segunda-feira, 27 de junho de 2011

Aquilo que não dizemos

Hoje, quando regressava a casa, encontrei um amigo que já não via há largos meses.


- Então, caro Arquitecto, como vai essa Câmara? – Perguntou-me ele de forma cordial e alegre. E continuou:


- Disseram-me que andam por lá grandes mudanças!


- É verdade! Este mundo é composto de mudanças, e nós estamos a passar por mais uma! – Respondi eu, de forma lacónica.


- Parece-me que não estás muito animado…


- Estou, estou! Estou muito animado! – Disse eu com o ar mais convicto deste mundo.


- Estás a brincar? Que ar é esse? Segundo me constou, agora, vocês, com esta coisa do Urbanismo de Proximidade, vão estar muito mais próximos do pessoal cá de fora! Se souberes aproveitar a situação, a coisa até pode ser boa para ti.


- É… – respondi eu, sem saber bem o que dizer.


- Tu és mesmo um chato! És sempre a mesma coisa! Deixa-te de merdas e deixa lá essa mania da honestidade! Um dia destes, passo lá para irmos tomar um copo…


- Ok! – Respondi.


E, desta forma, e com passo apressado, afastou-se em direcção ao BMW de alta cilindrada…


Depois deste curto diálogo - ou monólogo - fiquei a pensar com os meus botões: “Afinal, eu não disse nada! Eu não expressei qualquer opinião! Eu não falei de honestidade! Eu não critiquei nem disse mal fosse do que fosse!


Afinal, o meu amigo não estava minimamente interessado na minha opinião! Ele já sabia tudo e tinha a sua opinião quando me fez a pergunta inicial.”


Algo está errado nesta história fictícia!


O Arquitecto, pelos vistos, diz coisas que não disse! E que nem é preciso dizer…


Complicado?


- Talvez não tanto! – diz o Arquitecto.

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