segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tesourinhos Deprimentes

Há algum tempo atrás, um prestigiado membro da sociedade da capital do Reino – ele escrevia uma coluna de opinião num diário da Capital – teve um problema de vizinhança e recorreu aos Serviços da Edilidade de forma a resolver o seu problema.

Tratado de forma anónima, como qualquer outro cidadão, não gostou do tratamento e escreveu directamente ao Presidente.

Na sua missiva fez questão de dar um toque pessoal manuscrevendo o cumprimento inicial e a despedida final e um toque de intimidade tratando o Presidente por “tu”. “Prezado ...”, “Com os meus cordiais cumprimentos e estima pessoal..”

Durante a sua exposição insurge-se contra os técnicos camarários: “Que estão os técnicos a fazer? Puro laxismo e irresponsabilidade.” Mais à frente apoia o Presidente e aconselha: “Prezado (nome), sei que tem uma espinhosa missão pela frente. Definiu os seus principais objectivos para a sua linha de acção. Eu atrevia-me a acrescentar mais um – combate sem tréguas ao laxismo e à irresponsabilidade que grassa na Câmara da Capital do Reino.” E mais à frente: “Estimado (nome), estas situações não podem passar impunes. É necessário pulso forte e responsabilizar directamente quem comete erros ou atropelos à dignidade do cidadão”.

Mas, o melhor estava no final. Uma pequena nota no final da página dizia:

“Nota: Gostaria de lhe referenciar ainda e como “nota de pé de página”, que sou o militante nº **.*** do nosso partido.”

Eu gostei, especialmente, do sinal de cidadania, dignidade, responsabilidade e respeito da “nota do pé de página”, dado pelo ilustre e prestigiado membro da sociedade - que até tinha, e deve continuar a ter, uma coluna de opinião num diário da Capital do Reino...e vocês?

1 comentário:

Anónimo disse...

O partido é como um clube de fotebol. Serve para justificar, estar lá, participar, ser activo, pertencer...
Mas na realidade, objectivamente são os interesses que movem este mundo e o outro.
Assim como podemos ser transparentes e isentos?