terça-feira, 30 de junho de 2009

MAIS UMA VOTAÇÃO

Desta vez o Conselho de Redacção decidiu colocar em votação a seguinte questão:

O QUE É UM ARQUITECTO?

Será um Artista ou será um Técnico?

Todos sabemos que os Arquitectos camarários são Técnicos Superiores da Função Pública e actualmente a Faculdade de Arquitectura está integrada na Universidade Técnica de Lisboa!

Mas nem sempre foi assim...quando eu optei por uma formação superior inscrevi-me no Departamento de Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.

Tendo em conta que a maioria dos visitantes serão Arquitectos, gostaríamos de saber a vossa opinião.

O Arquitecto é um Artista? É um Técnico? Será um Artista que usa a Técnica? Ou será um Técnico que usa a Arte?

A votação começa neste momento, aqui na coluna da direita, e terminará às 24.00 horas do dia 17 de Julho de 2009.

FUI À BRUXA


Fui à bruxa, lá prós lados de Campolide, na Rua Conde das Antas, num rés-do-chão, muito húmido, com cortinados nas janelas e nas portas, velas, altares, santinhos por todos os cantos e fotografias nas paredes, a agradecer o salvamento das maleitas deste mundo.

Quis saber, quem vai ser o futuro Presidente da Câmara de Lisboa.

A vidente, uma senhora idosa, levou-me para uma sala interior, escura.

Num dos móveis velhos tinha diversas velas acesas, fruto de alguma promessa.

Debruçada sobre a sua secretária, com a bola de cristal, mandou-me sentar em frente e começou a divagar sobre a minha pessoa.

- Vejo aqui na minha bola de cristal…que costuma ter dores de barriga e muitos gases?
- Sim é verdade.

- E dores nas costas e azia.
- Sim realmente tenho dores nas costas especialmente quando estou muito tempo de pé e azia quando bebo uns copos.

- Vejo também aqui, na boa de cristal, que tem frequentemente dores de cabeça.
- É verdade, de vez enquanto tenho dores de cabeça.

- Vejo ainda que a sua vida amorosa está doente, uma espada está cravada no seu coração, morre de amores por alguém mas não é correspondido.
- Sim, realmente fui casado, mas agora estou divorciado e a minha vida amorosa já teve melhores dias.

- Mas, agora vejo uma mulher vestida de branco, como um anjo, que o leva direito ao altar, mas cuidado!... Tem uma faca escondida no vestido… ela afinal representa a traição.
-Eu não pretendo casar outra vez… (vim para aqui por brincadeira e agora já estava a tremer, que nem varas verdes, eu nem acredito nestas coisas…mas que palerma, em me ter metido nesta brincadeira)

- Alguém que lhe quer mal, lançou-lhe mau olhado…tenho que fazer uma reza e benze-lo com uma mistura de azeite, pelo de macaco, ramo de alho queimado, pelo de gato, gafanhotos saltitões, dente de alho e rabos de sardaniscas.

E lá começou uma ladainha:

- "Sarapico… carrapito, tira daqui o bico…olho de cobra…olho de boi…
Arreda Satanás …cruz canhoto… arreda lá para trás……………………………"

Depois do mau-olhado continuou:

- Vejo um futuro muito negro, vejo um mendigo a pedir esmola, à porta de uma igreja … e uma quantidade de notas andam no ar…desespera, mas não consegue lá chegar e elas voam…voam para bem longe. Agora moedas correm ladeira abaixo, vai atrás delas e só consegue apanhar uma moeda, das mais pequenas.

- E quem vai ser o Presidente da Câmara? Consegue dizer-me?
- Vejo uma pessoa muito bem vestida, com fato e gravata, que fala muito bem, que leva todos no coração, rodeado de uma multidão de pessoas todas cegas. As pessoas andam ás apalpadelas e levam o presidente ao colo. Batem com a cabeça nas paredes. Pisam os calcanhares uns dos outros.

- Mas quem é o Presidente? É o Santana Lopes? É o António Costa? É a Helena Roseta?
- Vejo, uma nuvem muito escura, aproximar-se de Lisboa… os pássaros fogem em bandos da cidade… até os cães desatam numa correria direitos a Odivelas, Loures e Amadora. Os gatos lançam-se desesperados ao Tejo. A tempestade vai cair sobre a cidade… um vendaval, raios, faíscas e mais faíscas. As pessoas estão magras, com má cara e descontentes. Os funcionários andam em volta do edifício dos Paços de Concelho com bandeiras pretas e com cartazes a dizer:

"Queremos trabalhar"

"A Câmara é nossa".

Na porta da Câmara, vejo um letreiro que diz:

"Fechado para balanço"

E outro ainda mais abaixo:

"Esta casa e todo o seu recheio foi penhorada por dívidas ao BES"

Os cofres da Câmara foram arrombados, as portas estão abertas e papéis esvoaçam do interior dos cofres, mas dinheiro nem cheirá-lo.

- Mas quem vai ser o Presidente da Câmara? Perguntava eu insistentemente.

Lá tive que pagar 50€ pela informação e pela consulta.
A Vidente, não me deu autorização a divulgar o nome do Presidente, a menos que me paguem o dinheiro da consulta.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A Notícia, o colega e a acumulação de funções


Foram vários aqueles que me escreveram a pedir para comentar a notícia do Público, de hoje, sobre um nosso "colega" camarário.

Não o queria fazer! Não faz o meu género, e considero esta notícia uma devassa completa da vida privada de um cidadão que tem o direito ao anonimato.

Várias vezes neste Blog se tem escrito sobre a acumulação de funções. É um problema que tem que ser esclarecido! Na carta que escrevemos ao Sr. Provedor de Justiça e ao Sr. Presidente da CML (há vários meses) este problema foi colocado de forma clara! Qual foi a resposta?

SILÊNCIO!

O Sr. Presidente está a pensar no assunto!...e na resposta.

Mas, a resolução desta questão não passa, quanto a mim, por andar, de forma "pidesca", a investigar e devassar a vida privada de todos, para depois aparecer no Jornal desta forma.

Este tipo de atitude só causa instabilidade e medo! Quem paga a factura? Todos nós! Não tenham dúvidas!

Se houvesse um mínimo de seriedade nesta questão, quantos de nós seriamos técnicos superiores desta casa? Alguns, com certeza! E de certeza, os mais medíocres...aqueles que nunca fizeram nada na vida! Sei que custa ouvir isto mas esta é a verdade! (ou, pelo menos, a minha verdade)

Por outro lado, é lamentável que o Jornalista faça afirmações que não são verdade em relação à Lei em vigor...e mais triste ainda que o funcionário em questão, que é tão bom e competente, também não conheça a Lei! É afirmado que a Lei que regula a "acumulação de funções" é a Lei 413/93 quando a verdade, verdadinha é que a Lei em vigor é a Lei 12a/2008 de 27 de Fevereiro.
Quem estiver a ler este texto, estará a pensar que estou a defender o colega alvo da notícia! Pois desenganem-se! Nada disso! Considero a sua atitude extremamente reprovável, criticável e condenável! Conheço muitos outros, dentro desta casa, em situações análogas e mesmo piores!
Mas a solução não passa por sindicâncias ou investigações pidescas! A solução é outra! Mas, "o poder actual" não quer ou não sabe aplicá-la.

A Lei actual promove a incompetência, a corrupção e a vigarice na função pública! Enquanto o "poder político" não perceber isso (ou não quiser perceber) não há nada a fazer.

Em relação à história do colega, aconselho a leitura do texto "O nosso Deserto" publicado a 25.04.2009. Este colega é um daqueles que, sempre (desde o tempo do Engº Abecassis) viveu nos "oásis" do deserto. "É inteligente, competente e com muita capacidade de trabalho", mas "não se lhe conhece uma única ideia a não ser uma desmesurada ambição de alcançar o poder e a riqueza a qualquer preço". Tal e qual os "salgados cinzentos" da história.

A PERGUNTA DA SEMANA

Ser Funcionário Público significa não ter opinião?
Ou será...não poder ter opinião?

O Blog é Solidário


Estádio Nacional
Não sendo a nossa causa, estamos solidários e divulgamos a mensagem que o "Galego" me enviou:

Não sei se já se aperceberam das movimentações de terras e abate de árvores que estão a acontecer nos terrenos o Estádio Nacional, mais precisamente no vale do Jamor.


Tornando curta a história, o Instituto do Desporto de Portugal está a construir um campo de golfe numa área correspondente a mais de 50% do vale, área essa que vai, naturalmente, ficar vedada ao público em geral, nomeadamente a todos os que até aqui a utilizavam para diversas actividades desportivas e lúdicas. Para não falar dos danos em termos da fauna local (como os patos bravos e os coelhos que lá tinham os seus ninhos e tocas e as aves de rapina que lá caçavam). A legalidade do licenciamento desta obra é, no mínimo, duvidosa, atendendo à falta de publicidade no local e à forma como os responsáveis pela mesma responderam (ou ignoraram) os pedidos de informação que legitimamente lhes foram feitos.

Para tentar evitar mais um caso de perda de um bem público através da política do facto consumado, foi intreposta uma acção judicial para travar as obras (já foi decretada pelo tribunal a suspensão provisória das obras, até ser julgada a providência cautelar) e está a ser organizado um abaixo assinado e uma campanha de informação à população. Foi criado um blogue, onde se podem conhecer os detalhes do processo e onde se encontra informação actualizada sobre as iniciativas levadas a cabo: http://amigosestadionacional.blogspot.com.

Agradecia a vossa participação na divulgação desta situação, é precisa ajuda para tentar travar esta apropriação privada de um espaço que é de todos. Está também disponível uma petição online em http://www.peticao.com.pt/golfe-no-jamor.

TRANSPARÊNCIAS


Em nome da transparência! Venho falar das transparências de corte e costura, na moda e na Câmara.

Há transparências que são fetiches, mas são belas! Põem-nos a sonhar com o que está para além da transparência e o elemento que provoca a transparência: esconde os defeitos, os pormenores, os contornos e a verdade total.

Nós queremos sempre mais.

Claro que estou a falar de roupa transparente sobre um corpo de mulher ou uma cortina transparente onde ela se esconde.

Adoro a transparência! Faz-nos sonhar com o que está escondido, com o belo, com o perfeito!
E se sobre a transparência juntarmos o movimento, uma dança sensual, então sim as coisas melhoram um pouco. Entramos também na dança com a cabeça… com o corpo… com a alma! E ora vê… ora não vê. Ora tapa… ora destapa. Um encanto!
Só falta um pouco de tempero com sal e pimenta para a coisa se dar. Então juntamos uma música suave de embalar, uns acordes de viola acústica ou violino. Nada muito elaborado, apenas umas notas.

O pior é aquela barreira, que embora transparente, nos separa do sonho, do perfeito, do pleno. Mas se a barreira desaparece e tocamos ou possuímos o maravilhoso acaba-se o sonho e levamos com a realidade nua e crua e é o fim da linha, já não há razão nem para o sonho nem para a nossa permanência.

A Câmara Municipal, para os políticos, é uma passerelle de vaidades! Entram cheios de boa vontade só falam em endireitar as finanças, em endireitar os serviços de Urbanismo, em transparências em compromissos com o eleitorado.

Mas estas vontades, estas transparências começam a esvaziar-se com o tempo.
Em nome da transparência António Costa anulou todas as acumulações de funções dos funcionários da Câmara e obrigou a novo pedido que indeferiu.

Consequência destes actos.
- Fechei a firma
- Despedi os cinco empregados
- Perdi clientes e amigos
- Paguei indemnizações
- Fui fiscalizado pelas Finanças. Nem eles acreditam, no que me aconteceu.

Mas baixaram os meus rendimentos e não é suposto deixar de pagar impostos.

- O meu sócio em nome da transparência também foi proibido de acumulação de funções, por dar aulas numa universidade, mas pagam-lhe exclusividade.

Em nome da transparência os arquitectos não tem freguesias atribuídas, mas como é impossível um arquitecto conhecer a história de cada buraco da cidade, defende-se com o PDM nos atendimentos e nos processos.

Em nome da transparência quem perdeu foi o munícipe porque deixou de ser informado plenamente, ficando apenas com o articulado do PDM, que já sabia.
Em nome da transparência a distribuição de processos é feita aleatoriamente pelo computador. Mas como é que colegas, os eleitos, estão sempre a levar com processos, e outros a esgravatar para levar com um.

Os processos das cunhas e dos amigos dos partidos que são poderosos não seguem as vias normais, são distribuídos pelos vendidos do sistema a troco da cenoura chamada nota do SIADAP ou outra que desconheço.

Quem é o responsável por eu informar menos processos?

Será o computador da distribuição?

Será que existe uma rede de desvio de processos?

Alguém apagou o meu nome das listas de distribuição de processos?

Eu acho que o computador deixou de ser transparente passou a ser opaco.

Estamos a iniciar um período negro! Cinzento! O fim do mandato e as pressões para aprovar os processos estão a chegar! É o fim da transparência.

É agora que ela vai mostrar as coxas…os peitos …É agora que ela mostra a bunda!

Acabou-se a transparência!

domingo, 28 de junho de 2009

A GRANDE ENTREVISTA (O final))

Jornalista: Senhor Presidente, ao longo desta entrevista, por várias vezes me falou na "nova cultura" e… sinceramente, ainda não percebi como funciona ou o que quer dizer com essa expressão… poderá V. Exa. explicitar o que quer dizer ou qual o conteúdo prático dessa expressão?

Presidente: Essa expressão tem que ver com a forma de estar do novo século. O Eng. Sócrates prometeu uma revolução tecnológica para o país e nós vamos ser os primeiros a fazer essa revolução na Câmara de Lisboa.

Este século que estamos a viver é o século da "realidade virtual" e eu faço questão de dizer que esta vai ser... já está a ser a realidade da CML.

Esta realidade em termos dos serviços de urbanismo passa por uma grande mudança na forma de estar... pelos comportamentos... pelo relacionamento entre os requerentes e os técnicos e pelo relacionamento entre estes e as chefias.

Não há necessidade nenhuma de contactos pessoais!

O requerente não tem que entrar em diálogo, ou mesmo conhecer, o técnico, nem este tem necessidade nenhuma de conhecer a sua chefia pessoalmente...

J.: Desculpe...o Senhor acha isso possível? Os funcionários não conhecerem a sua chefia pessoalmente...?

P.: Sim, sim! É perfeitamente possível! Aliás, já tivemos essa experiência...o Inspector Martelada, é Director de Serviços há bastante tempo e continua a ser um perfeito desconhecido para a generalidade dos funcionários. Conseguiu estar perfeitamente incógnito durante mais de um ano, o que atesta bem a sua capacidade inovadora e mesmo percursora dos novos comportamentos que se desejam.

Mas, a "nova cultura" é muito mais do que isso. A "nova cultura" implica terminar radicalmente com todas as relações pessoais dentro dos serviços. Não há necessidade disso, a tecnologia que temos permite-nos, actualmente, outro tipo de relacionamento... temos a Internet, o e-mail e até o mensseger, as pessoas podem comunicar entre si sem contacto pessoal, sem ruído...é mesmo até mais higiénico e saudável.

Estamos a pensar, nesta fase de transição, começar a sensibilização dos funcionários oferecendo a todos eles uns head-phones.

Posteriormente e no futuro, todas as ordens das chefias serão dadas via e-mail – esta medida já está a ser implementada em alguns serviços. Isto irá permitir que o conhecimento interpessoal seja dispensável, ou seja, o funcionário sabe que existe uma chefia, pode comunicar via internet/e-mail com ela, mas nunca a viu. Pode estar no café ou no restaurante ao lado do seu chefe e não saber que aquela pessoa é a sua chefia...a verdadeira realidade virtual.

Desta forma iremos conseguir uma maior concentração de todos os funcionários nas suas tarefas retirando-lhe toda a componente negativa das relações pessoais – os ciúmes, a intriga, as invejas, as preferências, etc...

As pessoas estão nos Serviços para trabalharem...eu diria mesmo...estão nos Serviços para pensarem que estão a trabalhar, que estão a fazer qualquer coisa de útil. Apesar de nós sabermos que todos eles são dispensáveis, é importante que eles se sintam parte da máquina.
Isto é, no fundo, aquilo a que eu chamo a "nova cultura" a cultura do século XXI ou seja a "realidade virtual". O importante não é que estes trabalhadores produzam ou façam seja o que for ou participem na formação das decisões – para isso estamos cá nós – o que é mesmo importante é que eles pensem que estão a participar nas decisões.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

AS GALERAS


E agora, para descontrair, ou para desanuviar o ambiente, como diz “O Arquitecto”:

Alfamix e Mourarix, devido ao seu comportamento irredutível na Coorte de Apreciação de Projectos de Palácios de Olisipo, tinham sido objecto de um sumário processo disciplinar instaurado pelo Governador de Província Antonius o Africano, após denunciados pelo “fiel” cão Estrategix.

É claro que esta saga se passa em tempos muito remotos, mas não tão antigos como o tempo em que os animais falavam, nada disso!

Sucede que o animal era de raça caçadora, daqueles que param estáticos perante a presa.

E quando o Governador lhe prometeu um apetitoso osso bucco e um bilhete para assistir às corridas de galgos no canidrium olisiponense, se apontasse quem eram os instigadores da revolta arquitectónica, Estrategix prontamente estacou perante os nossos dois heróis…

Mas o Grande Autarca podia ter-lhe oferecido apenas um pequeno aumento da ração mensal de biscoitos, o resultado teria sido o mesmo…

Naqueles tempos, os processos disciplinares não eram como os de agora, que se “limitam” a lançar uma forte carga pejorativa sobre os visados…

Neste caso, o castigo foi brutal: Os nossos heróis foram condenados a trocar as férias por um mês de serviço à comunidade, em regime de escravatura de mobilidade extrema, a remar nas galeras que faziam a travessia do Tagus, entre Olisipo e o Monte Ijo…

Um dia, estando atracada a galera ao Cais Colunae, Alfamix e Mourarix cavaqueavam, apresados por grilhetas aos restantes escravos que aproveitavam uma ligeira pausa para descanso entre travessias:

- Se apanho aquele cão, dou-lhe uma cacetada com um remo, amarro-lhe um calhau de Gesturbix Graniticus ao pescoço, e atiro-o ao rio! – ameaça Alfamix.

- Deixa-o lá, Alfamix, “iniuriarum remedium est oblívio” (A maior vingança é o desprezo), coitado do Estrategixzinho… Estava tão magrinho e raquítico, pode ser que ganhe umas libras, com mais uns ossitos…

A conversa é interrompida pela chegada de uma comitiva de legionários, transportando em ombros e com grande espalhafato o Governador Antonius o Africano, que embarca na galera.

O capitão-de-galera, estalando o chicote, anuncia estrondosamente:

- Escravos, prestai atenção e baixai as cabeças, Sua Alteza vai dirigir-vos a palavra!

E o Governador anuncia, magnânimo:

- Servos, tenho duas notícias, uma má e outra boa! Qual quereis ouvir primeiro?

- A boa, a boa! – exclamaram todos os escravos em uníssono.

- Hoje ireis ter ração redobrada para o almoço!!! Dois pastelinhos de javali para cada um de vós!

- Aaaaaahhhh! Que bom! – festejaram os escravos, mal disfarçando o enjôo – E a má?

- Depois da sesta, quero fazer ski…

“Nulla calamitas sola”… (Uma desgraça nunca vem só)

VAMOS À MUSICA


Eu sou duro de ouvido! Duro que nem uma porta!

Quando era puto pensava que sabia cantar, mas um dia fui expulso da aula de canto coral sem apelo nem agravo e acabou-se a mania.
A professora estava a escolher vozes para o coro da escola e lá fui eu com voz de frango assado

-Repita comigo.
- Lá… lá… lá… lá… lá… lá…lá
Eu lá repeti.
- Está a gozar na minha cara?...Ponha-se na rua … imediatamente! … Isto é uma aula!

Ainda hoje estou para perceber o porquê da expulsão. Eu não estava a gozar com ninguém!... Eu dei o meu melhor!... Eu até me esforçei! E deve ter sido por isso que fui posto na rua.

Ao ver o programa dos "IDOLOS" é que percebi a figura que devo ter feito, mas eu não me ofereci como voluntário, fomos todos ouvidos.

Há música que mexe connosco. Já me vieram as lágrimas aos olhos quando no Casino do Estoril, estava a ver uma exposição etnográfica e do silêncio rompe um grupo de mulheres a cantarem cantares populares acompanhadas com batuques de adufes.
Senti as minhas raízes naquela música!... Aquele som! … Tinha a ver comigo! Era meu!... O meu nascimento foi ao som desta musica!...Só pode!
Um dia, ia a passar na rua e da saudosa loja MELODIA saía um som maravilhoso da Orquestra dirigida por Leonard Bernstein tocava a Carmem de Bizet, entoava enchendo a Rua do Carmo. Foi um impulso, entrei na loja e pedi o disco que estava a tocar.


Dos poucos concertos a que fui, não aguentei! Vim para a rua no fim da primeira canção, rebentavam-me os tímpanos. Não suporto barulho, nem o ruído dos instrumentos sobre a voz dos quais não distingo nada! Não oiço música! Só barulho, que me entra na cabeça e faz perder os sentidos!
Eu gosto de ouvir boa música, mas tenho que estar bem instalado num sofá a relaxar e não pode ser com o volume no máximo.

Há restaurantes que dão musica aos utentes. Quando estão vazios a musica é calma e romântica, mas se começa a encher e têm necessidade de lugares... começa o som a aumentar, a batida a acelerar e o pessoal a dar aos dentes ao ritmo da música.
Recebemos ordens e estímulos de todos os lados. O pessoal do consumo tem tudo estudado até ao mais ínfimo pormenor.

Gostava de saber qual o critério para a selecção das musicas que passam nas rádios portuguesas? Resumindo, eu penso que é assim: Se é Português …Não presta! Já está!

O álbum dos Humanos com canções de António Variações foi rejeitado nas rádios. Só depois das canções se imporem na televisão e telenovelas, como o caso de "Dona Albertina" e das "Rugas" - e passar a ser disco de platina - é que admitiram passar o álbum!

Li recentemente uma notícia que me deixou indignado, sobre o último disco dos XUTOS a célebre "…Sem eira nem beira", dedicada ao engenheiro Sócrates.
A música foi varrida da rádio…os directores das rádios, proibiram a emissão da canção…

"…Senhor Engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão

Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer…"

Que cambada de serviçais que dominam as rádios? Pessoas sem coluna vertebral! Estes tipos são directores porque fazem o que lhes mandam. Não por pensarem com a própria cabeça!

Se o Sr. Engenheiro Técnico Sócrates, com licenciatura comprada na Universidade Independente, se sente tão incomodado com a canção, porque não tira conclusões e se emenda?

E não é que deixei mesmo de ouvir a canção!... Cambada de carneiros!

Será que voltamos ao antes do 25 de Abril? Só que agora a censura é feita pelos próprios directores das rádios. Uma vergonha!

"… Vivo com uma faca espetada nas costas, ai! Que bom que é…"

Dizia o Sérgio Godinho numa das suas canções.

Eu também tenho uma faca espetada nas costas.

Eu e todos os funcionários desta Câmara e pela cara do pessoal que encontro nos elevadores, no bar, na rua e na Divisão não é bom! Não é nada bom!

Mas isto é outra musica, daquela que pia fininho! Mexe com a nossa situação e com o futuro dos funcionários e das famílias!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um País à beira de um ataque de nervos!


Estou estupefacto!

Tudo parecia sob controle e...de repente...parece que tudo está a descambar.

Estive a ver as notícias e nem queria acreditar!

Como é possível que o Engº Sócrates tenha permitido a existência daquela Fundação?

Isto, parece os últimos tempos do Cavaquismo!

Uma Fundação privada que recebe CENTENAS DE MILHÕES de euros! Que ninguém sabe o que faz! Que ninguém sabe para que serve! Que ninguém sabe onde tem a sua Sede!

É demais! Eu não acredito!

A Presidente da Fundação (privada) é funcionária pública? Será que pediu acumulação de funções?

Uma coisa vos asseguro: Não é Arquitecta camarária! De certeza!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Por um ambiente melhor...

Outro video para desanuviar o ambiente da CML.

A LIMPEZA GERAL


Chegaram as empregadas da firma " Servilimpe", ás 5 da manhã, daquela 2ª feira, para procederem à limpeza do edifício, como era habitual, distribuídas por andares com os seus carrinhos tipo chá, café ou laranjada, panos do pó, esfregonas, baldes, enfim, tudo o necessário para engrandecer a firma de limpeza e pôr a brilhar tudo o que lhes passasse pela frente.

Os Vereadores estavam instalados, temporariamente, neste edifício da Rua do Ouro (Caixa Geral de Depósitos), enquanto as obras dos Paços de Concelho decorriam em consequência do incêndio, pelo que mais do que nunca era preciso mostrar brio e profissionalismo.
Espantoso!....O que é que aconteceu neste Gabinete? … Os móveis?... A carpete?...Os quadros? Isto não era assim!

Correu corredor fora, desceu as escadas e foi falar com a supervisora.

-D. Elvira! D. Elvira! Venha cá depressa…
-O que aconteceu rapariga? …viste algum bicho?...E sem dizer palavra pegou na mão da supervisora e levou-a ao gabinete… Olhe bem para este gabinete! …Esta abriu a boca de espanto e… fechou a porta dizendo:
- Aqui não entra ninguém!

Os móveis antigos, em pau-preto, todos torneados do Sec. XIX com puxadores dourados, originais, pertencentes às salas dos Vereadores nos Paços de Concelho, tinham desaparecido daquele gabinete e sido substituídos por outros tipo "IKEA".

As carpetes e os quadros também tiveram a mesma sorte, foram substituídos por outros comprados nalguma feira de ciganos ou armazém de qualidade duvidosa.
Pelas 8,30h da manhã chegou a responsável pelo Almoxarifado que foi posta ao corrente da situação.

Guardou as Chaves no bolso e ligou para a Polícia Judiciária, porque um crime daqueles tinha de ser investigado, e sendo ela a responsável pelo móveis, não poderia deixar impune este desfalque do Património Mobiliário Municipal.
Deixou indicação ao porteiro para quando a Sra. Vereadora chegar que a avisassem de imediato.

Muito embora tivesse sido pedido segredo dos acontecimentos, o facto é que a novidade se tinha espalhado, em surdina, por todo o edifício.

Quando a Vereadora chegou foi abordada pela responsável do Almoxarifado e… espantoso!
A Vereadora ficou indignada!

-Chamaram a Polícia Judiciária? Mas que disparate!... Quem deu autorização? ... Quem manda aqui?

E começou a dar raspanetes a torto e a direito!...

-Não deviam fazer isso sem me avisar! Eu é que mando! Eu é que decido o que deve ser feito. Eu! Fui eleita pelo Povo!...Percebeu?
- Sim Senhora Vereadora, percebi….Mas a responsável pelos móveis sou eu! E sou eu que tenho que prestar contas pelo seu desaparecimento. Estes móveis fazem parte do Património Municipal e eles têm que aparecer custe o que custar!

- O meu ordenado não chega, para as despesas de casa, quanto mais para pagar moveis daquele valor e roubados por outros!

- Dê-me a chave do meu gabinete. Solicitou a Vereadora

- Faça favor…Mas alerto que a responsabilidade é sua… e a destruição de provas é crime!
Depois de acalmada a contenda a Vereadora esclareceu … Os móveis não foram roubados por ninguém, fui eu que os mandei por no meu escritório particular nas Avenidas…É que ficam lá tão bem... E um silêncio sepulcral ficou naquela sala…. E agora?

A Almoxarifado, armou-se em padeira de Aljubarrota defensora dos móveis do Património Municipal e bateu o pé … Não queria responsabilidades ou eles regressavam ou então iria fazer uma exposição a justificar o seu desaparecimento…que iria ser desagradável para a Sra. Vereadora...E não admitia trocas daquela natureza!

Contrariada, lá teve que devolver os móveis, os quadros … quanto às carpetes disse:
- Como estavam velhas e rasgadas achei por bem deitá-las fora…já não estão na minha posse!
Propondo-se oferecer à Câmara as outras compradas nos armazéns do Conde Barão ou feira dos ciganos.

Eu não sei… mas já ouvi dizer que as carpetes estão dependuradas numa das paredes do seu escritório. Eu até já me ofereci, como empregado, a uma empresa de ar condicionado, para ir a esse escritório confirmar a existência das carpetes.

Há políticos que gostam de expor e demonstrar a sua habilidade e artimanha.
São os políticos da nossa cidade…

Não merecemos melhor!

Abençoada mulher do Almoxarifado a quem presto a minha homenagem!

O Nosso País no Seu Melhor

Caros colegas aqui vos deixo um video para que vejam e oiçam!

É só para dar um pouco de vida e alegria a este triste Blog...

http://www.videos.iol.pt/consola.php?projecto=27&pagina_actual=1&mul_id=13129491&tipo_conteudo=1&tipo=2&referer=1

terça-feira, 23 de junho de 2009

O MAU DA FITA


Há uns dias atrás tive conhecimento que está a decorrer uma investigação sobre um ex-colega no âmbito da tal sindicância que os nossos serviços de urbanismo têm sido alvo.
E qual o "crime" ou "delito" de que é suspeito ou acusado o Arquitecto?

O dito Arquitecto era detentor de uma quota num atelier de Arquitectura! Esse Atelier tinha a trabalhar Arquitectos que realizavam Projectos e assinavam os respectivos Termos de Responsabilidade! Esse Arquitecto trabalhava na Câmara e "eventualmente" terá participado na tramitação de alguns desses projectos!

Ai Jesus! Credo! Que pecado!

As virgens entraram em êxtase!

Se vivêssemos noutros tempos o dito cujo seria apedrejado na praça pública ou incinerado em frente da Igreja de São Domingos.

Que porcaria de sociedade é esta?

Olhem para cima! Vejam o nosso primeiro-ministro!
O nosso primeiro-ministro é o Chefe do Governo! Até aí tudo bem. Mas, simultaneamente é Secretário-Geral do Partido que lhe dá apoio na Assembleia da República! Neste caso não há incompatibilidade nenhuma. Está sempre a jogar em casa. Alguém me pode explicar para que serve uma Assembleia da República destas? Alguém promoveu uma sindicância a esta situação? Aqui não há conflito de interesses? Ele é o Chefe do Governo mas ao mesmo tempo é o sócio gerente do partido com maioria absoluta na Assembleia que tem como obrigação controlar o que o seu Governo faz.

Olhem para o Arquitecto Manuel Salgado.
Era detentor de um dos maiores Ateliers do País, com imensos projectos e interesses em Lisboa. Foi eleito Vereador responsável pelo urbanismo de Lisboa e ofereceu tudo o que tinha – Atelier, empresa e projectos – ao filho! Aqui não há incompatibilidades, nem sindicâncias, nem ministério público?

Olhem para os Colegas Arquitectos que, quando Santana Lopes foi eleito Presidente, se fizeram transferir para a Câmara de Loures (para lugares de chefia) e após a entrada de António Costa se fizeram transferir novamente para esta Casa, para lugares de chefia! Isto não é tráfico de influências? Aqui não há sindicância, nem ministério público?

Olhem para o Director dos "estratégicos"! Foi acusado e constituído arguido por abuso de poder! Que aconteceu? Foi-lhe instaurado algum processo disciplinar como está previsto na Lei? Não! Ele tem a confiança política do Presidente! Onde está a sindicância e o ministério público?

O mau deste filme é o Arquitecto que era sócio do atelier que fazia projectos para a Câmara com termos de responsabilidade de outros Arquitectos que trabalhavam para o referido Atelier! Afinal, convém perguntar: os Termos de Responsabilidade dos Arquitectos têm algum valor ou não?

O Salgado é bem mais esperto porque os projectos até tinham termos de responsabilidade dele – dos quais prescindiu a favor do filho!

Se não incomodar muito, solicitava um pouco mais de vergonha na cara a estes "chicos espertos" que fazem questão de fazer de todos nós os "parvos de serviço".

Por favor, deixem de incomodar quem trabalha...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O HOMEM DO CHIP


Eu tenho um amigo, que dizia ter sido raptado por extra terrestres e que lhe colocaram um chip na cabeça.
Faltava frequentemente ao emprego e dizia que a causa era as perturbações que o chip lhe causava.

Escreveu cartas ao Presidente da Republica, ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da Câmara.
Nessas cartas solicitou a todos umas indemnização de milhares de contos (no tempo dos escudo), porque tinha o tal chip…que ouvia vozes dos extra terrestres…mais as vozes dos chefes e dos vereadores e assessores…que não o deixavam descansar quer de dia quer de noite…provocavam-lhe dores de cabeça e muitas perturbações…e por isto e mais aquilo…enfim, um rol de razões a justificar a indemnização.

Todas as cartas tiveram resposta e ele exibia-as com orgulho convicto de que a indemnização iria chegar mais tarde ou mais cedo. Essas cartas de resposta trazia-as religiosamente na carteira, sujas e rasgadas nas dobras de tanto as abrir e fechar.
Um dia, tive curiosidade em ler as cartas, até parece que tinham sido copiadas umas das outras, embora com ligeiras diferenças todas continham a mesma ideia chave.

"Caro Cidadão
Compreendemos os motivos da sua estimada carta, lamentando de imediato o sucedido, o assunto foi analisado com todo o respeito e atenção… (e terminavam da mesma forma) … Vai ser encaminhado para os serviços competentes a fim de solucionarem o seu caso.
Com os melhores cumprimentos
F………."

Eu fiquei a pensar, qual será o serviço público que tem capacidade e competência para resolver um assunto destes? Para onde terá sido enviada a carta?
- Para o Departamento de informática?
- Para uma Junta médica?
- Para o Hospital de Neurocirurgia?
- Para o Hospital Miguel Bombarda?
Até poderá ser um assunto de Estado e poderá ser enviada para o Ministérios dos Negócios Estrangeiros ou do Exército?
Ou então para o Tribunal da Comarca
Ou ainda para os Serviços Sociais ou Junta de freguesia, sei lá!

Isto é um assunto deveras complicado e sem solução à vista, se eu trabalhasse na entidade, onde uma carta destas viesse parar, o que queria era ver-me livre dela. Enviava logo para outro serviço, cartas dessas são como bombas, podem rebentar nas mãos de quem as tem. E ter que aturar um maluco que escreve estas coisas é complicado.

E depois tem um pagamento!... E pagar é coisa que o Estado não gosta, tudo tem que ser bem justificado…com recibo e descontos na fonte…acrescido de IVA.

- Já foste ao médico? Perguntava eu com insistência.
- Sim dizem que é uma doença esquisita….Camarite municipalissima aguda.
- Uma doença dessas não tem cura. Retorqui eu.

Mas ele continuava com a história do CHIP e a contar a história a este e aquele.

Recentemente encontrei o meu amigo no Centro Comercial Vasco da Gama, junto à minha casa na zona dos Olivais Norte.
Bem vestido, sapato de vela, roupa desportiva do "Quebra-Mar" perfume Montblanc e com uma companhia de se tirar o chapéu!

- Galego! Dá cá um grande abraço! Apresento-te a Fáfá . Tenho grandes novidades! Tu nem vais acreditar!?.
-Tiraram-te o CHIP?
- Não…nada disso…acabei de receber três indemnizações por causa do CHIP (milhões de euros) Vamos fazer um cruzeiro (olhando para a beldade) até às Ilhas Fiji.
Fiquei boquiaberto! Eu, que trabalhei a vida inteira, mal tenho dinheiro para comer e pagar a pensão de alimentos dos meus filhos e este fulano com um golpe de génio tem o futuro assegurado!
Fomos beber umas imperiais num bar do Centro Comercial e lá me foi contando como tudo aconteceu:
- Isto aconteceu graças ao SIMPLEX, e ao SIADAP que põem os contratados do Estado a limpar todos os processos antigos, e pegaram nas minhas cartas e processaram os pagamentos. Melhor ainda depositaram na minha conta por transferência Bancária. Um descanso!
- Eu dou razão ao Sócrates O Estado funciona mesmo bem!
- Olha rapaz! Espero que gozes bem o dinheiro! Diverte-te!

Despedimo-nos com um forte abraço. Aproveitei e abracei aquela brasa, ainda com os peitos em ponta, que até despertou a juventude que há em mim! Juro que até fiquei com ciúmes do meu amigo.
Passado algum tempo, recebi um postal do meu amigo.

"Caro Galego,
O cruzeiro fez escala nas lhas Caimão, de onde me encontro a escrever este postal. Depositei o dinheiro numa offshore, fiz o mesmo que os fulanos que se abotoaram com o dinheiro da aprovação do Freeport. Não tem nada que saber! Se a mãe do Sócrates tem uma conta destas, eu também não lhe fico atrás.
Temos que aprender com os nossos políticos. Olha o Dias Loureiro! E o Cadilhe!
A minha amiga recebeu um convite para ir à Campanha do Santana para a Câmara. Prometeram-lhe um lugar de assessora para as festas de casamento do Santo António e não quis perder…vai ganhar mais do que o Vítor Constâncio. E se o Santana ganhar, prepara-te! É desta que a Câmara vai à falência.
PS: ela tem um fraco por ti vê se a encontras na campanha e aproveita"

E eu sempre pensei que este fulano era maluco, mas afinal maluco sou eu que já tenho a cabeça à roda com a tal Fáfá. Vou ter que agarrar numa bandeira e ir atrás dela. Eu que até sou do Bloco de Esquerda. As coisas que um homem faz por uma mulher. Grito pelo Santana com uma mão e com a outra faço figas atrás das costas!

E ao abrir a caixa do correio encontro novo postal, das ilhas Fiji, uma praia deserta, com palmeiras e em primeiro plano uma morena com chapéu de palha na cabeça.

"Caro Galego!
Depois da Fáfá me abandonar, até pensei que o cruzeiro se podesse tornar enfadonho. Mas afinal o mundo é pequeno, encontrei uns colegas lá da Câmara de Lisboa, do Serviço GEBALOS ou GEBALES ou coisa assim parecida é que não conseguem prenunciar o nome sem se desmancharem a rir. Não percebo. Tenho pena de que não estejas cá também. Temo-nos divertido à grande e à Francesa…é caviar…é champanhe francês …é marisco…grandes farras e bebedeiras de caixão à cova. Faz lembrar a nossa juventude. Têm uns cartões dourados lá do serviço, que ainda não foram cancelados. Nem a Maria José Morgado sonha!
As ilhas Fiji são um espectáculo já corremos as ilhas todas. Têm nomes bem engraçados estas ilhas…è Matacu, Vanua Levu, Kandavu, quando estamos com os copos começamos a dizer uns aos outros …Vai à ilha do Matacu! é só rir! Deve ter sido descoberta pelos Portugueses! Com estes nomes só pode.
Um grande abraço"

Hoje tinha a PJ à porta, até tremi. Queres ver que a sindicância ainda mexe! Queres ver que inventaram alguma coisa a meu respeito? É que eu até já ouvi dizer que a policia até põe droga nos bolsos para nos incriminar! Eu já acredito em tudo.

Mas afinal andam à procura do meu amigo! Fizeram o cruzamento de dados e agora, o meu amigo, tem de devolver a massa toda.

- Eu conheço esse senhor, é meu amigo, mas já não o vejo há muito tempo, deve ter ido para a terra. É de uma aldeia de Trás os Montes.

Não tenho meio de o avisar o melhor é continuar em terras do oriente.

Lá diz o ditado " O sol quando nasce é para todos mas a lua é só para quem a merece"

A GRANDE ENTREVISTA (3ª Parte)


Jornalista: Mas, Senhor Presidente, cada vez há mais chefias e assessores com viaturas camarárias e gasolina paga pelo erário público para uso privado. Todos os serviços estão concentrados neste edifício e teoricamente estas pessoas não têm deslocações de serviço, e se as têm, ocasionalmente, existem carros de serviço e motoristas para essas deslocações. O que me diz sobre isto?

Presidente: O que lhe digo é que o Senhor não pensa, não vê nada, enfim… ainda não entrou na "nova cultura".
As chefias e Assessores têm carros atribuídos da autarquia porque, principalmente nesta fase de transição, todos os dias têm que levar trabalho para casa. Está a ser pedido a estas pessoas um esforço enorme que não se esgota nas horas que passam nestas instalações, mas antes pelo contrário, se prolonga em horas extraordinárias nas suas casas, muitas das vezes com prejuízo das suas famílias.

J.: Não entendo. Peço desculpa, mas agora não estou mesmo a perceber. Sr. Presidente, na área do urbanismo, as referidas chefias têm uma vasta equipa de técnicos a trabalhar e a informar processos fazendo a "papinha toda" às Chefias… estas só têm que dar despacho aos referidos processos. Não estou a ver onde está a ser pedido esse enorme esforço a que o Senhor se refere.

P.: Pois… você não vê nada, porque está fora do espírito da "nova cultura".
Eu vou explicar-lhe.
Os técnicos que você diz que informam os processos e que fazem a "papinha toda" às chefias, que fazem? Informam os processos do ponto de vista técnico e pronto… têm o seu trabalho feito.
As chefias têm outras responsabilidades: primeiro têm que ver quem é o requerente e o técnico que assina o projecto. Têm que ver quais as relações entre eles e os seus antecedentes em processos na Câmara. Têm que ver pelo menos até à terceira geração quais as origens destas pessoas e como pretendem enganar o município. Depois desta fase têm que ver quais as ligações destas personagens ao técnico que informou o processo – almoços, prendas, processos anteriores, etc. e por fim têm que analisar todo o processo em termos de propriedade, legitimidade e proposta. Depois de todo este trabalho têm que ler a informação técnica de forma a puderem emitir um Despacho coerente e consciente. E muitas das vezes ainda têm que solicitar ao seu superior hierárquico opinião sobre o sentido do despacho. O Senhor acha isto pouco trabalho? O Senhor continua a dizer que a "papinha está toda feita"?

J.: Não! Não! De forma alguma... agora já começo a perceber... mas, mesmo assim... diga-me Senhor Presidente, esse trabalho não deveria ser feito durante o horário normal? Será mesmo necessário levar processos para casa... à noite, trabalhar ao fim-de-semana, enfim... criar tanto incómodo a tantas famílias?

P.: Meu caro, neste momento é necessário! Esperamos que dentro em breve com a implementação da "nova cultura" este esforço não seja necessário. Mas por enquanto é inevitável. As chefias durante o horário normal têm que fazer rondas periódicas aos serviços para ver como as suas orientações estão a ser postas em prática, têm que detectar os focos de instabilidade, têm que receber "requerentes prioritários"... enfim têm uma série de tarefas que com a implementação da "nova cultura" se irão diluindo e... temos esperança irão atenuar este esforço.

J.: Senhor Presidente, ao longo desta entrevista, por várias vezes me falou na "nova cultura" e… sinceramente, ainda não percebi como funciona ou o que quer dizer com essa expressão… poderá V. Exa. explicitar o que quer dizer ou qual o conteúdo prático dessa expressão?

TERMINUS RESPONSABILIS


Alfamix e Mourarix trabalhavam afincadamente, agarrados a uns calhaus de Gesturbix Graniticus. Aliás, nem outra coisa seria de esperar, face ao omnipresente controlo de actividade laboral por parte do Senador Cardosus Controlis, que detinha o pelouro dos Recursos Esclavagistas.

Estrategix, como de costume, controlava também, mas noutro sentido, não fossem os nossos heróis preparar alguma manobra que escapasse ao seu faro canino…

- Mourarix, ajuda-me a movimentar este grandessíssimo pedregulho, não consigo submetê-lo, por Servidorius! – exclama Alfamix, desesperado com a lentidão habitual da resposta do monólito.

- Talvez consigas, se tomares um golinho de poção mágica de persistência, já que não ma queres dar a mim… – responde a gozar Mourarix.

Nisto, vêm passar o Escriba-Mor Cordeirix, chefe da Coorte, assobiando descontraidamente, brincando com uma pedrinha de Gesturbix Graniticus, atirando-a ao ar com uma mão e apanhando-a com a outra, numa atitude desprendida que não lhe era usual, como quem caminha sobre a água conhecendo perfeitamente o caminho das pedras…

Seguia-O uma dezena de escravos, puxando desconsoladamente uma quadriga com um enorme menir em cima.

- Grande Escriba-Mor Cordeirix! Que fazeis, com esse calhauzinho? Tratar-se-á porventura de algum mini-projecto de alterações num qualquer tugúrio de escravo? – ironizam Alfamix e Mourarix.

- Claro que não, por Cavacus! Isto é um mega-projecto de um grande palácio, que vou entregar ao Senador Salgadus Maximus, para que o leve para aprovação no Senado! – responde o Escriba-Mor.

- Mas como cabe um projecto dessa grandeza numa pedrinha dessas? – espanta-se Alfamix.

- É fácil! Neste calhauzinho está apenas o Terminus Responsabilis do arquitecto que fez o projecto. Eu, o Senador e o colectivo do Senado não precisamos de mais nada…

- Como? Apenas isso? Por Oscarus Niemeyerus, que progresso! Será o início da queda do Império, com o tão propalado advento da era digital, e o fim da numeração romana? – espanta-se ainda mais Mourarix.

- Não tendes conhecimento das últimas, ó disponíveis arquitectos? – participa o Escriba-Mor, acrescentando com o gáudio resultante da informação privilegiada:

- Decorreu uma votação no Senado, por inspiração de um bloguista! Agora, basta apenas que um escriba analise se o Terminus Responsabilis está correctamente cinzelado, para que o projecto seja aprovado! A movimentação do processo está facilitada, basta eu atirar uma pedrada ao Senador Salgadus Maximus, e Ele agarra na pedrinha, mete-a no bolso da toga e leva-a ao Senado. Nem olha para ela! Simplex Maximus, pelo menos para nós, que somos os Decisores!

- O quê?! Mas, mas… e o projecto onde está? – pergunta Alfamix.

- Está ali, naquela quadriga, para que sejais vós a movimentá-lo, agora que ireis ficar reduzidos à vossa verdadeira condição de escravos…

Alfamix e Mourarix arregalam os olhos perante a imensidão do menir de Gesturbix Graniticus onde tinha sido cinzelado a pico grosso o aludido projecto, constatando de imediato:

- Mas… Escriba-Mor Cordeirix, este projecto é do famigerado arquitecto Trafulhix, como tal não deveria ser pelo menos objecto de uma ligeira apreciação por um arquitecto da Coorte? - desconfia Alfamix.

- Pois, isso não sei… - desdenha o Escriba-mor.

Alfamix e Mourarix, com aquele traquejo adquirido por muito tempo a partir pedra, logo detectam algumas imperfeições na superfície da grande tumba.

- Mas, reparai, Escriba-Mor… Não existem escadarias de emergência neste Palácio, os escravos têm de saltar directamente das janelas para a via. E os cortinados entre os salões são de veludo de Damasco, material altamente inflamável… Não seria de consultar a Guardiã Filomenix, do Regimento anti-Nero, criado depois do Grande Incêndio de Roma? – aponta Alfamix.

- Pois, isso não sei… sussurra o Escriba-Mor.

- E atentai bem nestas cavalariças… As rampas têm inclinação a mais, só as quadrigas com mais de 2 cavalos é que conseguem subir isto! E ainda por cima, não há espaço de manobra, têm de sair às arrecuas para a via pública, estou mesmo a ver os cavalos todos ensarilhados! E os espaços para as quadrigas são mínimos, as mulas vão andar aos coices umas às outras! E não há sítio para as birigas! O Grande Mestre Abreux, da Coorte das Cavalariças, nunca aprovaria isto! – acrescenta Mourarix.

- Pois, isso não sei… continua sussurrando o Escriba-Mor.

- E onde se colocam os despojos das orgias, se não há salão de resíduos sólidos? Vão atirá-los para a rua, tipo “água vai!”, na melhor tradição medieval? A Coorte das Quadrigas de Recolha de Lixo vai-se passar! – insiste Alfamix.

- Pois, isso não sei… responde o Escriba-Mor, num tom já mais audível.

- E as acessibilidades? Olhai para esta escadaria monumental, como irão os escravos com mobilidade reduzida superar este obstáculo nas suas liteirinhas de rodas? – insiste por sua vez Mourarix.

- Pois, isso não sei… continua gaguejando o Escriba-Mor, num tom agora perfeitamente audível.

- E a monumentalidade? Este palácio tem seguramente mais dois pisos que os restantes desta via, em total desrespeito pelas características palacianas homogéneas, mas isso não me espanta, sendo projectado por quem é… - remata Alfamix, já em desespero de causa.

- Pois, isso não sei… exaspera-se o Escriba-Mor.

- Mas, e agora reparo! – exclama Alfamix. - Este palácio irá ser construído no local onde existe o monumento do Grande Menir Fálico, erigido pela Ordem Maçónica da Grande Loja do Sexo (NR- entidade concessionária de um franchising de sex-shops, actividade que em muito contribuiu para o declínio do Império). Trata-se de um pujante ícone referenciado na Inventona Olissiponensis, com um pedestal duplamente esférico forrado com azulejos hispano-mouriscos e encabeçado com um belíssimo friso decorativo em gesso! Durante as penetrantes e profundas escavações, é fundamental garantir que o menir se mantenha erecto, no seu estado original! Não será de auscultar as virgens vestais, do NREF? (NR- Núcleo Residual Extremamente Fundamentalista)

- Pois, isso não sei… desiste o Escriba-Mor, para logo se recompor e retomar a sua habitual auto-confiança, determinado em pôr fim à argumentação:

- Bem, bem, tudo isso agora não interessa nada. O projecto está certificado, tem um Terminus Responsabilis do arquitecto Trafulhix, para mim basta! “Dura lex, sed lex!” (A lei é dura, mas é a lei)

- Mas então, a Coorte será esvaziada de competências… - conclui Alfamix.

- Sim, fala-se já na extinção da Coorte. Se as coisas correrem como planeado, ficaremos apenas nós os dois, o Senador Salgadus Maximus e Eu Próprio, neste imenso e deserto Palácio da Coorte de Apreciação de Projectos de Olissipo, a brincar ao coito e às escondidas, e a atirar pedrinhas um ao outro… - admite o Escriba-Mor.

- Mas, mas… E nós, pobres escravos arquitectos? – balbucia Mourarix já a fazer beicinho.

- Vós ides para as pedreiras de Gesturbix Graniticus… De facto, com este novo sistema vai ser necessário produzir muitas minutas para os Terminus Responsabilis que vão dar entrada na Coorte, e é urgente escaqueirar aqueles calhaus de Gesturbix Graniticus em milhares de pedrinhas pequeninas… - participa o Escriba-Mor Cordeirix.

Enquanto decorreu todo este contraditório, ninguém tinha dado muita atenção a Estrategix, mas a verdade é que o canídeo tinha seguido a conversa com ambas as orelhas arrebitadas.

E, munido daquele proverbial instinto de sobrevivência que já lhe conhecemos, tão caro a todos os da sua espécie, fixava idolatradamente, em pura adoração, a figura do Escriba-Mor, abanando-Lhe freneticamente a cauda, pensando com as suas pulgas:

- Já sei! Vou arranjar uma coleira com uma bolsinha pendurada, como os meus colegas São Bernardius do Império Helvético, e ofereço-me para transportar pedrinhas do Escriba-Mor Cordeirix para o Senador Salgadus Maximus, e vice-versa! Assim como assim, eles precisam de um animal de estimação para estas pequenas tarefas domésticas… E sempre vão continuando a cair uns ossitos ao fim do mês! Estou garantido, e os outros que se lixem!

“Habeat scabiem quisquis ad me venerit novissimus” (O último a sair, que feche a porta)

A VOTAÇÃO TERMINOU E O VENCEDOR FOI...

O NÃO!!!!!!

A pergunta era:

Tendo em conta que o Projecto de Arquitectura entra na Câmara com um Termo de Responsabilidade assinado por um Arquitecto, reconhecido pela Ordem, não deveria passar a ser analisado, somente, por um Jurista, em termos Jurídico-Administrativos?

E a participação foi a maior de sempre: 22 a dizerem que não! e 21 a dizerem que sim!

Espero que a questão vos tenha feito pensar!

Será que os Arquitectos têm lugar nas Câmaras como guardiões (ou será guardiães) do Templo da Arquitectura?

Sinceramente, não sei! Sou Arquitecto camarário e gostava de ser respeitado! Só isso! Mas nem isso me resta...

Os Arquitectos perderam, há muito, o respeito por eles próprios! Não só os camarários, mas todos os outros!

Digam-me lá qual é o Médico que admite que um outro colega médico vá ver se o seu "acto médico" está correcto ou não?

Digam-me lá qual é o Advogado que admite que um outro colega Advogado vá ver se a sua acção jurídica ou judicial está correcta ou não?

Digam-me lá qual é o Engenheiro que admite que um outro colega Engenheiro vá ver se o seu projecto de Engenharia está correcto ou não?

Para os Arquitectos, tudo é diferente...os colegas camarários controlam, criticam e reprovam. E, como se não bastasse, os Bombeiros também controlam, criticam e reprovam...e os Geógrafos também controlam, criticam e reprovam...e os Juristas também controlam, criticam e reprovam...e os Engenheiros também controlam, criticam e reprovam...e os políticos também controlam, criticam e reprovam!
Basta! Até quando senhores Arquitectos da Ordem e não só, vão permitir esta subserviência?
A Arquitectura é a primeira das Artes!!!!

domingo, 21 de junho de 2009

A Anedota do fim-de-semana

Enquanto suturava um ferimento na mão de um paciente idoso, o médico estabeleceu conversa com ele sobre o País e, como era inevitável, sobre o Primeiro-Ministro.

A certa altura o paciente disse: - Bom, o senhor doutor sabe, o primeiro ministro é como uma tartaruga em cima dum poste...
Sem saber o que é que ele queria dizer, o médico perguntou o que queria dizer com isso de uma tartaruga num poste. E o paciente respondeu:

- É quando o senhor vai por uma estrada, e vê um poste com uma tartaruga tentando equilibrar-se no cimo dele. Isso é que é uma tartaruga num poste...

Perante a cara de interrogação do médico, o paciente acrescentou:

Então é assim:

O senhor doutor,
- não entende como ela chegou lá;
- não acredita que ela esteja lá;
- sabe que ela não subiu, para lá, sozinha;
- sabe que ela não deveria, nem poderia, estar lá;
- sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
- e não entende por que a colocaram lá!!!

Perante isto tudo, o que temos que fazer é ajudá-la a descer e providenciar para que nunca mais suba, pois, lá em cima, definitivamente, não é o seu lugar!

sábado, 20 de junho de 2009

Outros Locais Com Interesse

Nós somos muito exigentes!

Não são todos, aqueles, que conseguem ser considerados interessantes pelo Conselho de Redacção! Isto deve-se, principalmente, à nossa Chefe de Redacção, que é uma pessoa extremamente exigente!

Mas, desta vez conseguimos!

Um novo link!!! Aqui à direita passa a existir uma ligação directa ao Blog "Ambio"! Trata de questões de ambiente, urbanismo e não só!

Os nossos parabéns aos autores.

Não te esqueças de passar por lá!

Aconselhamos a leitura do post sobre o Terreiro do Paço que se localiza no tema "Arquitectura paisagista".

É interessante!

As Notas


É incrível, mas é verdade!

As "notas", actualmente, passaram a ser a coisa mais importante das nossas vidas!

Por um lado são as "notas" que nos fogem da carteira! Chegamos ao fim do mês e as "notas" já foram todas...foi a prestação do T1 do Cacém...foi a Natação dos pequenos...foram as explicações do mais velho...foi o IMI...foi a Conservação dos Esgotos...foi o IRS...foi a prestação do automóvel e...o Seguro...e a inspecção periódica e o telefone e...o telemóvel e...a TV e...o Gás e...a água e...a electricidade e...a mulher a dias e...o supermercado e...tudo o mais que cada um de nós não prescinde!
E depois, existem as contas que gostariamos de prescindir, mas não podemos! Estou-me a referir (vocês já sabem) às malditas quotas da Ordem dos Arquitectos!

É incrível, mas é verdade!

Recebemos a 24 e chegamos a 31 sem "notas" na carteira!

As "notas" são o nosso problema! As "notas"?... Ou a falta delas...?

Nesta altura do ano temos outro problema! As "notas" dos nossos filhos...é um stress! Os nossos filhos têm que ser os melhores! As "notas" deles transformam-se na coisa mais importante...

O nosso ego assim o exige! O meu filho tem que ser o melhor! Lá vão "notas" para a "nota"...explicações...noites sem dormir...mas valeu a pena...ou não! Depende dos casos.

As "notas" (dos nossos filhos) são o nosso problema! As "notas"?... Ou a falta delas...?

E, como se não bastasse, agora temos as "notas" no emprego! Outro stress!
Quem é que é melhor que eu?
Eu sou o maior! O mais competente! O mais responsável!
Mas quem é este para me avaliar?
Isto é uma vergonha! Estão todos feitos! Eu sou o maior! O melhor!

As nossas "notas" são o nosso problema! As "notas"?...Ou a falta delas...?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Não estamos no Irão - o teu voto conta!

Atenção!

Senhores visitantes, está em curso uma votação importantíssima!

O prazo está a terminar - FALTA SÓ UM DIA - e a disputa nunca esteve tão renhida: 20/20

Não estamos no Irão! A votação é mesmo a sério! O teu voto conta!

A pergunta e o voto estão aqui, na coluna do lado direito.

Vota já, pois o prazo está a terminar! SÓ FALTA UM DIA!

O Jardineiro (A história da crise)


INTRODUÇÃO

Hesitei bastante antes de publicar esta história… Por ser um pouco grotesca e rude.
Mas vejo que está cada vez mais actual e se aplica aos nossos políticos, quer Camarários, quer do Governo, quer mesmo da Ordem dos Arquitectos.

Eles entram nos gabinetes triunfantes e começam a disparar em todas as direcções:
São os maiores! Se a lei não permite fazer o que tem em mente…Altera-se a Lei!
Eles mudam os sistemas informáticos por outros iguais mas que são dos amigos financiadores dos partidos… Está combinada a adjudicação!

É o GPLO depois veio o GESTURBE e a seguir vem PORTAL AUTARQUICO!

Eles mandam parar obras, concursos e adjudicações só para virar as agulhas para os amigos! Pagam indemnizações e fica tudo resolvido!

A Napoleão mandou embargar duas obras, lá para os lados do mercado de Benfica, cujos lotes foram vendidos pela própria Câmara e abrangidos por loteamento aprovado e os quais são atravessadas por um canal de uma ribeira.
Quando for para pagar a indemnização aos construtores gostava de saber se lhe vão pedir responsabilidades a ela? Ou será o erário Público (nós) que temos de pagar estas atitudes irresponsáveis!

E o concurso do Prolongamento da Av. dos Estados Unidos? Ganho pela empresa do Fontão de Carvalho… a Alves Ribeiro claro! Quem havia de ser?
E a história do túnel do Marquês?
E agora a do Terreiro do Paço?
E a da Matinha?
E a EPUL e o Hospital da Luz? (até alteraram o PDM!)

Cala-te boca…Bem, mas vamos à história antes que solte a língua e...a introdução já vai longa.

A HISTÓRIA

Antes de desempenhar as funções de Arquitecto na Câmara, entrei como jardineiro, estratégia usual na época para se entrar nesta casa.
Trabalhava comigo um camarada de Unhais da Serra, que não tinha modos nem educação.

Na cantina, quando a conversa não lhe interessava, alçava a nádega e PUM! Os companheiros irritados pegavam nos tabuleiros e saíam da mesa e diziam-lhe em surdina:
- És um porco! Um Bandalho!

Quando chegava à cantina e não tinha lugar começava a avisar.
– Eu não gosto de refeições frias! Não há lugares…? Eu já vos conto como é!

E em redor das mesas começava uma sinfonia de sons a acompanhar o compasso do andamento PUM! TRRUM! TUM TUM!

Oh! Abre!... Era ver alguns dos companheiros a largar os tabuleiros e desertar porta fora! Não se pode comer em paz e aos berros vomitavam uma catrefada de nomes ao Unhais. - Ordinário!... Porcalhão!... Não tens vergonha na cara!
E os lugares apareciam… como por milagre!
Outros com maior estômago lá conseguiam aguentar e continuar a refeição como se nada acontecesse.

Quem não gostava da brincadeira eram as empregadas da cantina que tinham que retirar os tabuleiros das mesas.
– Os tabuleiros são para arrumar! Gritavam elas, desesperadas.

Uma vez a coisa até tem graça, mas este comportamento repetia-se sempre que se verificavam as condições, o que passou a ser um problema. Até já tinha sido nomeada uma comissão de utentes para dar solução ao problema.

Um dia, numa manhã fria, até o trabalho ajudava a aquecer, estava o Unhais a cavar com outro parceiro ao lado, tudo certo cadenciado…Cavadela ao lado de cavadela…E de repente… Fruto de uma feijoada na noite anterior, uma vontade forte de largar uma das suas bombas!

Olhou para o parceiro e pensou: - Vais cair para o lado! Vais morrer de susto…Vais pensar que rebentou a terceira guerra mundial… E com a enxada no ar iniciou o movimento…E é agora! ………………..POFFFF………………...
Um fiasco! Comparando com as expectativas!
Saiu-lhe o tiro pela culatra…

Sentiu as pernas quentes e molhadas e algo estranho nas galochas. Tentou levantar a perna e CHOC…CHOC…
- Olá, este tem acompanhamento!

As calças estavam coladas às pernas.
O colega apercebendo-se da situação alertou o resto da turma que se juntou para gozar o prato.
- Esqueceste-te das fraldas?
- Estás roto?
- Vai à mãezinha que te lave o traseiro com água das malvas!
- Cheiras a Chanel 5!
E metendo o rabinho entre as pernas, calado que nem um rato, lá foi o Unhais a caminho de casa, que por acaso ficava bem perto do local de trabalho.

- Ó homem! O que te aconteceu? Cuidado não pises o chão que está encerado!
- Cala-te mulher! Não me digas nada!

E lá foi enfiar-se vestido e calçado dentro da banheira, deixando um rasto nauseabundo pelo caminho e pelo corredor da casa.

O Unhais mudou de emprego e de casa para nunca mais ser visto pelos colegas.

MORAL DA HISTÓRIA

Ora digam lá se não acontece o mesmo com os nossos queridos políticos?

Fazem a borrada e depois desaparecem e ficamos nós enterrados até ao pescoço para sair dela.

Olhem o Sócrates! Arrogante e prepotente era o maior …Agora parece um cordeirinho a preparar-se para as eleições.

E o pior é que ficam sempre sem castigo, vão para gerentes de qualquer coisa e fazem como Dias Loureiro, Constâncio, Oliveira e Costa, Rendeiro, Armando Vara, Cadilhe, etc.…E sugam-nos até ao tutano.

Vejam a Ordem dos Arquitectos! Alguém sabe das "borradas" que a Helena Roseta e o Paulo Pais andaram a fazer por lá? Já apresentaram as contas? Não! Já estão noutra! (Já mudaram de casa). Ela já é Vereadora e nas próximas...ele também será (por enquanto vai sendo só Director)! Querem apostar?

Quem vai pagar (está a pagar) estas borradas da Ordem? Somos todos nós que ganhamos aquilo que todos sabemos e nem trabalhar podemos.

É a CRISE meus amigos!

É a CRISE!

A GRANDE ENTREVISTA (2ª Parte)


Jornalista: E o que acontecerá a todos aqueles que não se adaptarem à "nova cultura"?

Presidente: Bom... esses terão que ser eliminados. Mas eu estou convencido que a grande maioria vai compreender e aceitar. Esta é uma característica do povo português: é um pouco avesso à mudança... de início reclama, refila... mas passados uns meses tudo volta à "normalidade". Além disso já se começa a notar a diferença.

J.: Sr. Presidente, duas questões: primeiro, com as baixas da ocupação, com aqueles que saem, com os que fogem e que são eliminados... como vai ter funcionários competentes para dar resposta ao trabalho crescente que a nova legislação implica?
Segunda questão: não entendo onde é que o senhor já vê diferença nos Serviços após seis meses da ocupação.

P.: Em relação à sua primeira questão tenho que lhe dizer que há já muito tempo que pensámos nisso e portanto já temos completamente preparado um batalhão de recibos verdes, pronto a entrar para o activo da câmara.
Neste momento temos em preparação, no âmbito da nossa Juventude, um segundo batalhão de recibos verdes, que entrará em funções caso haja necessidade.
Em relação à segunda questão, estou em condições de lhe assegurar que já há mudanças significativas nos Serviços. Já se nota em muitas divisões, um verdadeiro ambiente de trabalho… funcionários concentrados nas suas funções com head-phones nos ouvidos, ignorando completamente o ambiente exterior…

J.: Desculpe, Sr. Presidente, … não percebi. O Sr. considera que as coisas mudaram, e que os serviços melhoraram, somente pelo facto dos funcionários se isolarem?

P.: Não… Não! Nada disso. Aquilo que lhe estou a dizer é que já se notam diferenças de comportamento nos funcionários que vão no sentido da "nova cultura" que queremos implementar… e esta mudança deve-se essencialmente à acção das chefias intermédias que nós colocámos de forma estratégica. Note que todas estas chefias foram formadas por uma das nossas mais altas patentes, ou seja, a Eng.ª Isabel que comandou a nossa primeira invasão.

J.: Senhor Presidente, falemos de coisas mais concretas; existem inúmeras queixas dos funcionários do Edifício do Campo Grande em relação ao funcionamento e organização do próprio edifício. O que é que nos pode dizer sobre isso?

P.: Desculpe, mas disse-me que íamos falar de coisas mais concretas e de seguida não especificou coisa alguma... afinal, o senhor está a falar de quê?

J.: Peço desculpa Sr. Presidente, mas estou a falar de elevadores que se encontram desligados há meses... de esperas de 15 minutos por um elevador... da falta de lugares de estacionamento no interior do edifício obrigando os funcionários a pagarem à EMEL... do parque de estacionamento estar praticamente todo ocupado com viaturas atribuídas às chefias e aos assessores...

P.: Em relação a esse tipo de questões, como deve calcular, não são coisas que eu, como Presidente, tenha que resolver ou tenha mesmo conhecimento. Existe um Departamento para tratar desse tipo de assuntos.
Contudo, e devido ao facto do gabinete do meu camarada e amigo Manél se localizar na zona mais afectada por esse tipo de problemas já tive conhecimento do que se passa e já estamos a tomar as medidas adequadas para os resolver.

J.: E que medidas são essas?

P.: Bom,... Estamos a pensar implementar um modelo de acesso condicionado aos elevadores. Desta forma a generalidade dos funcionários utilizará o acesso pelas escadas o que lhes proporcionará uma boa oportunidade de realização de exercício e consequentemente uma melhoria da sua condição física libertando assim os elevadores para as chefias, pessoas de mobilidade condicionada e visitantes. Com esta solução todos ficam a ganhar: os funcionários fazem exercício físico melhorando a sua condição física e as chefias ganham algum tempo precioso para o desenvolvimento das suas inúmeras tarefas.

J.: E sobre a ocupação quase total do estacionamento por viaturas atribuídas a chefias e assessores em detrimento dos lugares para os funcionários... o que pensa fazer?

P.: Em relação a isso já tomei uma primeira medida, ou seja, nomeei uma comissão independente para investigar todos os funcionários que se deslocam em viatura própria para o Serviço… isso não é normal… tendo em conta os ordenados que estes funcionários auferem como é que é possível que se desloquem em viatura própria em vez de virem de transporte público ou mesmo de bicicleta? O Senhor já viu ao preço que está a gasolina? Como? Como é possível que tantos funcionários tenham dinheiro para se deslocarem diariamente em automóvel próprio? Tenho a certeza de que só é possível devido à corrupção maciça que falávamos no inicio.
Nós consideramos que é muito saudável o exercício físico, o Joging matinal, vamos incentivar todos os funcionários a que o façam diariamente a caminho do seu emprego… a pé, de bicicleta, sem poluição… todos ficamos a ganhar.

J.: Mas, Senhor Presidente, cada vez há mais chefias e assessores com viaturas camarárias e gasolina paga pelo erário público para uso privado. Todos os serviços estão concentrados neste edifício e teoricamente estas pessoas não têm deslocações de serviço, e se as têm, ocasionalmente, existem carros de serviço e motoristas para essas deslocações. O que me diz sobre isto?
(Continua)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

CHAMUÇAS SALGADAS


Estou de rastos, acabo de sair do consultório médico com prognóstico muito reservado!
"-A sua vida está em risco…Tensão alta…Colesterol elevado…Um sopro no coração…Arritmia!
A sua vida está em perigo e à beira de um AVC."

Estas chamuças salgadas dão cabo de mim! São fritos e mais fritos e, ainda por cima, salgados e picantes, dão cabo da minha saúde! Arrasam-me os nervos! E a paciência!

Quem me manda a mim fazer análises? É claro que se as não tivesse feito, não sabia destas coisas! E andava mais descansado! Nem tinha que dar ouvidos ao médico!

"- Comida saudável! Caro Galego! Dieta rigorosa para acabar com o seu sofrimento! O Galego tem que comer saladas…sopa…e fazer oito refeições por dia."

Não sou eu que faço as minhas refeições…eu como fora todos os dias, e dão-me chamuças salgadas, com sebo da carne de cordeiro!

É que, misturas destas são explosivas para a minha saúde.
Não tenho tempo, nem dinheiro, para três refeições, quanto mais oito!

"-Ande muito…Vá para o ginásio e pratique desporto!...Queime calorias!
Vá a pé para a Baixa da Banheira! Passeie pelo Parque da Quimigal e respire aquele ar com cheiro a enxofre e a amoníaco que até lhe abre os pulmões !"

Eu gosto é de estar na praia, de papo para o ar, comer fruta tropical e beber sumos frescos! E de vez em quando uma lagosta ou sapateira cozida com vinho verde ou cerveja. Mas quem é que não gosta?
Para compor a pintura façam favor de por uma morena em topless ao meu lado. Faz bem ao coração e à circulação sanguínea, faz correr sangue nas veias, estão a ver?

Eu penso…Eu gostava… Eu queria…fazer uma vida saudável, livre, dar opiniões sobre as coisas, por no papel as minhas ideias, mas não!

Eu já não penso, nem gosto, nem quero… enfiam-me chamuças salgadas pela goela abaixo, disfarçadas com carne de cordeiro seboso.

Algumas vêm do exterior embrulhadas em papel de alumínio, fabricadas por altas patentes (tipo processo externo), outras são de fabrico próprio. Mas são todas chamuças salgadas e picantes.
Uma catrefada de medicamentos …três ao pequeno almoço…dois ao almoço e mais um ao deitar e este cor-de-rosa de oito em oito horas…estou mesmo a ficar baralhado…velho!

Será que vou ficar dispensado de comer chamuças salgadas feitas com carne de cordeiro seboso?
Ainda tenho as palavras do médico gravadas no cérebro "- Não se esqueça a sua vida está em risco…tensão alta…colesterol elevado…um sopro no coração…Arritmia! A sua vida está em perigo e à beira de um AVC".

Será que esta doença dá direito a reforma?
Reforma?...estás maluco galego? Ainda és um jovem, tens muito que contribuir para o bem-estar da sociedade e equilibrar os cofres da Segurança Social.

Doente e podre que nem um diospiro!

Obrigado a pagar as quotas à Ordem, sem proveito!

Obrigado a exclusividade sem renumeração!

Obrigado a pagar a pensão de alimentos das crianças!

Levar com as queixas da ex-mulher e da namorada!

E o fim do mês a fugir-me do horizonte!

O que eles querem é que eu MORRA!

Fiquem descansados, que mesmo debaixo da cova, hei-de mandar e-mails e posts, só para chatear as chamuças salgadas e picantes feitas com carne sebosa de cordeiro que se fazem em Lisboa!

Ser Arquitecto camarário! Até quando?

Apesar da imagem romântica do Arquitecto, como ser criador, com liberdade criativa, com cultura e com êxito, que leva a que o Curso de Arquitectura seja um dos mais desejados...a realidade da vida é bem diferente!

Há largos anos que temos:

Arquitectos que são Arquitectos/Professores;
Arquitectos que são Arquitectos/Jornalistas;
Arquitectos que são Arquitectos/Cantores;
Arquitectos que são Arquitectos/Artistas;
Arquitectos que são Arquitectos/Políticos;


E muitos outros que são Arquitectos/qualquer coisa.

Muito poucos Arquitectos são mesmo e só Arquitectos.

Para além destes grupos que enumerei há um outro tipo de Arquitectos:

Os Arquitectos camarários!

Mal remunerados e com má fama, são os "fiscais" do trabalho de todos os outros que fazem Arquitectura.

Não podem fazer mais nada na vida e têm que sobreviver com o ónus de serem considerados corruptos pela generalidade da sociedade e o mísero vencimento que "generosamente" as autarquias lhes pagam.

Até quando?

Hoje fala-se muito de sustentabilidade! Até quando é sustentável manter esta situação de evidente injustiça social e profissional?

Reflexões do Deserto

Hoje, um colega veio ter comigo a dar-me conhecimento de uma "informação técnica" redigida por uma colega dos "estratégicos" (Colega que conheço há muitos anos!).

De forma sorridente, pediu-me um comentário no Blogue.

Mais tarde, vi a dita informação e achei interessante! Uma "informação técnica", académica, equiparável aos trabalhos de área de projecto do meu filho, que anda no 12º ano.

Mostrei à Chefe, que de forma imediata e repentina mostrou a sua personalidade – mesmo antes de ler ou ver – usou a dita informação como arma de arremesso às minhas curtas e objectivas informações!

Que posso eu comentar ou dizer?

Perante colegas assim que fazer?

Chorar? Lamento mas não posso!

Perante a realidade desta Câmara Municipal e destes colegas Arquitectos e Arquitectas – que redigem informações destas, que me encomendam comentários, que me atacam sem ver ou lerem o texto - que posso eu fazer?

Lamento! Mas chorar não posso!

Há muitos anos que se esgotaram as minhas lágrimas! Há muitos anos que assisto a esta "feira de vaidades" em que os meus iguais fazem questão de viver.

Sejam felizes!

terça-feira, 16 de junho de 2009

A GRANDE ENTREVISTA (1ª Parte)


Nota prévia: A presente "entrevista" foi realizada há um ano atrás.
Por motivos óbvios, não foi possível publicá-la. A gentileza de "O Arquitecto" ao convidar-me a participar neste blog permitiu, agora, a sua publicação. O meu obrigado.

O Jornalista: Sr. Presidente, há uma primeira pergunta que se impõe: Porquê e agora esta invasão dos Serviços de Urbanismo por parte das suas forças?

O Presidente: Meu caro, primeiro que tudo o Sr. não me fez uma pergunta, mas sim duas. O "e" faz toda a diferença.
Em relação à primeira pergunta – o porquê desta invasão – ela está respondida há muito tempo: quando eu me candidatei à Presidência da Câmara, eu afirmei que só viria para a Câmara se fosse como Presidente, pois não estou para perder anos da minha vida em lugares sem qualquer interesse, lugares onde não há um poder efectivo. Ou seja eu sou uma pessoa vocacionada para o exercício do poder e pertenço a um Partido, também ele vocacionado para esse exercício.
Para exercer o meu poder como Presidente da Câmara preciso de pessoas da minha confiança política que transmitam as minhas ordens e orientações e, logicamente, essas pessoas são os meus camaradas.
Eu não vim para a Câmara para perder tempo, mas antes, para implementar as medidas necessárias para uma verdadeira transformação da realidade existente que é caduca e ultrapassada.
Eu pretendo colocar a Câmara no século XXI, o século que já não é tecnológico mas sim nanotecnológico... muito á frente da actual realidade.
Em relação à sua segunda questão – porquê agora – o que tenho a dizer-lhe é que a ocupação não estava prevista para agora mas somente para o início do meu segundo mandato. Aconteceu, porém, que os relatórios dos nossos serviços secretos apontavam claramente para a existência de corrupção maciça nestes serviços.
Infelizmente, ou felizmente... houve uma fuga de informação para a opinião pública da existência desta corrupção maciça e tornou-se inevitável a nossa intervenção... repare bem: tínhamos pessoal preparado, tínhamos a estratégia delineada e tínhamos também um motivo perfeitamente válido e justificativo perante a opinião pública. Que mais podíamos pedir? Quem sabe se a situação não se viria a alterar até ao próximo mandato? Era totalmente aconselhável fazer a intervenção já.
Além do referido é de salientar que já tínhamos a experiência da primeira ocupação feita nos tempos de João Soares e Margarida Magalhães que apesar de não ter sido concluída nos deu muitos trunfos, pois, permitiu-nos manter nos serviços muitos infiltrados e portanto uma informação muito mais detalhada da realidade existente.

O J.: Portanto, aquilo que o Sr. Presidente nos está a dizer é que o motivo principal da ocupação se deveu à existência de corrupção maciça nos Serviços.

P.: Exactamente! Não podíamos permitir a existência de corrupção maciça nos serviços de urbanismo. Impunha-se uma intervenção rápida e eficaz de forma a terminar com este mal de uma vez por todas. Retirámos todas as Chefias – com excepção dos nossos infiltrados – e colocámos no seu lugar pessoas da nossa confiança política.

O J.: Mas... Sr. Presidente, já passaram quatro meses e que se saiba não foi encontrada até agora a referida corrupção maciça.

P.: Sim, isso é verdade, mas estamos convencidos que havemos de a encontrar. Temos várias equipas de especialistas a trabalhar no terreno em estreita colaboração com os serviços secretos. A popularmente conhecida sindicância vai prosseguir e nem que tenhamos que recuar ao tempo do Abecassis, nós havemos de encontrar a "corrupção maciça"!

O J.: Sr. Presidente, tendo em conta a violência da ocupação, fale-nos um pouco sobre os danos ocorridos.

P.: Danos? Não me ocorre que tenhamos sofrido algum dano a não ser o facto de um dos nossos infiltrados ter sido atingido ligeiramente – estou a referir-me ao Zé, que foi um caso exemplar de perseverança e luta – manteve-se infiltrado durante vários anos a dirigir uma das nossas mais importantes células e por fim foi ligeiramente atingido, mas julgamos que há sérias hipóteses de recuperação…
O nosso inimigo é que sofreu um rude golpe, praticamente não ofereceram resistência. Neste momento podemos dizer que a situação está completamente controlada, apenas sobreviveram alguns franco atiradores… mas estamos a tratar do assunto e com o tempo e a progressiva implantação da "nova cultura" eles irão sendo eliminados ou retirar-se-ão por sua própria iniciativa.

O J.: Sr. Presidente, então quando é que vai começar a implantar essa "nova cultura"?

P.: Já começámos, como é evidente!

O J.: Não estou a entender. Pode explicar melhor?

P.: Então, logo após a ocupação dos lugares de chefia procedemos à alteração da Estrutura existente por uma nova estrutura mais de acordo com os nossos objectivos.

O J.: Desculpe, Sr. Presidente,… mas a Estrutura continua a ser a mesma.

P.: Você está enganado ou então anda distraído. Então acha que a estrutura actual é a mesma?
O meu camarada e amigo Manél já explicou isto muito bem…
A Estrutura dos Serviços que existia era e é a Estrutura "Legal" mas nós já implantámos a Estrutura "Real"… nesta fase de transição teve que ser assim…mas nós não queremos ficar por aqui… o nosso objectivo é chegar à Estrutura "Virtual" que é uma ideia muito mais interessante.
Não nos podemos esquecer que estamos no século XXI o século da "realidade virtual". É esta a realidade que queremos implantar.

O J.: Sr. Presidente,… desculpe.. mas agora é que eu não estou mesmo a perceber. A "realidade virtual"? Estamos a falar do Urbanismo da Capital de Portugal que não é nada virtual mas, antes pelo contrário, muito real.

P.: Meu caro, você é, exactamente, uma das pessoas para quem nós estamos a trabalhar. "Não percebo… não estou a perceber…", você ainda não percebeu a nova cultura. É a pensar nas pessoas como você que nós temos em preparação um vasto programa de reeducação com um vasto conjunto de acções de formação.

O J.: E o que acontecerá a todos aqueles que não se adaptarem à "nova cultura"?
(Continua)

O meu Arraial


Era véspera de Santo António. Resolvi fechar as portas às marchas da Avenida e ir até Alfama cheirar a tradição!
Bem... a Alfama é favor! Quando cheguei ao Largo da Sé rodeado de um cardume de gente aos empurrões… arrepiei caminho!

Barracas vermelhas, encostadas aos cantos, secavam os barris de cerveja em cima dos forasteiros.
De vez em quando, o cheiro a sardinha assada, entrava-me nas narinas!

Mas o meu braço era curto!

Lá fui pisando copos de plástico ao som do Quim Barreiros…de um Conjunto Galego…D’avince…Musica Rasca…Musica Brasileira… Enfim, uma miscelânea de culturas, mas Fado não!

Corpos de mulheres lindas, arrastando bêbados dançavam e tropeçavam levando-me a entrar no ritmo e na bagunçada!
Grupos de estudantes com as namoradinhas bem presas à cintura farejavam novidade! E bebiam cerveja à molhada! Tradição… onde pára?

O suor de tal esforço, entranhou-se na roupa e eu furei, furei, furei até chegar ao portão do Bairro do Castelo. Olhei para trás e não me lembro de ter visto uma única banca onde se vendesse um copo de vinho tinto!
Apenas o cheiro a sardinha assada tinha entrado nas narinas, muito vagamente! O meu braço continuava curto!

Quatro polícias por detrás de barreiras metálicas empurravam quem se aproximasse. Eram eles os guardiões do Bairro e do Castelo. E eu a lembrar-me que já dancei no Largo da Igreja junto ás muralhas! Agora está interdita a entrada no Bairro do Castelo!

Frustração! Eu queria assaltar o Castelo e foi-me barrada a passagem!
Aqui é a aldeia do Castelo, só cá moram velhos e estão todos a dormir. Chiu!...Não querem ser acordados. Tradição… onde pára?

E lá fiz a viagem de regresso!

Mais do mesmo, agora na descida até o Santo António ajudou! Quando dei por mim já estava encostado a uma barraquinha vermelha.

-Uma imperial! E Já agora uma sardinha no pão!

Ao som do Quim Barreiros! Tradição… onde pára?

Aqui entre a Sé e Alfama, lá me dei por vencido!

Tinto nem vê-lo! Fado nem cheirá-lo!

Com sardinha a 2€ a Tradição não pode parar por aqui!
Mas ainda sobraram uns cobres para comprar uns manjericos com quadras

Na Câmara és arquitecto
E furas a tradição,
O teu futuro ficou incerto
Com o SIADAP na mão

Bebes cerveja no copo
Comes sardinha no pão
É mais difícil chegar ao topo
Que cair dentro do alçapão

Na Câmara é sem exclusividade
Na Ordem o pagamento é fatal
È melhor fugir, mudar de cidade,
Antes que te ponham a pão sem sal!