segunda-feira, 29 de junho de 2009

TRANSPARÊNCIAS


Em nome da transparência! Venho falar das transparências de corte e costura, na moda e na Câmara.

Há transparências que são fetiches, mas são belas! Põem-nos a sonhar com o que está para além da transparência e o elemento que provoca a transparência: esconde os defeitos, os pormenores, os contornos e a verdade total.

Nós queremos sempre mais.

Claro que estou a falar de roupa transparente sobre um corpo de mulher ou uma cortina transparente onde ela se esconde.

Adoro a transparência! Faz-nos sonhar com o que está escondido, com o belo, com o perfeito!
E se sobre a transparência juntarmos o movimento, uma dança sensual, então sim as coisas melhoram um pouco. Entramos também na dança com a cabeça… com o corpo… com a alma! E ora vê… ora não vê. Ora tapa… ora destapa. Um encanto!
Só falta um pouco de tempero com sal e pimenta para a coisa se dar. Então juntamos uma música suave de embalar, uns acordes de viola acústica ou violino. Nada muito elaborado, apenas umas notas.

O pior é aquela barreira, que embora transparente, nos separa do sonho, do perfeito, do pleno. Mas se a barreira desaparece e tocamos ou possuímos o maravilhoso acaba-se o sonho e levamos com a realidade nua e crua e é o fim da linha, já não há razão nem para o sonho nem para a nossa permanência.

A Câmara Municipal, para os políticos, é uma passerelle de vaidades! Entram cheios de boa vontade só falam em endireitar as finanças, em endireitar os serviços de Urbanismo, em transparências em compromissos com o eleitorado.

Mas estas vontades, estas transparências começam a esvaziar-se com o tempo.
Em nome da transparência António Costa anulou todas as acumulações de funções dos funcionários da Câmara e obrigou a novo pedido que indeferiu.

Consequência destes actos.
- Fechei a firma
- Despedi os cinco empregados
- Perdi clientes e amigos
- Paguei indemnizações
- Fui fiscalizado pelas Finanças. Nem eles acreditam, no que me aconteceu.

Mas baixaram os meus rendimentos e não é suposto deixar de pagar impostos.

- O meu sócio em nome da transparência também foi proibido de acumulação de funções, por dar aulas numa universidade, mas pagam-lhe exclusividade.

Em nome da transparência os arquitectos não tem freguesias atribuídas, mas como é impossível um arquitecto conhecer a história de cada buraco da cidade, defende-se com o PDM nos atendimentos e nos processos.

Em nome da transparência quem perdeu foi o munícipe porque deixou de ser informado plenamente, ficando apenas com o articulado do PDM, que já sabia.
Em nome da transparência a distribuição de processos é feita aleatoriamente pelo computador. Mas como é que colegas, os eleitos, estão sempre a levar com processos, e outros a esgravatar para levar com um.

Os processos das cunhas e dos amigos dos partidos que são poderosos não seguem as vias normais, são distribuídos pelos vendidos do sistema a troco da cenoura chamada nota do SIADAP ou outra que desconheço.

Quem é o responsável por eu informar menos processos?

Será o computador da distribuição?

Será que existe uma rede de desvio de processos?

Alguém apagou o meu nome das listas de distribuição de processos?

Eu acho que o computador deixou de ser transparente passou a ser opaco.

Estamos a iniciar um período negro! Cinzento! O fim do mandato e as pressões para aprovar os processos estão a chegar! É o fim da transparência.

É agora que ela vai mostrar as coxas…os peitos …É agora que ela mostra a bunda!

Acabou-se a transparência!

3 comentários:

Numerobis disse...

Ó Galego, alguns são mais transparentes que outros...
Nalguns casos, são tão opacos, que chegam a parecer blindados!
Vê o artigo do Cerejo no Público de hoje...
Exemplar!

O Galego disse...

Que azar para o Mr. Magoo afinal o homem é o seu principal assessor.
O Mr. Magoo lá se enganou no tempo comprometeu-se a dar resposta em dois dias e já passaram duas semanas e esqueceu.
Será que é desta que ele vai para os Estados Unidos?

Unknown disse...

A propósito de transparências
É hoje noticia que o Sócrates adjudicou o Portal para a transparência das obras públicas sem concurso.
Portanto a coisa está a compor-se