domingo, 3 de outubro de 2010

Semelhanças na forma de sentir

"Hoje estou completamente desencantado com a profissão e com os seus dirigentes, e quero é uma grande distância de tudo. Continuo a (exercer), e continuo a (exercer) com idealismo, mas deixei de me entregar à filantropia, até porque nunca tive (não o pedi nem pediria) qualquer reconhecimento pelo que dei aos colegas. Eu e muitos outros companheiros de luta desinteressada. É o costume: como nunca pedimos nada em troca, eles não dão mesmo. Isto é hoje flagrante quanto ao grupo de pioneiros (...).
A forma como os grandes e os pequenos poderes se comportam é aviltante e enoja a um ponto que, quem tem uma noção clara das coisas, já nem se dá ao trabalho de contestar, pois passará, certamente, por louco.
Ninguém admite que isto é tão mau até ter a certeza de que, por exemplo, o jornalismo nunca esteve verdadeiramente interessado na verdade dos factos. Há uma agenda para cumprir e há formas de o fazer. Enquanto o público se sentir bem alimentado, porquê mudar a forma de abordar os factos noticiosos?
Há medo e falta de liberdade entre os jornalistas, e com medo e falta de liberdade nenhum país pode ir a lado nenhum.
Dentro da Ordem dos (...), há muito que candidatos e putativos candidatos perderam a noção do bem comum, para se entregarem a guerrinhas de atrito. Se é assim, por favor deixem-me em paz, eu que tanto tenho investido numa carreira literária (precisamente para ocupar o buraco que o desencanto com toda esta gente me provocou, aproveitando o sonho de menino: escrever livros, ser escritor).

(....)

Mas hoje já não tenho qualquer fé de que o estado de coisas mude."

 
O "Arquitecto da CML" subscreve integralmente o texto de Pedro Guilherme Moreira.

Afinal, que se passa neste País, para que tão vasto grupo de pessoas de áreas tão diferentes tenham o mesmo sentimento de descrença nas suas profissões e nas suas organizações?

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