terça-feira, 16 de junho de 2009

A GRANDE ENTREVISTA (1ª Parte)


Nota prévia: A presente "entrevista" foi realizada há um ano atrás.
Por motivos óbvios, não foi possível publicá-la. A gentileza de "O Arquitecto" ao convidar-me a participar neste blog permitiu, agora, a sua publicação. O meu obrigado.

O Jornalista: Sr. Presidente, há uma primeira pergunta que se impõe: Porquê e agora esta invasão dos Serviços de Urbanismo por parte das suas forças?

O Presidente: Meu caro, primeiro que tudo o Sr. não me fez uma pergunta, mas sim duas. O "e" faz toda a diferença.
Em relação à primeira pergunta – o porquê desta invasão – ela está respondida há muito tempo: quando eu me candidatei à Presidência da Câmara, eu afirmei que só viria para a Câmara se fosse como Presidente, pois não estou para perder anos da minha vida em lugares sem qualquer interesse, lugares onde não há um poder efectivo. Ou seja eu sou uma pessoa vocacionada para o exercício do poder e pertenço a um Partido, também ele vocacionado para esse exercício.
Para exercer o meu poder como Presidente da Câmara preciso de pessoas da minha confiança política que transmitam as minhas ordens e orientações e, logicamente, essas pessoas são os meus camaradas.
Eu não vim para a Câmara para perder tempo, mas antes, para implementar as medidas necessárias para uma verdadeira transformação da realidade existente que é caduca e ultrapassada.
Eu pretendo colocar a Câmara no século XXI, o século que já não é tecnológico mas sim nanotecnológico... muito á frente da actual realidade.
Em relação à sua segunda questão – porquê agora – o que tenho a dizer-lhe é que a ocupação não estava prevista para agora mas somente para o início do meu segundo mandato. Aconteceu, porém, que os relatórios dos nossos serviços secretos apontavam claramente para a existência de corrupção maciça nestes serviços.
Infelizmente, ou felizmente... houve uma fuga de informação para a opinião pública da existência desta corrupção maciça e tornou-se inevitável a nossa intervenção... repare bem: tínhamos pessoal preparado, tínhamos a estratégia delineada e tínhamos também um motivo perfeitamente válido e justificativo perante a opinião pública. Que mais podíamos pedir? Quem sabe se a situação não se viria a alterar até ao próximo mandato? Era totalmente aconselhável fazer a intervenção já.
Além do referido é de salientar que já tínhamos a experiência da primeira ocupação feita nos tempos de João Soares e Margarida Magalhães que apesar de não ter sido concluída nos deu muitos trunfos, pois, permitiu-nos manter nos serviços muitos infiltrados e portanto uma informação muito mais detalhada da realidade existente.

O J.: Portanto, aquilo que o Sr. Presidente nos está a dizer é que o motivo principal da ocupação se deveu à existência de corrupção maciça nos Serviços.

P.: Exactamente! Não podíamos permitir a existência de corrupção maciça nos serviços de urbanismo. Impunha-se uma intervenção rápida e eficaz de forma a terminar com este mal de uma vez por todas. Retirámos todas as Chefias – com excepção dos nossos infiltrados – e colocámos no seu lugar pessoas da nossa confiança política.

O J.: Mas... Sr. Presidente, já passaram quatro meses e que se saiba não foi encontrada até agora a referida corrupção maciça.

P.: Sim, isso é verdade, mas estamos convencidos que havemos de a encontrar. Temos várias equipas de especialistas a trabalhar no terreno em estreita colaboração com os serviços secretos. A popularmente conhecida sindicância vai prosseguir e nem que tenhamos que recuar ao tempo do Abecassis, nós havemos de encontrar a "corrupção maciça"!

O J.: Sr. Presidente, tendo em conta a violência da ocupação, fale-nos um pouco sobre os danos ocorridos.

P.: Danos? Não me ocorre que tenhamos sofrido algum dano a não ser o facto de um dos nossos infiltrados ter sido atingido ligeiramente – estou a referir-me ao Zé, que foi um caso exemplar de perseverança e luta – manteve-se infiltrado durante vários anos a dirigir uma das nossas mais importantes células e por fim foi ligeiramente atingido, mas julgamos que há sérias hipóteses de recuperação…
O nosso inimigo é que sofreu um rude golpe, praticamente não ofereceram resistência. Neste momento podemos dizer que a situação está completamente controlada, apenas sobreviveram alguns franco atiradores… mas estamos a tratar do assunto e com o tempo e a progressiva implantação da "nova cultura" eles irão sendo eliminados ou retirar-se-ão por sua própria iniciativa.

O J.: Sr. Presidente, então quando é que vai começar a implantar essa "nova cultura"?

P.: Já começámos, como é evidente!

O J.: Não estou a entender. Pode explicar melhor?

P.: Então, logo após a ocupação dos lugares de chefia procedemos à alteração da Estrutura existente por uma nova estrutura mais de acordo com os nossos objectivos.

O J.: Desculpe, Sr. Presidente,… mas a Estrutura continua a ser a mesma.

P.: Você está enganado ou então anda distraído. Então acha que a estrutura actual é a mesma?
O meu camarada e amigo Manél já explicou isto muito bem…
A Estrutura dos Serviços que existia era e é a Estrutura "Legal" mas nós já implantámos a Estrutura "Real"… nesta fase de transição teve que ser assim…mas nós não queremos ficar por aqui… o nosso objectivo é chegar à Estrutura "Virtual" que é uma ideia muito mais interessante.
Não nos podemos esquecer que estamos no século XXI o século da "realidade virtual". É esta a realidade que queremos implantar.

O J.: Sr. Presidente,… desculpe.. mas agora é que eu não estou mesmo a perceber. A "realidade virtual"? Estamos a falar do Urbanismo da Capital de Portugal que não é nada virtual mas, antes pelo contrário, muito real.

P.: Meu caro, você é, exactamente, uma das pessoas para quem nós estamos a trabalhar. "Não percebo… não estou a perceber…", você ainda não percebeu a nova cultura. É a pensar nas pessoas como você que nós temos em preparação um vasto programa de reeducação com um vasto conjunto de acções de formação.

O J.: E o que acontecerá a todos aqueles que não se adaptarem à "nova cultura"?
(Continua)

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