O Delito de Opinião

Há uns tempos atrás, quando ia tomar um café, a meio da manhã, com uma colega Engenheira, ela decidiu falar-me do "Arquitecto da CML":

"Ó Arquitecto, já viu o que aquele colega anda a escrever no Blog? Não sei quem é, mas lá que os tem no sítio, tem! É preciso ter coragem para escrever aquelas coisas!"

Eu fiquei um pouco atrapalhado e sem palavras...a Senhora Engenheira é uma pessoa toda "certinha", obediente e bem educada. Mas, ela continuou:

"Sim! É verdade! É preciso "ter tomates" – peço desculpa - para escrever aquelas coisas!"

Eu nem queria acreditar no que estava a ouvir...e muito menos sabia como responder. Disfarcei, desvalorizei o assunto e a conversa derivou rapidamente para outros temas mais próximos da nossa realidade quotidiana.

A conversa passou, mas eu fiquei a pensar.

"Que medo é este de emitir opinião?"

Eu pensava que o chamado "delito de opinião" tinha terminado, em Portugal, a 25 de Abril de 1974!

Mas, pelos vistos, não terminou!
Na função pública, a propósito da fidelidade ao serviço e à instituição e da evidente necessidade de sigilo profissional, criou-se a mentalidade de que os funcionários são uns invertebrados sem direito a emitirem opinião!

Não!

Muito sinceramente, nem que tenha que alegar "objecção de consciência", o "Arquitecto da CML" não vai pactuar com a mentira e falsidade!

A minha religião não me permite pactuar com gente desta! Pessoas que mentem descaradamente...pessoas que intoxicam a opinião pública com mentiras...pessoas que não assumem o que fazem...pessoas que tomam decisões erradas e que tentam por todos os meios desviar as atenções...

Não! Nós vivemos numa Democracia onde o Direito à Opinião e à livre expressão de ideias é um direito inalienável e não deverá ser, em situação alguma, um acto de coragem!

Também neste campo das ideias, e na forma da sua expressão, se está a tornar urgente uma clarificação política, pois começam a ser muitos os "oprimidos" que vivem diariamente com o "medo" de dizerem aquilo que pensam!