O Arquitecto camarário III

O Arquitecto camarário e a Câmara Municipal

Há cerca de um ano atrás, 86 Arquitectos da Câmara de Lisboa, descontentes com a sua situação profissional fizeram uma exposição ao Sr. Provedor de Justiça manifestando as razões do seu descontentamento.

Estes Arquitectos não acreditavam que fosse possível alterar a sua situação através do diálogo com a Ordem e com a Câmara. Desta forma recorreram a uma Autoridade externa e independente de forma a esta poder intervir e pressionar a Ordem dos Arquitectos e a Câmara Municipal no sentido de ser reposta alguma dignidade e justiça na carreira de Arquitecto camarário.

Infelizmente, a resposta foi no sentido de "falarmos" primeiro com a Presidência da Câmara, e curiosamente, a missiva antecipava o que veio a acontecer: "se não obtiverem resposta...deverão colocar novamente a questão à Provedoria de Justiça!"

No Jornal "O Público" de 18.11.2009, o Bastonário da Ordem afirmava:

"Sobre quem paga a quota isso é uma questão a discutir com a entidade empregadora".

Pois! Pois! Tudo isto seria verdade se a "entidade empregadora" estivesse disponível para falar com os seu empregados!

Durante um ano, foram enviadas três cartas à Presidência da Câmara! Não houve resposta!!!

A Ordem dos Arquitectos segundo o Jornal "O Público" de dia 18 de Novembro, já enviou duas cartas à Presidência da Câmara para falar do assunto mas também não obteve resposta!

É este o País onde vivemos e é esta a nossa realidade!

A Câmara Municipal impõe aos seus Arquitectos directivas da Ordem dos Arquitectos (de legalidade duvidosa), descrimina os Arquitectos em relação a outros Técnicos Superiores e "enfia a cabeça na areia à espera que a tempestade passe"!

Na minha opinião, todos poderão ter as suas razões e também divergências de opinião: A Ordem, a Câmara e os Arquitectos camarários!

Mas há uma verdade de que tenho a certeza: "A Câmara não tem razão, nem justificação, para não falar com os seus Arquitectos nem com a sua Ordem!!!"

Esta atitude dos responsáveis camarários poderá ser admissível, aceitável ou compreensível, num regime de Ditadura, mas num regime Democrático, é inadmissível, inaceitável e incompreensível!