Quando era um jovem estudante tive a sorte (ou o azar) de apanhar um professor de Liceu que, sendo uma pessoa bastante interessante, tinha um grande defeito: era militante do MES! Para quem já não se lembra ou é mais jovem eu explico: era o Movimento de Esquerda Socialista!
Para a sociedade da altura estava no mesmo patamar do BE (Bloco de Esquerda) actual. Inovador, moderno, arejado, muito aberto a novas ideias, etc....
O dito professor era Arquitecto! E foi ele o grande "culpado" de eu ter decidido ser Arquitecto!
O Senhor era uma pessoa muito interessante e era mesmo um homem de esquerda! Cheio de ideais e de ideias! Eu era jovem e ingénuo! Acreditei e segui os seus conselhos...fui para Arquitectura!
Entrei na ESBAL e licenciei-me em Arquitectura! O meu ego ficou satisfeito! Eu considerei o curso fácil...muito fácil...e na altura pensei com os meus botões: "Afinal é isto? Ser Arquitecto é assim tão fácil?"
Nunca quis saber de Associações de Estudantes ou de outras coisas dessas...estava mais ocupado com outras actividades ligadas à Igreja Católica! As questões sociais preocupavam-me ( e continuam a preocupar) mais.
No final do curso e de forma natural e sem pensar muito no assunto inscrevi-me na Associação dos Arquitectos Portugueses (AAP). Era o reconhecimento social do estatuto de ser Arquitecto.
Uns anos mais tarde houve um movimento para transformar a AAP (Associação dos Arquitectos Portugueses) em Ordem dos Arquitectos. Houve pessoas contra e outras a favor! Eu não tomei partido...era-me indiferente! Em certos momentos cheguei a pensar que se fosse uma Ordem teria outro peso social que até podia ser importante para a defesa da profissão. Mas, nunca tomei partido...era-me indiferente!
Hoje, passados alguns anos, deparo-me com esta "Ordem dos Arquitectos"!
Uma Ordem que se transformou numa Ditadura! Uma Ordem que não respeita os Arquitectos! Uma Ordem que se impõe aos Arquitectos! Uma Ordem que não serve ninguém mas, que antes pelo contrário, só serve para meia dúzia de pseudo-intelectuais doentes satisfazerem os seus delírios.
Eu não tenho qualquer poder mas, custa-me saber que fui um dos que permitiu, pelo absentismo e ausência, que a situação profissional desta pobre classe tenha chegado a este estado.
A todos os colegas Arquitectos as minhas mais sinceras desculpas.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
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