quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pensamentos e reflexões


O texto foi-me enviado por um amigo via e-mail. Não é original deste Blog e encontra-se com pequenas diferenças em outros blogs.

Decidi publicá-lo pela sua mensagem e por julgar que reflecte muito bem a posição que muitos de nós – Arquitectos camarários - temos vindo a ter nos últimos anos.

Este Blog, e a forma como tem sido mantido, é um bom exemplo disso...

Maiakovski
Poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… escreveu, no início do século XX :
 
Na primeira noite, eles se aproximam e
colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
 
Depois de Maiakovski…
 
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

"Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu.
Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"
 
Martin Niemöller, 1933
símbolo da resistência aos nazis

Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles,
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...

Cláudio Humberto, em 09 Fevereiro de 2007
 
O que os outros disseram, foi depois de ler Maiakovski.
Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio : porque a palavra, há muito se tornou inútil…

Até quando?...

4 comentários:

Anónimo disse...

A Lista A não passa dum Cartel de Arquitectos Mafiosos porem a Lista B não prometeu o que os jovens querem.

O que a juventude quer é uma Ordem que obrigue os patrões a oferecerem mais condições de vida.

A Lista B não quer saber dos assalariados nem dos recibos verdes... lavas as mãos como Pilatos passando esse fardo para um sindicato que nunca vai existir.

Vou votar branco pois nenhuma serve para as minhas intenções de voto.

Ambas as Listas representam o Fasco-Esclavagismo da Precariedade que obriga a Juventude a emigrar e outros a viverem em silencio desta escumalha que nos quer governar e roubar 200 euros por ano.

Lista D

João Amaro Correia disse...

caros 'colegas' (como gostam), acho lamentável que se compare a situação dos 'arquitectos camarários' (classificação já de si absurda, corporativa ou meramente sindicalista), com tragédias ocorridas no século passado de que não deverão ter, certamente, nenhuma ideia do que se tratou. o uso de poemas que reflectem sobre o horror da condição de judeu na alemanha nazi com a de um arquitecto empregado em qualquer município em portugal parece-me abusiva, deplorável, sem noção da realidade e, tão nosso, cínica.

"O Arquitecto" disse...

Acredito que esteja convicto daquilo que escreveu mas, muito sinceramente, julgo que não tem razão.

Eu, normalmente trato os meus colegas por “colegas”. Não é porque “goste”, mas porque acho normal. Será uma questão cultural? Como gostaria que tratasse os meus colegas? A sua versão seria mais correcta que a minha?

Em relação à “classificação” dos “Arquitectos camarários” que considera absurda, corporativa ou sindicalista, nem sei bem que dizer... mas, será que não percebe que a situação dos Arquitectos camarários ou autárquicos ou aquilo que lhe queira chamar, é completamente diferente da dos outros Arquitectos?
Será que sabe que estamos inibidos do exercício da profissão e somos obrigados a pagar quotas à Ordem do nosso bolso?
Será que sabe que somos ameaçados com penhoras de bens se não o fizermos?
Será que sabe que a Câmara de Lisboa paga as quotas de outros Técnicos Superiores às suas Ordens e não paga as quotas dos Arquitectos?
Será que sabe que a Ordem dos Arquitectos nunca ligou nenhuma a estes problemas?

Em relação ao mais importante, parece-me que o “colega” não percebeu o poema. Eu não lho vou explicar, mas os vários poemas citados não se referem às tragédias do século passado... os poemas transcritos referem-se às tragédias de todos os séculos incluindo este em que vivemos... é só uma questão de saber ler poesia...

João Amaro Correia disse...

há 'liberdades poéticas' que são lamentáveis e, com o uso delas, incorre-se no pior que as ideologias e práticas que o poema em causa denuncia: não interessam os meios, apenas os fins. o que faz perder a razão de quem com essa ética procede.

não pretendo dar lições de moral a ninguém, acredite. apenas expus a minha discordância face ao exagero e absurdo da comparação que pretendem. não, um arquitecto camarário não é um judeu na alemanha dos anos 30. graças a deus.

quanto ao vosso combate, acho-o legítimo. obviamente se feito no quadro democrático. e, evidentemente, se justas, são reivindicações que deverão ser atendidas.
a minha objecção quanto à vossa auto-denominação de 'arquitectos camarários' prende-se mais em entrever uma divisão disciplinar a que me oponho. mal comparado, como arquitectura de interiores/exteriores, o que quer que isso seja. e fez-me lembrar uns comentários que li na entrevista aoas aires mateus que afirmavam que o problema da arquitectura é preocurpar-se com o 'bonito' e não com o funcional. ou seja, a mesma ideologia da especialização, inocentemente usada nessa denominação camarária, para quaisquer efeitos sindicais.
parece-me pobre.

(e por favor, distingam entre diálogo e debate e qualquer outro tipo de conversa ruidosa sem proveito para ninguém. sem ironias. nem liberdades poéticas.)

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