 35 anos dos arquitectos portugueses: O Dec. Lei 73/73…”

A proposta iria ser votada dia 15/5/2009 na Assembleia da Republica.

Desde essa altura tenho andado à procura da votação e ainda não encontrei nada! Gostaria de ser informado.

- E o que é que nós temos haver com isso? Perguntam os colegas arquitectos desta Câmara Municipal de Lisboa.

- Nós nunca fizemos projectos para esta Câmara e agora não podemos fazer nem para as outras Câmaras deste Pais.

Pois é! Não desanimem, caros colegas!

A qualidade dos projectos que têm que analisar vai melhorar!

Nos atendimentos vão ter interlocutores que vos compreendem!

Vai haver menos stress!

Vai ser bom para todos!

E nunca se sabe pode ser que com a Lei da Mobilidade possam ir parar a outra Câmara que permita a acumulação de funções, e vos deixe fazer uns risquinhos nem que seja para a família.

Temos de ser optimistas!

Eu por mim, vou continuar a procurar se a tal Lei foi aprovada.

Já vi na Internet, já vi nos jornais e nada de notícias. Será que a nossa Ordem sabe disto?

E se foi aprovada, meus amigos, enfio-me numa tasca, de preferência Galega, daquelas que a ASAE anda não descobriu, uma que tenha iscas com elas e um bom tinto verde na malga. Nada de chamuças, isso não! Sou alérgico.

Vou convido um dos meus amigos Engenheiros para celebrar.

Vou convidar também o Xavier e ofereço-lhe um frasco de piripiri daqueles que ele gosta para por nas iscas.

A sobremesa é uma rocha, com duas semanas, daqueles bolos onde os dentes ficam colados e não despegam. É que se não o conseguir comer sempre pode ter outra utilidade.

O PEQUENO GALEGO

Na época em que o Figo fazia furor em Barcelona, fui visitar a obra de Antoni Gaudí e outros monumentos importantes na cidade.
Fiquei alojado num pequeno hotel junto das Ramblas.
Para além da cidade e da obra arquitectónica ficou-me guardado um episódio que quero partilhar.
No restaurante do Hotel fui atendido por um rapaz de 14 ou 15 anos, vestido a rigor, casaco branco, com botões dourados e laço preto a sobressair da camisa branca.
Ao perceber que nós éramos Portugueses fez questão em servir a nossa mesa e de mãos atrás das costas disse.
- Buenas noches.
- Holá! São Portugueses?
E adivinhando a resposta continuou:
- Eu também sou Galego!
Afirmou com um sorriso de orelha a orelha.
Aqui está um pobre espanhol que no seu próprio pais se sente estrangeiro.
E lá nos foi dando a mão com a ementa, com as tapas, com o jamon serrano, com as paelhas, com a bebida etc.
Enfim! Uma maravilhosa ajuda que caiu do céu!

Eu trabalho neste reino, há mais de vinte anos e estou-me a sentir Galego.
Não que seja a favor da unificação Ibérica ou me preocupe com essa questão, mas porque me sinto indignado com os governantes deste país e desta Câmara que cada vez mais excluem e marginalizam os seus funcionários.
- Difamados e julgados na praça pública. Amarrados ao SIADAP que protege os engraxadores e amigos dos chefes e os amigos dos amigos dos chefes que decidem as promoções lá nos partidos. E depois rasgam-nos o contrato na cara .
- Ainda não satisfeitos, calçam-nos os patins, com a Lei da Mobilidade.
Com sorte, vamos trabalhar para a Câmara de Freixo de Espada à Cinta, ou para o desemprego.

-Que se passa com a comida dos Portugueses?
-Toca a despachar que os Portugueses estão com pressa!

Barafustava o pequeno Galego, com o serviço de cozinha, levantando a voz com genica.
Senti-me defendido pelo pequeno Galego!
Ninguém faz pouco dos Portugueses em terras de Barcelona!

Por cá, já nos fizeram a cama e não há Galego que nos salve!
Deixem passar esta maré de eleições que se avizinha.
Ou eu me engano ou vem aí uma tempestade!

È claro que no fim senti-me obrigado a recompensar o simpático Galego.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

GESTURBIX GRANITICUS - Parte II

Desde os tempos da Inquisicância Olisiponensis, que lançou às fogueiras meia dúzia de bruxas que não confessavam da mesma fé dos inquisidores, os arquitectos do burgo questionavam-se, agora com ainda mais intensidade, sobre a justeza da medida que os obrigava a martelar unicamente na pedra Gesturbix Graniticus.

Tanto mais que era sabido que outras classes, nomeadamente a dos escribas mas não só, podiam vender as suas artes esculpidas em mármore, moleanos, ou até mesmo em pedra sabão…

Desde sempre, tinham tentado contornar tal imposição, frequentando, mais ou menos clandestinamente, uma espécie de feira de imobiliário, onde os feirantes-construtores davam aos arquitectos lápides de pedra, nas quais estes esculpiam os projectos de palácios que lhes eram encomendados.

O valor desses projectos era sempre discutido pelos feirantes-construtores (denominação depois substituída por patos-bravos, após a conquista de Tomar...), esmifrando-o até ao último áureo, denário ou sestércio, consoante o seu status na comunidade.

É verdade que alguns feirantes-construtores disponibilizavam também lápides com projectos já feitos por outros artesãos da classe dos pintores de frescos, de duvidosa qualidade, que alguns arquitectos menos escrupulosos se limitavam a cinzelar com a sua assinatura…

E havia inclusivamente feirantes-construtores que entregavam veladamente aos arquitectos olisiponenses alguns calhaus de Gesturbix Graniticus, cuja comercialização não era permitida dentro dos muros da cidade…

Mas, pelo menos, era aplicado o artigo CCXXXº do Código de Hamurabi, o que conduzia ambas as classes a um especial cuidado no que se projectava e construía… Assim, se um arquitecto projectasse uma casa que se desmoronasse, causando a morte de seus ocupantes, era condenado à morte, e se uma casa mal construída causasse a morte de um filho do dono da casa, então o filho do construtor seria condenado à morte.

Este Código foi sendo porém ao longo dos tempos esvaziado de conteúdo pelos escribas, que o foram alterando ao sabor das vontades dos invasores pela introdução de excepções, republicações e declarações de rectificações, redigidas nas inúmeras e ininteligíveis línguas babilónicas, até se tornar um documento absolutamente ineficaz.

Uma vez que os arquitectos olisiponenses tinham sido desde sempre bastante mal pagos pelos Governadores de Província, viam-se obrigados a recorrer à dita feira de imobiliário, onde iam conseguindo arranjar umas pedritas por fora, complementando desta forma o magro salário auferido em sestércios, algures entre os níveis XXXI e XXXV…

Alfamix e Mourarix eram assíduos frequentadores dessa feira, porque acreditavam que o exercício da sua arte de arquitectos e o consequente resultado em sestércios ao fim do mês era um direito que lhes assistia, quanto mais não fosse para aliviar, nas horas vagas, as dores nas costas causadas pelas constantes movimentações de pedregulhos de Gesturbix Graniticus!

Edendum tibi est ut vivas, et non vivendum ut edas...
(comer para viver, e não viver para comer)

continua…

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Os Demónios e o Anjo


Como sabem, (os leitores assíduos deste Blog) um dos meus muitos defeitos é o facto de pertencer à "seita", algo antiquada, que se chama Igreja Católica Apostólica Romana.
Esta conversa, vem a propósito de, hoje, ao estar a fazer a minha leitura bíblica, me ter deparado com o seguinte texto:

"..se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos.
Quais? - perguntou ele.
Retorquiu Jesus: "Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e ainda amarás o teu próximo como a ti mesmo".
Disse-lhe o jovem: "Tenho cumprido tudo isto; que me falta ainda"?
Se queres ser perfeito - disse-lhe Jesus - vai, vende tudo o que possuíres, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois vem e segue-Me.
Ao ouvir isto, o jovem retirou-se contristado, porque possuía muitos bens."
(Mt. 19, 17-22)

Após ler esta passagem, ocorreram-me algumas ideias que gostava de partilhar convosco.

Nós, pecadores, andamos, há dois meses, a querer "enriquecer" ao contestar aqueles míseros 190 euros que a Ordem dos Arquitectos nos "rouba" todos os anos.

Nós, pecadores, andamos, há dois meses, a pedir que seja feita "justiça", e nos paguem a exclusividade a que estamos sujeitos de forma a tornarmo-nos mais "ricos".

Nós, pecadores e invejosos, andamos, há dois meses, a pedir um tratamento igual ao dado aos juristas.

Fazemos estas coisas pecaminosas, e não olhamos para os bons exemplos que nos rodeiam.
Caros colegas, pecadores, olhem para os bons exemplos, como o nosso Vereador Manuel, que largou tudo...por amor a Lisboa.

Ele!...que era possuidor de um grande atelier (SA)...de projectos milionários...de uma carreira de sucesso e...eis que, tudo deixou...não por amor a Jesus mas por amor a Lisboa.

Caros colegas, Arquitectos pecadores, tenham vergonha e sigam estes bons exemplos...por amor...não a Jesus...mas a Lisboa!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

GESTURBIX GRANITICUS - Parte I

Naqueles remotos tempos do Imperador Pinochius Socretinus, Olisipo encontrava-se ocupada pelas hostes do Governador de Província Antonius o Africano, e a hierarquia técnica da cidade encontrava-se dominada pelos seus fiéis seguidores, entre os quais o Senador Salgadus Maximus, a quem todos os arquitectos obedeciam diligentemente.

Todos? Não!

Um pequeno núcleo de irredutíveis arquitectos, agora e sempre, insurgia-se contra o domínio que escravizava a classe…

Entre esses arquitectos incluíam-se Alfamix e Mourarix, os heróis da nossa história.

Alfamix, apesar do seu aspecto algo franzino, era possuidor de um forte sentimento de justiça, o que o levaria a iniciar uma cruzada de revolta contra o sistema instituído, gerador de graves discriminações em relação à classe profissional dos arquitectos olisiponenses, que se encontrava na prática numa posição de subalternização em relação a outras classes.

Mourarix, por outro lado, era uma força da natureza, e dotado de uma enorme dose de teimosia, o que o colocava muitas vezes em posição de contestação e contradição com os seus chefes tribais, embora fosse apreciado pela facilidade em carregar projectos às costas...

Alfamix e Mourarix faziam por suportar o cão Estrategix, que farejava todas as movimentações da Coorte de Apreciação de Projectos de Palácios de Olisipo, embora soubessem que o canídeo apenas reconhecia como donos os Senadores da clique dominante, que lhe iam atirando uns ossitos para roer permitindo-lhe garantir a sua difícil subsistência, e aos quais pagava roendo os tapetes que pisavam, na esperança que tropeçassem e fossem substituídos por outros Senadores igualmente ou mais generosos…

No enquadramento e status quo então vividos em Olisipo, graças à preponderância adquirida pela classe dos escribas desde ocupações anteriores (na linha da Pax Blocus Centralis...), e pela aplicação de uma regra imposta na sequência de uma anterior invasão Napoleónica (sim, Napoleónica… não se deixem baralhar pela cronologia dos factos!), os arquitectos da Coorte apenas podiam registar os projectos numa pedra denominada Gesturbix Graniticus.

Ora este tipo de pedra, como o próprio nome indica, era um material difícil de movimentar, já para não falar na quase impossível empreitada de o submeter ao cinzel, arte que constava da lista de tarefas dos arquitectos de Olisipo.

Além de se partir aos pedaços quando era martelada com alguma insistência, tinha ainda a particularidade de os ditos bocados, impulsionados pelo impacto do cinzel na pedra (vulgo actuais rato e teclado…), adquirirem um movimento absolutamente erróneo, correndo-se o risco de atingirem um qualquer superior hierárquico, que não o visado pela cinzelada submetida…

A menos que por qualquer imponderável motivo imputável a Servidorius, entidade superior e divinamente invocada em situações mais difíceis, a pedra bloqueasse, caso em que pura e simplesmente os bocados não iam parar a lado algum!

E os arquitectos, espécie irreverente e criativa por natureza, almejavam esculpir também em outros tipos de pedras, porventura mais macias ou versáteis, não querendo limitar-se ao uso exclusivo, redutor e monolítico da Gesturbix Graniticus…

continua…