quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um país de imigrantes e de…emigrantes

Cada vez mais vivemos num país de imigrantes mas também de emigrantes.
Vejam só o caso deste Blog.

Antes do verão “O Galego” era um dos colaboradores mais activos e participativos neste Blog! Com as férias desapareceu e eu pensei que ele tinha voltado para a Galiza. Afinal, não! Venho agora a descobrir que emigrou para o Reino Unido! É de lá, das terras de Sua Majestade, que ele me enviou um e-mail com uma notícia absolutamente incrível.

Esta pequena história do Galego prova sem margem para dúvidas que ainda existem “tipos” mais espertos que a EMEL. Aqui vai a última do Galego directamente de Inglaterra:

"Transcrito do “The London Times”

No exterior do England 's Bristol Zoo existe um parque de estacionamento para 150 carros e 8 autocarros. Durante 25 anos, a cobrança do estacionamento foi efectuada por um muito simpático cobrador.
As taxas eram o correspondente a 1.40 € para carros e 7.00 € para os autocarros.
Um dia, após 25 sólidos anos de nenhuma falta ao trabalho, o cobrador simplesmente não apareceu.
A administração do Zoo, então, ligou para a Câmara Municipal e solicitou que enviassem um outro cobrador. A Câmara fez uma pequena pesquisa e respondeu que o estacionamento do Zoo era da responsabilidade do próprio Zoo, não dela. A administração do Zoo respondeu que o cobrador era um empregado da Câmara. A Câmara, por sua vez, respondeu que o cobrador do estacionamento jamais fizera parte dos seus quadros e que nunca lhe tinha pago ordenado.
Enquanto isso, descansando na sua bela residência nalgum lugar da costa da Espanha (ou algo parecido), existe um homem que, aparentemente, instalou a máquina de cobrança por sua conta e então, simplesmente começou a aparecer, todos os dias, cobrando e guardando as taxas de estacionamento, estimadas em 560 € por dia... durante 25 anos!!! Assumindo que ele trabalhava os 7 dias da semana, arrecadou algo em torno de 7 milhões de Euros.
E ninguém sabe, nem sequer, seu nome ...!!!"

A EMEL não consegue ser tão boa como este simpático britânico!!!

Mas, como não há uma sem duas, eis que o ex-colaborador “Deputado” também deu sinais de vida. Emigrou para o centro da Europa mas ficou com o coração por cá. Esta foi a mensagem que me enviou ontem:

"Caro Arquitecto da CML
Na sequência de algumas tertulias,
informei-o que tinha procurado respostas no hemiciclo Europeu.
Pois meu caro, junta-se o texto enviado e também a resposta recebida.

Caro Eurodeputado
Gostaria de comentar com V.Exa., ou mesmo denunciar perante a sua pessoa, a situação insustentável que vivem os Arquitectos da Câmara Municipal de Lisboa, e possivelmente situação repetida por outras Câmaras do País.
Presentemente esta classe de profissionais encontra-se como técnicos superiores da C.M.Lisboa, em Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas.
Por despacho do Sr. Presidente do executivo camarário de Lisboa, os técnicos superiores, nomeadamente Arquitectos e Engenheiros, deparam-se com a inibição de exercer a sua profissão liberal em regime de trabalho autónomo ou de trabalho subordinado, actividades privadas concorrentes ou similares com as funções que exercem na Administração pública e que com estas sejam conflituantes.

Caro Eurodeputado
Entendo com clareza que, de facto, a actividade privada poderia comprometer a prossecução do interesse público, na medida em que a imparcialidade da autarquia poderia ser posta em causa, ao apreciar projectos, cujo autor era um funcionário da própria autarquia.
Entendo de igual forma que se não seja permitido a acumulação de empregos ou cargos públicos, salvo nos casos expressamente admitidos por lei, sendo que a lei determina as incompatibilidades entre o exercício de empregos ou cargos públicos e o de outras actividades, devendo o funcionário actuar sempre de acordo com o princípio da prossecução do interesse público.
O que não se entende, é que sendo uma classe tão prescrita por uma amálgama de legislação castradora ao desempenho da nossa profissão, porque è que não é de igual forma concedida e aplicada a lei da exclusividade a estes profissionais.

Porque, meu caro Eurodeputado
Descortina-se no presente período, a escassez de “recursos” em que se encontra a classe, com as decadentes remunerações face às responsabilidades e exigências técnicas que são exigidas aos arquitectos, como são as de uma Câmara como a de Lisboa.

A “verdade”, meu caro
A actividade camarária referente à prática da Arquitectura não viria a ser o que é hoje sem a abrangente cultura do Arquitecto.

A “verdade”, meu caro
O regime de incompatibilidades manifesta-se injusto, porque o acréscimo de experiência, dentro de regras, afigura-se uma mais-valia para o desempenho da actividade ao serviço da causa pública.

A “verdade”, meu caro
É que esta eminente casta da qual me incluo, não é vendável a um estado de direito, e que não será a opressão legislativa a demover -nos da profissão de Arquitecto.

Concretizando, meu caro
É que somos entendidos como vulgares no grande espectáculo da mediocridade de cinzentões prepotentes.
Sendo o grande engano da mediocridade, o escorar no fácil, no imediato, o que passa por popular, o que está 'benzinho' e mediano, o que parece…Nivelar por baixo não é caminho, é engano.

Viva a Arquitectura

Desde já, gostaria de agradecer, o interesse suscitado pela leitura da minha intervenção, e salientar que é preciso declarar que os arquitectos da edilidade Lisboeta são grandes profissionais que assumem a defesa dos interesses do Município.
O Deputado da CML

Olá, Caro Deputado
Long time, no see !
Tudo bem contigo ? Que tens feito ?
Desculpa não te ter respondido mais cedo mas com as eleições europeias suspendi a resposta aos emails e ganhei 2 meses de atraso :(
Como deves calcular, o Parlamento Europeu não tem envolvimento na organização das autoridades municipais de cada Estado-Membro.
Tomei a liberdade de passar o teu texto aos Drs. Pedro Santana Lopes e Pedro Pinto.
Espero que eles possam olhar com mais critério e dizer de sua justiça.

Um forte abraço
O eurodeputado em Estrasburgo e também em Bruxelas e a passar pelo Luxemburgo."

Como se prova pela história deste Blog e dos seus colaboradores, a emigração é cada vez mais a alternativa.
Infelizmente “O Arquitecto da CML” não tem alternativa e por cá vai continuando a escrever para todos aqueles que tiverem alguma (muita) paciência para o ler!
Recuso-me a ser mais um emigrante!!!

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