quarta-feira, 15 de abril de 2009

Tempo cinzento

Hoje estou como o tempo, cinzenta …

Continuo a não querer falar de trabalho… Qual trabalho??
Parece que nos dias que correm, o pouco que existe é desviado para os mestres… não da experiência ou do conhecimento prático das questões, mas do sebo …, aquele que serve para untar as botas dos Senhores da Urbe …, daqueles que não vêem o óbvio porque estão inebriados com o seu PSEUDO SUCESSO… um sucesso que germina, quais moradias dos bairros deixados por Salazar …, tão desejado por alguns munícipes que, não fora o 25 de Abril e continuavam donos de nada …
A esses digo que já estivemos mais longe desses tempos !!!

E pensar que ainda há poucos meses atrás gostava de ir trabalhar …
Era o tempo em que acreditava que iria existir uma mudança de mentalidades, uma mudança de atitude e do modo como se deve servir a cidade e os cidadãos e não meros interesses particulares … ENGANEI-ME!

Pergunto-me:
- Estarei a entrar em Depressão? Recessão? Deflação?
Sou, como tantos outros, um reflexo deste país …

Para os Senhores da Urbe, que se colam às cadeirinhas do poder, quais sanguessugas disformes de tanto sangue chuparem, ofereço:

“- Diz-se que um grande traseiro torna uma gaja boa. Ah! Gosto das gajas mamalhudas, gosto do cheiro que elas deitam.
Ao dizer isto ele começou a ficar grande, grande, e quando tocou no tecto desfez-se num milhar de bolinhas.
O porteiro Pantelei apareceu e, com a ajuda da pá que habitualmente usava para apanhar a caca dos cavalos, juntou as bolas e levou-as para um sítio qualquer, no pátio das traseiras.
E o sol continuou a brilhar como antes e as mulheres continuaram, como antes, a deitar um cheiro que inebriava.”
(COMO UM HOMEM SE DESFEZ, Daniil Harms)

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