domingo, 28 de junho de 2009

A GRANDE ENTREVISTA (O final))

Jornalista: Senhor Presidente, ao longo desta entrevista, por várias vezes me falou na "nova cultura" e… sinceramente, ainda não percebi como funciona ou o que quer dizer com essa expressão… poderá V. Exa. explicitar o que quer dizer ou qual o conteúdo prático dessa expressão?

Presidente: Essa expressão tem que ver com a forma de estar do novo século. O Eng. Sócrates prometeu uma revolução tecnológica para o país e nós vamos ser os primeiros a fazer essa revolução na Câmara de Lisboa.

Este século que estamos a viver é o século da "realidade virtual" e eu faço questão de dizer que esta vai ser... já está a ser a realidade da CML.

Esta realidade em termos dos serviços de urbanismo passa por uma grande mudança na forma de estar... pelos comportamentos... pelo relacionamento entre os requerentes e os técnicos e pelo relacionamento entre estes e as chefias.

Não há necessidade nenhuma de contactos pessoais!

O requerente não tem que entrar em diálogo, ou mesmo conhecer, o técnico, nem este tem necessidade nenhuma de conhecer a sua chefia pessoalmente...

J.: Desculpe...o Senhor acha isso possível? Os funcionários não conhecerem a sua chefia pessoalmente...?

P.: Sim, sim! É perfeitamente possível! Aliás, já tivemos essa experiência...o Inspector Martelada, é Director de Serviços há bastante tempo e continua a ser um perfeito desconhecido para a generalidade dos funcionários. Conseguiu estar perfeitamente incógnito durante mais de um ano, o que atesta bem a sua capacidade inovadora e mesmo percursora dos novos comportamentos que se desejam.

Mas, a "nova cultura" é muito mais do que isso. A "nova cultura" implica terminar radicalmente com todas as relações pessoais dentro dos serviços. Não há necessidade disso, a tecnologia que temos permite-nos, actualmente, outro tipo de relacionamento... temos a Internet, o e-mail e até o mensseger, as pessoas podem comunicar entre si sem contacto pessoal, sem ruído...é mesmo até mais higiénico e saudável.

Estamos a pensar, nesta fase de transição, começar a sensibilização dos funcionários oferecendo a todos eles uns head-phones.

Posteriormente e no futuro, todas as ordens das chefias serão dadas via e-mail – esta medida já está a ser implementada em alguns serviços. Isto irá permitir que o conhecimento interpessoal seja dispensável, ou seja, o funcionário sabe que existe uma chefia, pode comunicar via internet/e-mail com ela, mas nunca a viu. Pode estar no café ou no restaurante ao lado do seu chefe e não saber que aquela pessoa é a sua chefia...a verdadeira realidade virtual.

Desta forma iremos conseguir uma maior concentração de todos os funcionários nas suas tarefas retirando-lhe toda a componente negativa das relações pessoais – os ciúmes, a intriga, as invejas, as preferências, etc...

As pessoas estão nos Serviços para trabalharem...eu diria mesmo...estão nos Serviços para pensarem que estão a trabalhar, que estão a fazer qualquer coisa de útil. Apesar de nós sabermos que todos eles são dispensáveis, é importante que eles se sintam parte da máquina.
Isto é, no fundo, aquilo a que eu chamo a "nova cultura" a cultura do século XXI ou seja a "realidade virtual". O importante não é que estes trabalhadores produzam ou façam seja o que for ou participem na formação das decisões – para isso estamos cá nós – o que é mesmo importante é que eles pensem que estão a participar nas decisões.

1 comentário:

O Galego disse...

A tua sorte arquitecto é que este pesadelo vai acabar nas próximas eleições.
O que eu não sei é se vem outro pior.
Entre os candidatos venha o diabo e escolha