quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Arquitecto Camarário IV


O Arquitecto camarário e o não camarário
Há uns tempos atrás, falava eu com uma colega que tem um pequeno Atelier de Arquitectura, aqui em Lisboa:
"Temos que alterar esta situação da Ordem! Repara naquilo que nos estão fazer na Câmara! Pagam mal, perseguem-nos, pressionam-nos, não nos deixam trabalhar cá fora e ainda por cima obrigam-nos a pagar quotas à Ordem! A Ordem ignora-nos e agora chegou ao cumulo de vir com ameaças de penhoras de bens sobre aqueles que não pagam as quotas! Esta situação não é justa nem sustentável, temos que fazer qualquer coisa! Além de tudo isto ainda somos descriminados: olha para os Advogados. A esses a CML paga as quotas da Ordem dos Advogados!"
Perante isto a colega olhou-me e disse: "Na verdade, tens razão, contudo tens que perceber que nós que exercemos a profissão fora da Câmara também temos muitas razões de queixa sobre vocês pois há muito trabalho que nos é "roubado" por colegas que trabalham nas Câmaras!"
E a conversa prolongou-se com argumentos de parte a parte.
Na verdade, todos teremos as nossas razões! Mas só temos uma Ordem dos Arquitectos!
Os interesses dos arquitectos camarários são em muitos casos diferentes e mesmo opostos aos dos Arquitectos não camarários.
A evolução do exercício profissional da Arquitectura, nas Autarquias, levou à criação da imagem de que os Arquitectos camarários "têm a faca e o queijo na mão! Eles é que decidem...eles é que podem acelerar ou atrasar um processo..." Este facto aliado aos ridículos ordenados pagos pela função pública, levou ao desenvolvimento duma situação generalizada de tráfico de influências, cunhas e compadrios, tão característica do nosso povo.
Estou convencido que esta situação terá tendência para melhorar, não devido aos ridículos planos de boas práticas e de combate à corrupção, mas sim, devido, principalmente, à melhoria da legislação urbanística e do seu enquadramento com definição de regras cada vez mais claras e transparentes através dos Planos Directores e dos Planos de Pormenor.
É certo, porém, que se não houver uma alteração do Estatuto do Arquitecto camarário e da sua relação com a Autarquia e a Ordem, a sua imagem para os colegas não camarários vai continuar a ser de um concorrente e inimigo que está ali, não para ajudar, mas sim, para "fiscalizar", incomodar, e prejudicar a sua acção e o seu trabalho. Não deixaremos de ser elementos "castradores" dos nossos colegas!
Eu sonho com outra realidade! Uma realidade, em que o exercício da profissão de Arquitecto, é um direito dos Arquitectos camarários e não camarários, realizado em Liberdade, com honestidade e responsabilidade!
É difícil, mas é um sonho possível!!!

1 comentário:

sucast disse...

também acredito...