terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O J.A 240 já chegou


O Jornal Arquitectos 240 já chegou e o tema de capa é “SER INDEPENDENTE”.

O colega Manuel Graça Dias teve a gentileza de convidar uma série de Bloggers para escreverem um texto, para este número, subordinado ao tema da capa.

“O Arquitecto da CML” também foi convidado e escreveu um pequeno texto que foi publicado.

Aqui fica o nosso publico agradecimento ao Colega Manuel Graça Dias e a todo o grupo que torna o J.A uma realidade.

Apesar da nossa posição extremamente crítica em relação à revista/jornal J.A e à Ordem dos Arquitectos não deixa de ser de salientar e enaltecer a atitude que o J.A tem tomado, publicando – apesar da sua fraca qualidade - alguns textos deste Blog.

Para quem não tem acesso ao J.A 240, aqui fica o texto publicado.


"ESCREVER SOBRE O QUE NÃO NOS DEIXAM SER"


"O convite chegou no final do Mês de Julho! O colega Manuel Graça Dias, actual Director do JA, desafiava – ou será, provocava? - o “Arquitecto da CML” a escrever um pequeno texto sob o tema “Ser Independente”...

Não deixa de ser caricato... convidar um Arquitecto camarário a escrever sobre “Ser Independente” quando é público e sabido que os Arquitectos camarários estão inibidos de exercer a sua profissão de forma independente.

Mesmo assim decidi responder ao convite/desafio/provocação.

O exercício da profissão, de forma independente, sempre foi uma utopia e o sonho de muitos jovens estudantes de Arquitectura. Hoje, porém, além de ser utopia é também um suicídio. A evolução da organização social e profissional nos últimos trinta anos destruíram completa e definitivamente a possibilidade do exercício da actividade de forma independente.

E os dois principais factos que provocaram esta situação foram:

 A proletarização (a que alguns chamam de massificação) do ensino da Arquitectura, associada a uma diminuição de exigência intelectual e cultural absolutamente inacreditável.

 A evolução do “Estado de Direito”, com a criação de uma quantidade absurda de legislação de baixíssima qualidade e um quadro regulamentar autárquico completamente anárquico e sem sentido.

Estas minhas afirmações podem ser discutíveis e alvo de muitas análises e estudos, porém, mais importante do que isso, seria analisar e estudar a evolução da profissão nos últimos anos, de forma a perceber, porque é que esta profissão chegou ao actual estado de falta de credibilidade e independência.

Seria interessante saber qual a responsabilidade da Ordem dos Arquitectos nesta situação.

Afinal, que Arquitectura queremos? Uma Arquitectura feita por Arquitectos “independentes” e competentes ou uma Arquitectura feita por juristas incompetentes e por interesses económicos, políticos... e pelo “povo” em discussões públicas e abaixo-assinados que mais parecem sufrágios populares?

Eu sou Arquitecto! E sonho... e acredito... e defendo utopias que gostaria de ver realizadas e sei que não são possíveis.

Eu gostaria que os jovens, ao saírem da Faculdade de Arquitectura, fossem pessoas intelectual e culturalmente superiores, preparados para exercer a profissão de forma digna, responsável e competente.

Eu gostaria que a Ordem dos Arquitectos fosse um organismo democrático, responsável, competente e não uma mera organização corporativa, irresponsável e incompetente.

Eu gostaria que a Ordem dos Arquitectos defendesse os verdadeiros interesses da Arquitectura e dos Arquitectos, (incluindo os camarários) e não fosse meramente uma “feira de vaidades” de promoção de interesses privados.

Eu gostaria que todos os projectos de Arquitectura promovidos pela Administração Pública Central e Local, bem como, de todas as Empresas Públicas e Municipais fossem, obrigatoriamente, alvo de concursos públicos independentes e honestos...(risos e gargalhadas...)

Eu gostaria que a Ordem dos Arquitectos participasse de forma pro-activa em toda a produção legislativa a nível Nacional e Local.

Eu gostaria que a Ordem não perseguisse e ameaçasse os Arquitectos que não pagam as quotas, que não são mais do que um imposto profissional injusto e anti-constitucional.

Eu gostaria de viver num País em que as Cidades, Vilas e Aldeias fossem mais bem tratadas, mais belas, mais equilibradas, mais respeitadoras da nossa cultura e do meio ambiente... e pensadas por Arquitectos “independentes” e livres. Sem jugos jurídicos sem sentido, sem organizações corporativas doentias, sem pretensos intelectuais ocos de saber.

Por fim, eu gostaria que a Ordem olhasse e tratasse os Arquitectos camarários com mais dignidade e respeito.

Esta é a opinião e o sentir do “Arquitecto da CML”..."

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