Esta anda, por aí, a correr na Net e é atribuída a José Régio (1969).
Eu não conhecia – tenho as obras completas de José Régio em casa, procurei um pouco à diagonal e não encontrei este Soneto - mas achei muito interessante tendo em conta os tempos que correm.
Alguém me poderá confirmar a autoria e o titulo do livro em que foi publicado o Soneto?
Ficaria muito grato.
Soneto quase inédito
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969.
"Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem que a tradição já não é o que era!!! "
Nota: Depois de mais umas buscas na Net encontrei qualquer coisa que pode esclarecer a ausência do Soneto nos Livros de José Régio... talvez seja verdade, mas não deixa de ser estranho porque José Régio morreu precisamente em Dezembro de 1969. Será que escreveu o texto em 1959? Faria mais sentido...
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
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