quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Coisas boas que a CML oferece aos seus munícipes


Hoje, não resisti em publicar aqui este mail enviado aos funcionários da CML.

"Enviada: terça-feira, 4 de Janeiro de 2011 15:47
Assunto: Projecto Pampero Public Art | Intervenção Saldanha
PAMPERO PUBLIC ART
LEONOR MORAIS E PAULO ARRAIANO
INTERVENÇÃO NO SALDANHA
Com co-direcção artística da Galeria de Arte Urbana (GAU), espaço dedicado pela Câmara Municipal de Lisboa ao graffiti e à street art, os criadores Leonor Morais e Paulo Arraiano realizaram "Mural Lisboa - Saldanha", duas intervenções nas fachadas de edifício sito na Praça Duque de Saldanha, tornejando para a Av. Casal Ribeiro, no âmbito do projecto Pampero Public Art.
Estas obras constituem o terceiro momento expositivo da iniciativa de arte pública promovida pela Pampero Fundación, que visa fomentar uma maior aproximação entre o público e os criadores de forma espontânea, sob uma vertente "site specific", apropriando-se de suportes ainda pouco utilizados na cidade de Lisboa, para trabalhos desta natureza.
A estratégia cultural do Pampero Public Art traduz-se numa aposta em artistas nacionais, como Vanessa Teodoro, Tamara Alves, Smile e José Carvalho no "Mural Lisboa - Stª Apolónia", e Sr. Ricardo num "Outdoor" localizado nas Docas de Alcântara, criações para as quais se obteve a parceria da Administração do Porto de Lisboa. O evento contará ainda com uma peça a executar na Baixa do Porto, nomeadamente na Praça D. Filipa de Lencastre, resultante da co-autoria de Sphiza e Mr. Dheo.
A parceria entre a Pampero Fundación e a GAU, decorre de iniciativas anteriormente organizadas nos painéis da galeria, instalados na Calçada da Glória e no Largo da Oliveirinha, como a Mostra de Arte Urbana 2010 e a exposição "7:00pm Deadly Sins", e enquadra-se numa estratégia para a arte urbana, desenvolvida pelo Departamento de Património Cultural. Neste domínio, dentro do universo do património artístico e cultural da capital, o Município tem orientado a sua actuação para o reconhecimento das expressões plásticas do graffiti e da street art, enquanto discursos criativos com direito a uma co-existência democrática e compatível, no espaço citadino, em relação aos restantes registos da arte pública.
Em 2010, o Departamento foi igualmente parceiro do festival POP UP, dedicado à promoção e mostra das múltiplas expressões e agentes da cultura urbana, em espaços desocupados ou abandonados, dando-lhes nova vida através da arte. Também com o apoio da GAU, concretizaram-se duas fases do projecto CRONO, com intervenções de fachada executadas por reconhecidos criadores estrangeiros como Os Gémeos, Blu, Sam3, Lucy McLauchlan e Erica Il Cane, reunidos na Av. Fontes Pereira de Melo, e na Av. da Liberdade, com a peça dos autores nacionais RAM e MAR. Os trabalhos do ano transacto, concluíram-se com a edição portuguesa do evento Meeting of Styles 2010, no Bairro do Armador, em Chelas, e com a criação "José e Pilar", concebida por Ayer, Nark Nomen e Pariz, num imóvel devoluto junto ao Campo das Cebolas, promovida pela JumpCut e Dedicated Store Lisboa. De salientar ainda, o apoio à investigação e à publicação de monografias dedicadas à temática da arte urbana, já concretizado pela GAU para a edição da obra "Porque Pintamos a Cidade? Uma Abordagem Etnográfica do Graffiti Urbano" da autoria do antropólogo Ricardo Campos."

Sei que haverá muito boa gente que não estará de acordo comigo, mas o “Arquitecto” não é politicamente correcto...

Muito sinceramente, li o texto e fiquei deprimido...

“Estas obras constituem o terceiro momento expositivo da iniciativa de arte pública promovida pela Pampero Fundación, que visa fomentar uma maior aproximação entre o público e os criadores de forma espontânea, sob uma vertente "site specific",...”

Cada um de nós “come a palha” de que gosta... e eu não gosto desta palha!!!

O pretensiosismo intelectual de todo o texto é profundamente doentio e vazio de sentido.

“...o Município tem orientado a sua actuação para o reconhecimento das expressões plásticas do graffiti e da street art, enquanto discursos criativos com direito a uma co-existência democrática e compatível, no espaço citadino, em relação aos restantes registos da arte pública.”

Como Arquitecto e cidadão, admiro várias intervenções ao nível da “street art” e do “grafitti”!

Felizmente, já tive a oportunidade de visitar várias cidades europeias e ver intervenções nesta área, que nunca imaginei vir a ver... mas, isso é outra coisa...






2 comentários:

Streetart Portugal disse...

Mesmo concordando consigo que cada um come a palha de que gosta, penso que estas iniciativas tanto da GAU como também de entidades privadas como a CIN (Remake) ou a Fundación Pampero são de louvar porque oferecem um outro olhar a uma arte urbana muitas vezes ignorada. Já agora: o que V/Exa. propõe para fazer valer a arte urbana em Lisboa ?

"O Arquitecto" disse...

Meu caro amigo,

Gostei de saber que concorda comigo na questão da palha.

Mas, julgo que sabe, que já comi muita palha na minha (já longa) vida...

O argumento que apresenta perguntando ao crítico o que é que tem para oferecer, é muito antigo... não tenho a certeza, mas julgo que já era utilizado na Grécia da antiguidade para fazer calar a oposição.

Neste momento, ofereço-lhe, de forma gratuita, a minha crítica.

Caro colega, (não precisa tratar-me por Exª.) se quer falar dos assuntos de forma séria, muito bem... se a sua argumentação é só no sentido de me calar, é esta a resposta que merece: “Não há almoços grátis!”

Na verdade, considero absolutamente ridícula a forma como a Câmara Municipal de Lisboa está a abordar esta questão da “Streetart”.
Mais uma vez, é uma oportunidade perdida, de fazer alguma coisa de qualidade com princípio, meio e fim.

O colega pergunta-me o que proponho para fazer valer a arte urbana em Lisboa?

Eu, asseguro-lhe, que teria muitas propostas, integradas, e tendo em conta o que significa e o que são os “graffitis” e a sua diferenciação em relação à “streetart”. Mas, infelizmente, ninguém quer saber a opinião destes pobres “Arquitectos da CML”...

A única coisa que interessa mesmo, é que somos pessoas pouco recomendáveis... que temos que pagar quotas... que não podemos trabalhar e criar obras... que não podemos... ser Arquitectos!

Por isso, meu caro colega, “não há almoços grátis”.. se quer saber mais, a atitude tem que ser diferente...

Por outro lado, e noutra perspectiva, existem outro tipo de coisas, nas nossas ruas e na nossa Cidade, bem mais prioritárias que as questões ligadas à “streetart” e ao “grafitti”... é tudo uma questão de prioridades.